Aí está o Diesel três-em-um concretizado numa receita interessante: económico, despachado q.b.,comportamento exemplar! Este Honda Civic 1.6 i-DTEC, caixa automática de 9 velocidades em estreia, ainda generoso no espaço é uma proposta muita séria, mesmo que o estilo não seja para todos. O preço, concorrencial e ajustado a um nível de equipamento sempre rico, vai dos 27 300 aos 35 130 euros.

O Civic já me tinha impressionado nas versões a gasolina, no mais recente Diesel, 120 cv e 300 Nm de binário máximo, motor repensado e melhorado, funcionamento suave e silencioso, continua a convencer e a revelar-se proposta acertada, produto conseguido e, no caso, com a novidade da transmissão automática e logo numa solução de nove velocidades.

Muito equilibrado em termos globais, aquilo que mais nos marca ao conduzir o Civic 1.6 i-DTEC é o comportamento, a eficácia do chassis, o acerto do compromisso de suspensão que alia ao comportamento assertivo em curva um nível de conforto a dispensar críticas, mesmo utilizando a regulação mais desportiva, ao dispor numa tecla na consola.

Proposta muito interessante este Honda Civic 1.6 I-DTEc 9AT, Diesel que garante compromisso equilibrado entre a economia e as prestações. A caixa automática de nove velocidades contribui para aumentar o prazer de condução de um automóvel que junta ao conforto grande eficácia em curva

Curva como poucos este Honda, direção direta, frente “respeitadora” das ordens e bem comportada, um mimo de chassis que até convida a procurar o balanceamento da carroçaria nas zonas mais sinuosas onde o Civic revela desenvoltura… Nestas situações, experimenta-se elevado nível de confiança e reforçado pelo facto de, mesmo que lhe exijamos mais, ser difícil notar um “queixume”, sentir a entrada em ação do controlo de estabilidade. Muito bom!

Tudo isto, num automóvel a gasóleo, pode não ser o mais importante. Afinal, a opção está sempre relacionada com a economia de combustível e, para muitos, também com a maior disponibilidade de binário e a diferente agradabilidade de condução associada a estas motorizações.

Interessante caixa automática

E, deste ponto de vista, acresce nesta proposta a caixa automática de nove velocidades que gere muito bem a capacidade do motor e torna a condução ainda mais agradável sem perda de eficácia. A partir de uma transmissão CVT associada a um conversor de binário, os técnicos da Honda conseguiram uma solução capaz de mitigar a sensação de arrasto própria destas caixas e que reputo das propostas mais interessantes. Só em cidade ou nas filas de trânsito se pode perceber que na base da caixa está uma transmissão de variação contínua. Bem feito!

Verdade que este Civic perde na aceleração face à versão de caixa manual (uns vulgares 11 segundos contra 9,8 de 0 a 100), também não é explosivo nas recuperações mesmo que “redondinho” a subir de rotações; verdade ainda que os consumos saem ligeiramente penalizados (média anunciadas de 4,1 e 3,5 respetivamente) e mostram-se, naturalmente, sensíveis às subidas de ritmo. At´r as emissôes de CO2 sobem. Mesmo assim, valorizo a solução que, do ponto de vista prático, permite, em função da velocidade e da aceleração, descer, por exemplo, diretamente de nona para quinta ou de sétima para quarta, além de trocar uma ou duas velocidades – e tudo isto com grande suavidade.

A caixa, que conta com patilhas no volante (não deve esperar-se muita rapidez), tem um comando original: em vez de seletor, botões na consola, sistema que não é novo na Honda, ao qual naturalmente nos habituaremos, ainda assim, uma “graça” menos prática, para mim. Não falta o modo Sport, com as alterações habituais na resposta, acionado quando carregamos duas vezes na tecla D.

Em termos de consumo, o melhor que consegui foram 4,6 litros aos 100, mas com quatro pessoas a bordo, na estrada e no mesmo percurso, a ritmo de passeio, andou entre os 5,6 e os 6,8 – mais depressinha; a média geral indicada pelo computador de bordo para 700 quilómetros, com vários condutores, ritmos diversos e seguramente muitas experiências, era de 7,4.

