É preciso guiar a carrinha Kia Ceed para perceber a razão de vermos tantas a circular. Ao volante da versão Diesel 1.6 de 136 cv e caixa automática fiquei com a certeza de que não é só o preço e a garantia de sete anos que justificam o êxito do modelo.

Um produto equilibrado, eis a forma simples de analisar a carrinha da Kia para o segmento C e um dos modelos mais bem sucedidos da marca sul-coreana.

Vistosa, muito beneficiada com as alterações estéticas que deram mais presença à nova geração, a Ceed SW entra no lote dos automóveis consensuais pelo estilo e confirma o bom momento da estética, antes muito datada, na marca do gigante sul-coreano.

Bem arquitetada, formas fluidas, elegante, sóbria sem deixar de ser moderna, esta é uma daquelas carrinhas de que parece fácil gostar. Frente personalizada, perfil marcante, traseira bem esculpida e proporções equilibradas.

E quando se acede ao habitáculo, a parada sobe, pelo menos, ao mesmo nível. Tablier de design impressivo, bem arrumado como a consola, instrumentação interessante inclusivamente no grafismo, imagem afirmativa. O ecrã central tátil de 8 polegadas, tipo tablet, domina o ambiente. Sentimo-nos bem, até porque a qualidade percebida é evidente, salta olhos dentro, com a pele sintética de pesponto forjado mas de efeito interessante e as superfícies almofadadas de um plástico dúctil que perde a frieza tão comum a este nível da oferta.

Carrinha muito conseguida esta Kia Ceed SW 1.6 CRDI, cómoda e eficiente na dinâmica, despachada q.b. para os seus 136 cv e com uma caixa automática que torna a condução ainda mais agradável. Grande mala e habitabilidade vulgar na traseira. Outro salto qualitativo na marca sul-coreana. Preços continuam concorrenciais

Piano black, algum cromado plástico acetinado na consola, materiais agradáveis e uma construção cuidada formam um conjunto de bom gosto que, há uns anos, seriam uma surpresa e mais ainda num automóvel sul-coreano.

Espaço privilegia a bagageira

A habitabilidade é razoável, mas a este nível seria de pedir mais, sobretudo no banco traseiro, onde vamos encontrar motivo para crítica: o espaço para as pernas é pouco, acanhado, com os bancos dianteiros regulados para pessoas e estatura média e um condutor que não se “pendure” no volante. Uma pena! Ao centro, as limitações do costume, mais pela dureza do recosto que faz de apoio de braços do que pela altura do túnel ou pela intrusão da consola.

Já a bagageira, tanto pela amplitude da abertura como pelo alinhamento do baixo plano de carga com a moldura do portão, convence. E marca ainda pontos pelo espaço sob o fundo, “arrumado” em cinco compartimentos de abertura separada. Bem engendrado e dá jeito, apesar de não haver roda sobresselente. São 625 litros de capacidade, valor referencial no segmento. O bancos rebatem 40×60,não permitem um fundo plano, mas são acionados também por práticas alavancas nas paredes da bagageira, o que não é muito vulgar a este nível; nesta configuração, a capacidade de carga sobe para 1694 litros.  A cobertura é do tipo persiana.

Cómoda e “bem comportada”

Guiei a versão TX, no caso com a transmissão automática de dupla embraiagem com sete velocidades que garante o mesmo consumo misto e maior rapidez na aceleração 0-100.

Também na condução se sente um salto qualitativo, facto a que não pode ser alheia a nova plataforma (K2). Bem comportada, a carrinha Ceed curva muito bem e é fácil controlar a tendência naturalmente subviradora da tração dianteira. Uma direção direta q.b. e um afinação de suspensões que gere de forma convincente a relação ente a eficácia e o conforto torna a condução muito agradável, tanto mais que a transmissão automática assegura uma suavidade na gestão da relação mais apropriada à qual não pode ficar-se indiferente. Não existem patilhas no volante, mas, em boa verdade, o modo manual nem traz grandes alterações face à eficiência da caixa.

O binário de 320 Nm, disponível às 2000 rpm, é o suficiente para assegurar despacho convincente e, por exemplo, para tornar as ultrapassagens em manobra simples, pois é pronta a resposta ao acelerador, mesmo que este Diesel não seja exatamente do tipo explosivo.

Quanto  a consumos, consegui 6,1 no percurso dito suburbano e 5,5 em estrada e auto-estrada com quatro pessoas a bordo. A média geral para 255 quilómetros ficou-se em 6 litros redondos, valor que considero aceitável para os ritmos praticados e os fluxos de tráfego.

Topo de gama com muito equipamento

Esta versão TX é o topo de gama da oferta e contempla um nível de equipamento muito completo. A saber: caixa automática de sete velocidades, chave inteligente com botão e arranque, ar condicionado automático bizona com distribuição traseira, bancos em tecido e pele, volante multifunções, cruise control, luzes diurnas em LED, máximos automáticos, faróis de nevoeiro ice-cube, pedais em alumínio, sensores de luz e chuva, travão de mão elétrico, navegação, bluetooth, carregador e ligações USB e AUX, câmara traseira com auxílio ao estacionamento, vidros escurecidos e jantes em liga de 17 polegadas. Além disto, bancos dianteiros com apoio lombar, alerta de colisão frontal, assistente de manutenção na faixa de rodagem, ajuda ao arranque em subida. As opções são muitas e vale a pena ter em atenção o portão automático, pouco vulgar a este nível.

Carrinha muito conseguida esta Kia Ceed SW 1.6 CRDI, cómoda e eficiente na dinâmica, despachada q.b. para os seus 136 cv e com uma caixa automática que torna a condução ainda mais agradável. Grande mala e habitabilidade vulgar na traseira. Outro salto qualitativo na marca coreana. Preços continuam concorrenciais.

Esta versão topo de gama custa 34 600 euros, mas a oferta Diesel arranca nos 27 580 euros.

A Kia continua a dar sete anos de garantia e a assistência em viagem é válida por três anos sem limitação de quilometragem.

FICHA TÉCNICA

Kia Ceed 1.6 CRDI ISG TX*

Motor: 1598 cc, turbodiesel, injeção direta, intercooler, start/stop

Potência: 136 cv/4000 rpm

Binário máximo: 320 Nm/2000-2250 rpm

Transmissão: caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades

Aceleração 0-100: 9,9 segundos

Velocidade máxima: 200 km/h

Consumo: média – 4,3 litros/100; estrada – 4,1: urbano – 4,6

Emissões CO2: 110 g/km

Bagageira: 625/1694 litros

Preço: 34 600 euros

*Concorrente ao Essilor Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal (Categoria Familiar do Ano)