A sinalização vertical, ao contrário do que é exigível, não contempla a exceção dos feriados

Sabia que o estacionamento é gratuito aos feriados nos espaços da EMEL em Lisboa?
Era o que eu julgava e, para que não restassem dúvidas sobre a minha ideia, confirmei através de telefonema para os serviços de informações desta empresa. Mas a verdade é que muito boa gente não sabe e paga, porque os parquímetros, ao contrário do que sucede ao fim de semana, aceitam as moedinhas para o dia em questão!
Foi o que aconteceu, no dia 5 de Outubro, por exemplo, nos espaços de estacionamento  fronteiros ao Palácio da Justiça, incluindo o grande parque diário. Neste, não eram muitos os veículos estacionados, mas a maioria ostentava, sobre o tablier, o bilhete de 3 euros que valida o estacionamento até às 19 horas.  No outro, viam-se os bilhetes com o limite horário contratado. Na dúvida, se ela existia, paga-se…
Criar um software específico para os feriados, que não aceite o pagamento e o transfira para o primeiro dia seguinte pago, como acontece aos fins-de-semana, pode, aos olhos de um leigo na matéria, ser tarefa para dar um trabalhão, mas os meus amigos informáticos, habituados a resolver problemas, sorriem perante a dúvida e dizem-me que há montes de programas para resolver a questão, cobrindo até os feriados móveis. Acontecerá, por certo, o mesmo, com os engenheiros informáticos da empresa que gere o estacionamento na capital.
Eventualmente, ninguém na EMEL deu pelo erro que se traduz em mais uma das várias  situações de desrespeito pelo automobilista pagante. Mas se este esquecimento custa a entender, pior ainda é o facto de a sinalização vertical omitir qualquer referência aos feriados. Ora, se houve a justa prontidão em deixar claro, nas recentes zonas vermelhas, que o estacionamento é pago até às 23 horas e aos sábados de manhã, qual o motivo pelo qual não se acrescentou aos sinais uma placa referindo: estacionamento gratuito aos feriados; ou pago de segunda a sexta-feira, exceto feriados. Era o mínimo exigível? Não?

Parece que o detentor de direitos é o automóvel E não o residente nas zonas cobertas pela EMEL, quase toda a Lisboa

Salvaguardando a declaração de interesse de lisboeta utente da EMEL, vamos a outra questão. A empresa, que até já disponibiliza uma prática aplicação, permitindo pagar o estacionamento de diversos automóveis, gerir o tempo de parqueamento e até poupar dinheiro se não utilizarmos todo o período pré-pago, não encontra forma de substituir o selo no para-brisas por um sistema que permita ao cidadão estacionar outro automóvel que não aquele que tem registado? Aquilo que se passa é que, por exemplo, quem sofre um acidente e fica sujeito a utilizar um automóvel de substituição vê-se obrigado a pagar um serviço que já pagou, para parquear o carro ao seu serviço no “seu” lugar de estacionamento!
Há outras exceções que não interessam ao caso porque podem abranger poucos utentes, mas, porque não, por exemplo, alargar as capacidades da aplicação ou disponibilizar um dispositivo como o da Via Verde ou similar? Os fiscais já dispõem de instrumentos de leitura de matrículas, desde a introdução da app, não deve ser impossível alargá-lo de modo a que quantos podem ter de utilizar mais de um automóvel, tal como na Via Verde, salvaguardassem a situação comunicando, atempadamente, a mudança de matrícula.
Foi-me dito, em tempos, que havia preocupação com a possibilidade de se generalizarem as fraudes. Não vejo como elas seriam possíveis replicando um sistema testado como a Via Verde, que até já funciona em muitos parques de estacionamento. Obviamente, a opção seria facultativa e até podia ser mais cara do que o selo, como acontece com e regularização do segundo carro. Haveria muito lisboeta a agradecer, pois parece que o detentor de direitos na cidade é o automóvel… e não o residente nas zonas cobertas pela EMEL, quase toda a Lisboa!