Qualidade em bom nível

No mais, é o Civic conhecido, com a sua estética controversa em 4,51 m de comprimento, 1,79 de largura e 1,43 de altura. Como já aqui escrevi, as linhas vincadas, formas acutilantes fazem dele um carro que não passa despercebido. As grandes (e falsas) entradas de ar dianteiras, replicadas na traseira, podem acentuar o caráter desportivo, ser até elemento distintivo, mas estarão longe de contribuir para uma a imagem consensual, mesmo para quem goste de um estilo agressivo e modernaço. A cor pode ser determinante.

No interior, menos futurista, a consola elevada (com dois níveis) e prolongada pelo braço de apoio, desdobra-se num cockpit duplo, com posto de condução envolvente, desportivo e irrepreensível do ponto de vista ergonómico. Instrumentação digitalizada a cores, volante multifunções de dimensão certa e boa pega, seletor de velocidades menos prático e a contrastar com os comandos fáceis e intuitivos, até na lógica do ecrã central tátil, encastrado sobre a consola, criam ambiente simpático.

A qualidade está em bom nível, mas perante tanto cuidado nos materiais e no acabamento surpreende que os plásticos, ainda que dúcteis, sejam pouco almofadados nalgumas áreas do tablier.

Em termos de espaço, habitabilidade razoável para quatro passageiros, menos altura atrás em função da forma da carroçaria. Não penaliza muito o acesso, mas pode ser menos agradável para passageiros de maior estatura. Quem se sentar ao meio atrás, defronta-se com as limitações comuns: túnel alto, intrusão da consola, dureza do recosto que serve de apoio de braços.

A bagageira, larga e que parece baixa, está entre as melhores do segmento com os seus 478 litros de capacidade. Os bancos rebatem na proporção 60×40 e são acionados apenas por teclas nos “ombros”, elevando a capacidade de carga para 1209 litros.

Fartura no equipamento

Guiei uma versão Executive Premium, o topo de gama, pormenor que sempre ajuda. Praticamente nada falta e registe-se: travão de mão elétrico, travagem e paragem de emergência, reconhecimento de sinais, sensores de luz, chuva e estacionamento com câmara traseira, faróis automáticos em LED, incluindo as luzes diurnas, suspensão adaptável, cruise-control inteligente, sistema inteligente de acesso e arranque sem chave, ecrã tátil de 7 polegadas, navegação, volante multifunções em pele, bancos em pele aquecidos à frente e atrás, ar condicionado bizona, detetor de ângulo morto, sistema de manutenção na faixa de rodagem, jantes de 17 polegadas em liga leve.

Proposta muito interessante este Honda Civic 1.6 i-DTEC 9AT, Diesel que garante compromisso equilibrado entre a economia e as prestações. A caixa automática de nove velocidades contribui para aumentar o prazer de condução de um automóvel que junta ao conforto grande eficácia em curva.

A continuada aposta no Diesel de uma marca que nesta gama, toda ela fabricada na Europa (Inglaterra e Turquia) apresenta ainda duas interessantes propostas a gasolina: 1.5 i-VTEC e 1.0 i-VTEC.

A curiosa imagem do Civic na ótica da Honda

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FICHA TÉCNICA

Honda Civic 16 i-DTEC 9AT*

Motor: 1597 cc, turbodiesel, injeção direta, intercooler, start/stop

Potência: 120 cv/4000 rpm

Binário máximo: 300 Nm/2000 rpm

Transmissão: caixa automática de nove velocidades

Aceleração 0-100: 11 segundos

Velocidade máxima: 200 km/h

Consumo: média NEDC – 4,1 litros/100 km; estrada – 3,8; urbano – 4,7

Emissões de CO2: 109 g/km

Bagageira: 478/1209 litros

Preço: 35 130 euros; desde 27 300 euros

*Candidato ao Essilor Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal (Categoria Familiar do Ano)