É um Golf que procurar combinar e seduzir através do melhor de dois mundos. Híbrido e Plug-in, para poupar. A sigla GTE a levar as coisas para um domínio bem diferente, como deixa perceber a potência de 204 cv. Gostei. Há boas respostas para as duas opções,e algumas singularidades. Difícil será escolher… O preço tem o selo da marca: no mínimo, 42 144 euros.

O Golf GTE combina o 1.4 TSI de 150 cv com um motor elétrico de 102 cv, os quais podem trabalhar em conjunto ou isoladamente. E depois acrescenta ao conjunto aquilo que a VW chama uma estratégia híbrida proativa, e o mesmo é dizer que o sistema GPS intervém para otimizar o rendimento em relação ao percurso. Entre as suas capacidades figura o reconhecimento da entrada nas cidades e a passagem ao modo elétrico – se houver carga na bateria, claro. Antecipa igualmente, descidas, subidas e autoestradas, desde que o percurso esteja definido.

Ao cabo de 134 km em que houve de tudo, estrada secundária, autoestrada e até um pouco de cidade, a média era de 4,7 l/100 e, segundo o computador de bordo, tinha conseguido, com duas pessoas a bordo, 69 quilómetros com emissões zero (52% do percurso)…

Confesso que não me apercebi da eficiência desta singularidade, mas sei que parti para a estrada em modo elétrico e, sem preocupações de bater recordes e antes passear como cidadão normal, fiz 34 quilómetros à custa da energia de uma bateria carregada. A VW promete 48/50 nas balizas do ciclo NEDC. Será possível, acho eu, devagar e com um ovo sob o acelerador.

De todo o modo, ao cabo de 134 quilómetros em que houve de tudo, estrada secundária, autoestrada e até um pouco de cidade, a média era de 4,7 l/100 e, segundo o computador de bordo, tinha conseguido, com duas pessoas a bordo, 69 quilómetros com emissões zero (52% do percurso)…

A garagem… quase obrigatória

O resultado é interessante. E sê-lo-ia mais ainda se, como se impõe a quem compra um PHEV, eu tivesse podido recarregar a bateria – operação que em casa se faz em cerca de três horas e 45 minutos, numa tomada de 230 V/10 A ou em duas horas e um quarto (16 A) -, e, no dia seguinte, repetisse o exercício. Não o consegui (não é fácil para os lisboetas sem garagem…), mas, ainda assim, enquanto híbrido vulgar, o Golf GTE fez-se a um passeio domingueiro e a média de consumo subiu para 6,2l/100. Ainda razoável, depois de ter suportado filas, ser “obrigado” a algumas ultrapassagens e acabado o percurso com o cruise-control inteligente nos 120 km/h regulamentares.

Convém esclarecer que este Golf GTE reúne ainda outras particularidades. Como todos os outros, arranca sempre em modo elétrico, mas é possível manter constante o nível de carga da bateria e mesmo carregá-la em andamento, claro que com custos (há modos específicos para isto).

A condução é sempre muito agradável, o binário confere muita naturalidade aos pedidos feitos ao acelerador e a transmissão automática DSG (única disponível!), no caso ainda a versão de seis velocidades e com patilhas no volante, cumpre o seu papel e assegura outra comodidade a quem está ao volante.

A expressão da diferença tem a ver com a existência, além da tecla do E-mode, de uma outra que aciona o modo GTE e garante o máximo dinamismo permitido pela combinação dos dois motores. Ora, como está bem de ver, o GTE transfigura-se e os números dos consumos disparam. Não há surpresas do ponto de vista dinâmico, são reconhecidas as qualidades do Golf, um automóvel muito bem “educado”, que acata as ordens da direção sem dificuldade e deixa, com facilidade colocar e manter a frente no sítio certo. As coisas podem ser feitas depressa e bem e sempre com um nível de confiança grande, apesar de ESP controlo de tração “mostrarem” que estão lá para trabalhar, sobretudo em zonas de muitos encadeados de curvas e mais ainda se o piso estiver molhado. De qualquer modo, o peso (cerca de 260 quilos mais) reflete-se no comportamento e as jantes de 18 polegadas não potenciam o conforto, como é natural num automóvel ao qual até foi dado “tratamento” desportivo.

Há outros três modos de condução: Battery Hold, Battery Charge e Hybrid Auto.

Quase igual e menos mala

Falei num Golf igual aos outros, mas é mais correto dizer, quase igual, porque a imagem também sofre alterações. A dianteira reconhece-se por uma série de pormenores, como um perfil cromado na grelha em favos de abelha que se une aos faróis, uma série de faixas azuis (ligação à mobilidade elétrica) e, sobretudo o formato em “C” dos LED da iluminação diurna, típica das novas tecnologias de mobilidade na VW. Atrás, nota-se a dupla saída de escapes, à esquerda, e os grupos óticos são marcadas por grafismos dinâmicos, que permitem identificar o GTE pela assinatura luminosa.

A habitabilidade é o que sabe. Há que contar, atrás, com um túnel de grandes dimensões que rouba espaço a um quinto passageiro. Aliás, estão “marcados” os dois lugares com forro de tecido de xadrez próprio… A mala é bastante penalizada pela arquitectura PHEV e fica reduzida a 272 litros (380 nos modelos com motor de combustão).

Em termos de equipamento, destaque para o painel de instrumentos digital (active info display, custa 466 eurios), e para o ecrã de de 9,2 polegadas com controlo gestual e vocal, muita informação e mais serviços online. Iluminação LED (luz ambiente azul), bancos desportivos, volante multifunções em pele com inserções a imitar o alumínio, tal como o seletor da caixa DSG, jantes em liga de 18 polegadas.

Eram extras: pintura especial (153 euros), câmara traseira (217 euros), Active Info Display (466 euros), acesso sem chave (355 euros) vidros escurecidos (287 euros).

Há uma série de serviços incluídos: Security & Service Plus (três anos); Security &Service Basic e Emergency Service (10 anos).

Adepto dos PHEV, faço uma leitura simples desta proposta: comprar o Golf GTE constitui uma forma de ser politicamente correto. É um automóvel para quem pretende poupar no combustível e defender o ambiente. Ao mesmo tempo, um GT bem interessante que terá pouco a ver com o mais! Forma especial de entender o híbrido… E não está isolada a VW.

FICHA TÉCNICA

Volkswagen Golf GTE

Motor: 1498 cc, turbo, gasolina, start/stop

Potência: 150 cv

Binário máximo: não divulgado

Motor elétrico: 102 cv

Bateria: lítio (8,7 kWh)

Potência combinada: 204 cv

Transmissão: automática, dupla embraiagem, seis velocidades

Aceleração 0-100: 7,6 segundos

Velocidade máxima: 217 km/h; 130 km/h em modo elétrico

Autonomia elétrica: 48/50 km

Consumos: média – 1,6/1,8 litros/100 (11,4/12 kWh/100)

Emissões de CO2: 36/40 gm/km

Mala: 272 litros

Preço: 43 662 euros (versão ensaiada); desde 42 144 euros

A Volkswagen promove assim o Golf GTE

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