É um daqueles automóveis para gastar adjetivos. Nem tudo será perfeito, venha o primeiro, mas deixa espantados todos a quem se mostra a sua capacidade. Imagem discreta, o Hyundai i30 N “esconde” uma máquina infernal com os seus 275 cv e um chassis de se lhe tirar o chapéu. Cinco anos de garantia e um preço muito competitivo, fazem com que deva ser visto ainda com mais atenção pelos adeptos dos compactos desportivos.

Depois nas vitórias nos ralis era uma questão de tempo termos um modelo mais musculado na gama de compactos do construtor sul-coreano. E quando se conta com uma equipa em que pontificam o talentoso Peter Schreier no design, e o reputadíssimo Alberlt Biermann, (esse mesmo, dos “M” da BMW, a combinação tem tudo para dar bons resultados.

É isso o Hyundai i30 N, um desportivo bem condimentado e que serve de complemento adequado para um modelo que já dá nas vistas no quotidiano da utilização enquanto veículo familiar.

A mesma imagem discreta – contra o cinzentismo como dissemos sobre o i30 –  foi apenas ligeiramente retocada. Grelha preta com “malha” diferente, alguns frisos vermelhos, a cor das maxilas dos travões que sobressaem nas imponentes jantes de 19 polegadas, calçadas com pneus de baixo perfil (Michelin e Pireli produziram especialmente para este carro), vias mais largas, escapes duplos integrados na carroçaria, pequeno spoiler no tejadilho com original luz de travagem triangular, a referência N, na grelha e na porta da mala, pequenas saias personalizadas e é tudo, num modelo que baixa 8 mm em relação à versão normal, na opção Performance, aquele que guiámos.

Talvez um pouco mais…

No interior, o decalque é enriquecido pelos bancos desportivos e um vistoso volante multifunções, pega e dimensões adequadas, e com o toque da diferença na integração de duas teclas, em cinzento contrastante, para os comandos dos cinco modos de condução disponíveis; pedaleira em alumínio. O nível do produto, pediria um pouco mais, não na qualidade, sempre em bom plano, como a montagem, mas na escolha dos materiais. Percebe-se o motivo: seria outro, com certeza, o preço – e, afinal, a concorrência também aposta no plástico.

Em modo N, o “banquete” é completo. Ele é a “música” do motor trabalhada com uma válvula de escape, o efeito de dupla a cada passagem de caixa, os rateres, tudo para nos envolver numa condução de gozo, a modos de convite à pilotagem

Adiante, porque o que interessa é o que tudo isto “embrulha”: um motor de 2.0 litros com sincronizador de rotações muito bem trabalhado, gerido por uma caixa manual de seis velocidades, escalonamento adequado à função num automóvel que, assume a Hyundai, privilegia mais a resposta do que a capacidade. Da técnica à prática vai uma verdadeira festa, digo eu. A aceleração é vigorosa, mesmo que mais comedida depois das 5000 rpm, as recuperações convencem, o chassis é um mimo e o “cocktail”, em termos simples, é um enebriante crescendo de adrenalina.

Explico que estou a pensar na experiência no modo N, topo de uma escolha que passa pelas opções Eco, Normal e Sport (selecionadas através da tecla da esquerda no volante), e ainda o tal N e a opção personalizável, a qual permite quatro dezenas de afinações…. Tudo isto “corre” no tablet de oito polegadas a meio do tablier, também ele habilitado para responder à função desportiva deste Hyundai. E há mais no computador do painel de instrumentos – analógico.

Tudo muito depressa

Continuando em modo N, o “banquete” é completo. Ele é a “música” do motor trabalhada com uma válvula de escape, o efeito de dupla a cada passagem de caixa, os rateres, tudo para nos envolver numa condução de gozo, a modos de convite à pilotagem, sobretudo quando se olha para o velocímetro e percebemos a facilidade com que tudo passa para muito, mesmo muito depressa!

É aqui que descobrimos um chassis muito equilibrado num automóvel que não dispensa um diferencial autoblocante eletrónico.  Curva bem, até se deixa deslizar às quatro rodas, de forma controlada, mas com uma frente, apesar de tudo, bem comportada. A travagem ajuda, a direção não compromete, só há que ter em atenção os limites da física. É que o i30N tem propensão para os desafiar e como a eletrónica pode ser cortada, haja coragem…

Os modos de condução gerem desde o ESP ao amortecimento, passando pela resposta e sincronização do motor, amortecimento direção e escape. O Modo N é, sobretudo, mostra de capacidades, também penalizador em matéria de conforto; o i30 N satisfaz perfeitamente em modo Normal e, claro, a personalização constitui sempre opção a ver como a cereja no topo do bolo.

Falar de consumos num automóvel destes é sempre ingrato. Quem faz opção assim não deve estar muito preocupado com economia. De todo o modo, registe-se que este continua a não ser aspeto referencial na Hyundai.

Resta dizer que, em termos de espaço, a proposta pauta-se pela honestidade e os 395 litros da mala até batem a concorrência.

Para concluir: um desportivo compacto bem apresentado, que garante nível de condução elevado, promete  diversão, nunca será económico, tem bom preço e o atrativo dos cinco anos de garantia. Não é para todos… mas serve na perfeição quem aprecia um automóvel desportivo.

FICHA TÉCNICA

Hyundai i30 N 275 cv

Motor: 1998 cc, turbocompressor, gasolina

Potência: 275 cv/6000 rpm

Binário: 353/378 Nm/ 1450-4700 rpm

Transmissão: caixa manual de seis velocidades

Aceleração 0-100: 6,1 segundos

Velocidade máxima: 250 km/h

Consumos: média – 7.1 litros/100; estrada – 5,7; urbano – 9,7

Emissões CO2: 163 g/km

Mala: 395 litros

Preço: 42 620 euros