A Ford atualizou o Ecosport, o mais pequeno dos seus SUV, modelo com carreira discreta no mercado nacional. A imagem saiu beneficiada, mas a grande alteração foi operada no interior, muito inspirado no Fiesta e com um nível de qualidade assinalável. Uma caixa automática de seis velocidades para o EcoBoost de 125 cv, um novo diesel 1.5 EcoBlue com a mesma potência e afinações ao nível da suspensão, direção e ajudas eletrónicas, as quais melhoram o comportamento, acompanham o relançamento de um carro que, em Fevereiro, chegará à oferta da Ford em Portugal. O preço, admite-se, não será muito diferente.

O renovado Ecosport, chega em Fevereiro e a grande aposta da Ford será nos motores tricilíndricos da família Ecoboost

O tratamento da imagem seguiu as regras habituais nestas “cirurgias” e, no caso, identifica mais o rosto do Ecosport com os maiores da família, Kuga e Edge. Grelha trapezoidal maior, faróis redesenhados, integrando os LED diurnos, e curiosa incorporação das luzes de nevoeiro conferem modernidade, reforçam o estilo aventureiro que se espera de um SUV. Uma bossa no capô ajuda a compor tudo isto. Mantém-se o perfil e a traseira ficou mais limpa com um retoque nos pára-choques e grupos óticos redesenhados. O portão, que já tinha perdido a roda sobressalente exterior, continua a ser de abertura lateral.
Por dentro é a revolução que levou a um ambiente bem simpático e conseguido também do ponto de vista prático. Instrumentação atrativa, um ecrã tátil de oito polegadas assente sobre o tablier (a Ford chama-lhe flutuante), nova consola e, não obstante o domínio do plástico, qualidade percebida acima da média, seja pela convincente montagem ou pela combinação de materiais agradáveis ao toque, na parte superior do tablier, com vários plásticos que integram até os perfis brilhantes. Curioso como uma estrutura escura consegue não ser fria. Bem feito!

 O Ecosport continua a manter aquele “handling” muito especial da Ford. Para um rolamento suave, bom compromisso entre o conforto e a eficácia da suspensão

Esta ideia de qualidade estende-se aos forros das portas e, naturalmente, aos bancos, que juntam o conforto a uma imagem desportiva. É um daqueles habitáculos em que nos sentimos bem.
Em matéria de espaço, é a oferta q.b. marcada, no fundo, pelas limitações dos veículos deste segmento, que umas marcas resolvem melhor do que outras. No caso do Ecosport, poderá falar-se de questões de largura, à frente, ao nível dos cotovelos; no banco traseiro, não é preciso encolher as pernas, mas a oferta não passa da mediania. Registe-se que é boa a posição de condução, o volante dispensa críticas, mas a frente do carro não se vê (há mais assim). Questão de hábito, claro, mas pode fazer confusão a alguns.
A bagageira fica aquém das expectativas, com os seus 334 litros de capacidade e o sistema de abertura lateral do portão está longe de ser a solução mais prática. Notas positivas para a altura do plano de carga a não exigir grande esforço se for preciso colocar na mala alguma coisa mais pesada – e a estrutura do fundo em ninho de abelha suporta 300 kg – e para o facto de o piso ter passado a ser ajustável em altura.
Do ponto de vista dinâmico, o Ecosport continua a manter aquele “handling” muito especial da Ford. Para um rolamento suave, bom compromisso entre o conforto e a eficácia da suspensão. Curva bem, acusa, naturalmente, a altura da carroçaria, mas nunca de forma exagerada ou através de resposta bamboleante. Direção mais direta, controlo de estabilidade menos intrusivo, convence o trabalho de continuada melhoria na adaptação deste SUV ao gosto europeu – trabalho que esteve a cargo de um engenheiro brasileiro. É um automóvel agradável de guiar.
E eu, para começar, guiei o premiadíssimo EcoBoost, na versão de 125 cv com caixa automática (conversor de binário) de seis velocidades e patilhas no volante. O casamento resulta e merece atenção, sobretudo, porque a opção, promete a Ford, nem será muito dispendiosa. Assim motorizado, o Ecosport mexe-se bem, é mesmo muito rápido a responder ao acelerador. Menos convincentes, foram os resultados de consumo: 8,7 litros aos 100 (a marca anuncia 5,8), em andamento descansado, velocidade de passeio, meia dúzia de ultrapassagens a exigir mais da caixa e do motor. Quem guiou com caixa manual, disse ter apurado resultados inferiores em cerca de meio litro. De todo o modo, mais um três cilindros que não prima pela economia.
O diesel 1.5 EcoBlue, no caso num Ecosport de tração integral (All Wheel Drive), deu muito boa conta do recado e os 300 Nm de binário contribuem para tornar a condução também ela agradável. Bem insonorizado, beneficia de um sistema automático que permite distribuir o binário pelas rodas até uma repartição de 50/50. Gastou 6,9 litros aos 100 (o consumo anunciado é de 4,1).
Este Ecosport, resultado do “check-up” que levou a algumas afinações e de uma visita à esteticista, chegará em Fevereiro. Os motores a gasolina serão os EcoBoost de 125 e 140 cv, ambos com caixa de seis velocidades e o primeiro com a opção automática. Os diesel serão o Duratorq de 100 cv e o novo EcoBlue de 125 cv, também com caixa manual de seis velocidades. Todas as motorizações contam com Auto-Start-Stop. Os níveis de equipamento repartem-se por três ofertas: Business, Titaniun e ST-Line. Quanto a preços, ainda por definir, serão anunciados brevemente, e devem registar ligeiro acréscimo relativamente aos do modelo em comercialização.

Resta dizer que o Ecosport é mais uma das “vítimas” da nossa política de portagens. Terá cerca de meio centímetro a mais na altura, o problema vais ser resolvido, em princípio facilmente, com uma ligeira mexida na suspensão e será Classe 1 logo no lançamento. Desta vez, o curioso é que a solução portuguesa poderá ser alargada: diminui a distância entre o pneu e o rebordo da carroçaria tornando, ao que dizem, o carro mais elegante.

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