Faltava qualquer coisa aos Hyundai, situação que, pouco a pouco, tem vindo a ser amenizada. Eu sei que o estilo é uma questão de gosto, mas sobriedade não tem de ser cinzentismo. Ora, é isso que a Hyundai vem combatendo, começou, para mim, com o i40, estendeu-se ao Tucson, e tem agora no i30 mais um passo concreto no sentido da modernidade.

A imagem ajuda sempre, coloca o automóvel naquele patamar do produto que não enjeitaríamos, mas a verdade é que este Hyundai nos fica na memória, antes de mais, pela dinâmica. Foi essa a grande surpresa revelada pelo i30 CRDi 1.6 de 136 cv com caixa automática de sete velocidades: pisar afirmativo, assertividade em curva e sempre com um nível de conforto assinalável a bordo – entenda-se comodidade, e também pela insonorização, pormenor mais sensível nos diesel tão do agrado dos portugueses.

A imagem ajuda, dá sequência a uma continuada melhoria do design na Hyundai, mas o i30 vale mais do que isso

Direção agradável, travagem progressiva e o prazer da transmissão automática, são capacidades a acrescentar ao demais. Verdade que a caixa de dupla embraiagem não é desportiva, mas revela resposta suave e pronta, sobretudo no modo manual, quando se utilizam as patilhas de comando no volante. Eu sei que a filosofia do carro é outra, estamos num familiar, prestações vulgares, sobretudo na aceleração, binário simpático, é certo, não num brinquedo para gozar emoções. Ainda assim, este i30 não se queixa quando convidado a “brincar”, despacha-se honestamente e cumpre com naturalidade. Mas facto é que, sem comprometer, no modo Eco há alguns sobressaltos na caixa e, por vezes, sentem-se bem as passagens, talvez rigor excessivo na análise, já que não falta agradabilidade e, de modo geral, suavidade na condução.

Fica provado com o Hyundai i30 que não é preciso ser uma máquina para se justificar a classificação de automóvel a não enjeitar

Muito diferente, sem surpresa, é a realidade dos consumos. Andámos pela casa dos 6 litros aos 100 em ritmos normais, no percurso suburbano, e os 10 litros (!) quando “convidámos” o i30 para aquilo que não foi concebido, mas aceita sem queixume: ritmo exigente, constantes passagens de caixa em estrada estreita e sinuosa, tipo de percurso em que este sul-coreano revela alguma capacidade e o estádio da indústria na origem…

Falta o resto, que não é pouco. E começa por uma boa posição ao volante de dimensões certas e boa pega, mesmo que o apoio de braços da consola (embirração minha…) colida, por exemplo, com a utilização da alavanca do travão de mão. Ainda por cima, a caixa é fixa.

O ambiente a bordo é marcado pelo negro do tablier e dos revestimentos, apenas quebrado pelas inserções prateadas no terceiro braço do volante, nas molduras das saídas de ar e no contorno  da base  do seletor e dos comandos do ar condicionado, além dos fechos das portas. É claro que pontifica o plástico, mas, no caso, agradável ao toque no tablier e mesmo na consola, rígido e frio apenas nas portas, com bolsas de capacidade satisfatória. A construção dispensa críticas e o estilo vem na linha da mesma continuada modernização da carroçaria. Instrumentação simpática, ecrã tátil tipo tablet de 8 polegadas “erguido” em posição central, na linha de consola que integra os comandos do ar condicionado. Simples e bem resolvido.

Em termos de espaço, uma oferta aceitável, desafogada à frente; dentro das exigências do segmento atrás. Aqui, a vantagem das redes nas costas dos bancos, implica que estas tenham uma cobertura rígida, aspeto menos simpático quando se lhes toca com os joelhos, Acesso e altura do habitáculo cumprem.

A mala é pequena, inclui dois cabides e ilhoses para uma rede; o fundo esconde a roda sobresselente. O plano de carga é elevado.

Tudo isto está “vestido” com a tal roupagem menos cinzenta. Frente muito personalizada, portão traseiro bem resolvido, perfil elegante e as jantes de 17 polegadas a emprestar peso a um carro que assenta muito bem na estrada.

Em termos equipamento um pacote rico, na versão Style+LED que ensaiámos. A saber, entre muito mais: travagem autónoma de emergência; sistema de manutenção na faixa de rodagem; assistência ao arranque em subida; seletor do modo de condução; sensor de luz e máximos automáticos, faróis, óticas traseiras e luzes diurnas em LED, faróis de nevoeiro e iluminação em curva; bancos em tecido e pele com regulação elétrica do apoio lombar à frente, volante multifunções, ecrã tátil de 8 polegadas, cruise-control, ar condicionado automático, navegação, carregador do telemóvel por indução, entradas USB e AUX, duas tomadas de 12 volts, câmara de estacionamento com guias.

Um Hyundai, sempre com cinco anos de garantia, a ver com atenção. Merece! Fica provado com o i30 que não é preciso ser uma máquina para se justificar a classificação de automóvel a não enjeitar.

FICHA TÉCNICA

Hyundai i30 CRDI DCT 136 cv

Motor: 1580 cc, turbodiesel, start/stop

Potência: 136 cv/4 000 rpm

Binário máximo: 300 Nm/1750-2000 rpm

Transmissão: caixa automática de dupla embraiagem, sete velocidades

Aceleração 0-100: 10,6 segundos

Velocidade máxima: 200 km/h

Consumos: média – 4,1 litros/100; estrada – 3,9; urbano – 4,4

Mala: 395/1301 litros

Preço: 32 386 euros*

*(Até ao fim do ano vigora uma campanha que se reflete em descontos de 3 500 ou 4 500 euros, com recurso a produto financeiro da marca)