O Stinger é a mais audaciosa das propostas na história da Kia. A ideia de lançar um Grande Turismo, entrar num segmento que é feudo dos emblemas premium, parece jogada contra-corrente, mas a verdade é que estas apostas se fazem de números e o mercado vai muito além das vendas na Europa.

Este é um carro com três motorizações turbo, que além das “europeias” 2.0 (255 cv) gasolina e 2.2 (200 cv) diesel  conta com um ”global” V6 3.3 a gasolina (370 cv) com tração integral, verdadeira expressão da capacidade do construtor.

Imagem de capacidade conseguida com muita subtileza, num produto que volta a destacar a qualidade da equipa de design da Kia, chefiada por Peter Schreyer, responsável por uma verdadeira revolução na marca sul-coreana

Vencidos muito preconceitos, crescimento consolidado, automóveis bem “aparentados” e bem recheados, bons preços e garantias imbatíveis (entre nós 7 anos e 150 000 km), a Kia, que está a reunir uma equipa de vedetas a todos os níveis na chefia das equipas de desenvolvimento, chegada a hora do salto na afirmação vai apresentar em Novembro um carro que, em Portugal, custa, no mínimo, 55 000 euros. Ora se por cá e em muitos países europeus ainda não parece chegada a hora de separar o preço da a imagem de marca e do estatuto num automóvel  deste gabarito, custa pouco acreditar que a carreira do Stinger terá expressão em países onde há outro modo de ver (e viver) as coisas e se fazem os números decisivos para a vida de um automóvel, designadamente os Estados Unidos e a China, a Rússia. Aqui deve ser pouco mais do que um porta estandarte, sem direito a coroa – e não por falta de qualidade… Vamos ver.

