O Citroën C4 Cactus quer ser outro automóvel, já no primeiro trimestre de 2018. Para a mesma base e aquele estilo inconfundível, outra imagem. Em vez do carro que namorava a ideia de um certo compromisso com o SUV, agora vai posicionar-se como uma berlina no coração da gama da marca. Uma aposta curiosa, assente em aspetos que buscam promover valores tradicionais da Citroën, com relevo para o conforto.
A transformação implica, mesmo que não pareça, 80 por cento de alterações nos componentes da carroçaria. Mudou a frente, é claro, apurando a filosofia lançada com o C3, capô mais alto e mais curto, alinhado com a cintura, a dar a ideia de um Cactus mais robusto e com pisar mais decidido; a contribuir ainda para a existência de uma grande superficíe vidrada, que até parece ter 360 graus, devido ao efeito de tejadilho flutuante.

A mesma base para um Citroën que se reposiciona no mercado e assume a competição entre as berlinas do segmento C

Entradas de ar junto aos faróis de nevoeiro, ópticas trabalhadas mantendo os dois níveis na iluminação que dão força ao chevron do emblema que “encaixa” nos LED diurnos fazem toda a diferença. Interessante.

Desapareceram os “airbumps”, limitados agora a uma proteção inferior na continuidade do rebordo, vinco negro na base da carroçaria, originalidade para uma berlina que habitualmente dispensa estes apêndices. Confirma-se que nem todos gostavam…

O novo Cactus é um exemplo de cosmética apurada, assim a modos de um tratamento com botox, bem aplicado e que resulta noutra imagem. Afinal, o objetivo

Desapareceu ainda a larga tira negra que percorria o portão traseiro e as barras no tejadilho, mais discretas, passam a ser opção e parecem deixar de fazer sentido. A procura de sobriedade própria de berlina.

O trabalho de imagem passa igualmente pelas luzes traseiras com LED tridimensionais, “espelho” da solução dianteira que visa dar mais largura ao carro, equilibrado das proporções: 4,17 metros de comprimento; 1,71 de largura; 1,48 de altura; 2,60 de distância entre eixos.

Em síntese, o novo Cactus é um exemplo de cosmética apurada, assim a modos de um tratamento com botox bem aplicado e que resulta mesmo noutra imagem. Afinal, o objetivo. Resta saber se o resultado junto do público será o mesmo do carro que ia a meio da vida com sucesso razoável (era o quarto mais vendido no segmento que vai abandonar).

Materiais melhorados

No interior, a mesma modernidade na instrumentação totalmente digital (complementada com o ecrã tátil de 7 polegadas), o mesmo compromisso com a originalidade do tablier, marcado pelo porta luvas a lembrar a mala de viagem, ideia outra vez transportada para  as alças nos puxadores das portas. O que mudou foram os materiais, há outra qualidade, plástico é certo, mas mais agradável ao toque, sem dúvida uma valorização do ambiente que oferece cinco escolhas diferenciadas para combinar com as 31 possíveis a partir das nove cores da carroçaria, num quadro agradável de personalização.

Acabaram, também, alguns pormenores menos felizes. Desde logo a teoria da banco sofá à frente, que não deve ter passado de ideia peregrina de recuperação de um conceito já sem sentido. Mais importante, a introdução, exigível, do banco traseiro rebatível assimetricamente (1/3-2/3), que permite gerir de outra forma a bagageira que vai dos 358 aos 1170 litros de capacidade. Eram pormenores sem sentido. Como fica provado!

O conforto, elemento tão caro à indústria automóvel francesa e à Citroën em particular, promete no Cactus. Pelo trabalho feito ao nível dos bancos (tecnologia batizada Advance Confort) conjugando espumas de diferente densidade e que permitem até desenvolver uma solução estética de curioso almofadado no forro, o qual, numa primeira experiência, se revelou agradável à vista e efetivo no plano prático. Como nem tudo são rosas, a acessibilidade traseira e a distância ao tejadilho não favorecem os passageiros mais altos. E os vidros traseiros continuam a abrir apenas em compasso.

Neste campo, porém, a novidade maior é a suspensão hidráulica progressiva, adoção de um sistema inédito de amortecedores com dois batentes e que a marca poderá alargar na gama. Vai ser preciso experimentar para confirmar as melhorias que a Citroën, com tanta tradição neste campo, promete e as explicações dadas parecem tornar evidente.

No que respeita à eletrónica, 12 sistemas de ajuda à condução (nada de novo) outras três nesse mundo sempre mais importante da conectividade (também sem grandes novidades).

As motorizações serão sete, já no primeiro trimestre de 2018, com base no três cilindros a gasolina 1.2 PureTech – 110/130 CV com caixa manual de seis velocidades e a opção automática no menos potente; para entrada de gama haverá uma motorização de 82 CV. A oferta diesel contempla o BlueHDI de 100 cv com e sem start/stop e no outono de 2108 uma versão de 120 cv com caixa automática.
Ainda é cedo para se falar de preços.

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