 O STINGER TEM UMA IMAGEM FORTE E IMPACTANTE AO PONTO DE SUSCITAR DESEJO E INSPIRAR CONFIANÇA
Conseguido
O Stinger é mais um produto conseguido do ponto de vista da estética. Tem presença, elegância e personalidade, uma imagem forte e robusta, impactante ao ponto de suscitar desejo e inspirar confiança. Frente elaborada sem exageros, integrando a típica grelha “Tiger Nose”, faróis LED encastrados como uma pérola, capô longo, com vistosas entradas de ar, cintura marcante, silhueta musculada de grande coupé rematada por uma traseira pura de tão natural, a culminar numa saia integrando os escapes de saídas duplas. Tudo isto em proporções equilibradas, mesmo tratando-se de um dos maiores no estilo (4,83 m de comprimento e 1,87 de largura), assente em jantes de 18 (para o diesel) ou 19 polegadas leva a que seja difícil não gostar do topo de gama sul-coreano.
Distância entre eixos considerável (2,90 m) ajuda a passar para o habitáculo um espaço que se traduz em desafogo e comodidade mesmo para cinco pessoas. E ainda um ambiente à altura, alguma opulência, qualidade percebida, atenção ao pormenor e, claro, todo o cuidado com o equipamento que aqui surge como oferta de série e uns milhares de euros em economia face ao que é comum na concorrência premium. O painel de instrumentos  alimenta a imagem do cockpit high-tech, com duas áreas específicas: o ecrã tátil e os comandos do ar condicionado; o painel de instrumentos com indicadores de grandes dimensões, combinando analógico e digital, Head-Up-Display (velocidade, navegação, ângulo morto, áudio) no para-brisas e um volante de dimensões certas e pega agradável. A empatia é fácil e não existe qualquer choque pelo facto de os revestimentos de série serem em pele sintética (preta ou castanha). Sentamo-nos e sentimo-nos bem!
A isto acresce uma mala com 406 litros de capacidade, o suficiente para encarar uma viagem de férias familiar com naturalidade.
Motorizações
O Kia Stinger conta com três motorizações, todas com recurso ao turbocompressor: duas mais “modestas” um 2.0/255 cv e um 2.2/200 cv a diesel , ambas com tração traseira; e um V6 3.3/370 cv com tração integral, sistema que favorece sempre o binário nas rodas traseiras. Para todos uma caixa automática de oito velocidades, com patilhas no volante, e até cinco modos de condução para gerir apenas engrenamento e a aceleração.
As versões são duas, GT Line e GT, esta dotada de série com suspensão de regulação eletrónica (ECS) que também pode ser comandada através do Drive Mode (Eco, Sport, Sport+, Comfort, Smart). É possível gerir a carga dos amortecedores de forma independente, controlando a firmeza dos eixos e a tendência para a sub ou sobreviragem. O sistema é já opção no 2.0 e será alargado ao diesel em 2018.
No que respeita à segurança, a gestão eletrónica de estabilidade é de série e estão disponíveis ainda a travagem automática de emergência, cruise-control inteligente com stop&go, assistência à manutenão de faixa, alerta de tráfego traseiro, deteção de ângulo morto, assistente de máximos e monitorização com vista panorâmica para manobras a baixa velocidade. Novidade na Kia é o sistema de aviso de fadiga do condutor, com avisos sonoro e gráfico.
Quanto ao infoentretenimento, tudo passa por um ecrã de 7 polegadas (8 em opção), que além do habitual, navegação, Bluetooth, climatização, dados de condução, compatibilidade com Apple Car Play e Android Auto, gere um sistema áudio surround Harman Kardon com 720 watts e 15 altifalantes (dois subwoofers sob os bancos dianteiros).
Uma experiência ao volante da versão diesel, previsivelmente a mais atraente para o mercado português revelou um carro que parece acusar o peso (2260 kg), curva bem e, faz jus às prestações anunciadas, mesmo revelando-se pouco “explosivo”, atendendo à potência (200 cv) e ao binário (440 Nm logo às 1750 rpm). A caixa de oito velocidades, suave nas passagens, não revelou propensão muito desportiva e os consumos andaram acima da média: no nosso caso, à volta dos 9 litros, com autoestrada e as curvas das estreitas  estradas do Douro, numa condução sem exageros. Pede uma experiência mais prolongada. De todo o modo, agradável de guiar e a transmitir aquela dose de segurança que inspira confiança e sabe bem registar.
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Gama e preços
O Kia Stinger fica disponível em Novembro e a gama contempla as três motorizações, com versões GT Line nos motores mais “pequenos” e GT para o 3.3. Além dos elementos de segurança já citados, todos têm faróis Full-LED e luzes direcionais, máximos automáticos,  sensores de luz, chuva e parqueamento, ar condicionado automático com ventilação traseira, banco do condutor com regulação elétrica e bancos traseiros aquecidos, estofos em “Nappa Leather”, ajuste elétrico da direção e volante multifunções aquecido, sistema de chave inteligente e botão start, mala de abertura elétrica, carregador wireless para smartphone, câmara de 360 graus, pedais em alumínio e vidros escurecidos. O GT beneficia de um sistema de travagem Brembo.
Quanto a preços, o mais barato é o 2.0 a gasolina, 55 650 euros, o diesel custa 57  650 euros, valores estes que incluem uma campanha de lançamento que vale 5 000 euros. O 3.3 sobe para os 80 150 euros , incluindo um “desconto” de lançamento de 8 000 euros.
FICHAS TÉCNICAS
2.2 CRDI GT Line
Motor: 2199 cc, turbodiesel, injeção commom-rail
Potência: 200 cv/4500 rpm
Binário máximo: 440 Nm/1750-2750 rpm
Transmissão: caixa automática de oito velocidades
Aceleração 0-100 km/h: 7,6 s
Velocidade máxima: 230 km/h
Consumos: média – 5,6 L/100; estrada – 4,9; urbano – 6,6
Emissões CO2: 147 g/km
Mala: 406 litros
Preço: 57 650 euros (campanha)
2.0 T-GDI GT Line
Motor: 1999 cc, turbo, gasolina, injeção direta
Potência: 255 cv/6200 rpm
Binário máximo: 353 Nm/1400-4000 rpm
Transmissão: caixa automática de oito velocidades
Aceleração 0-100 km/h: 6 s
Velocidade máxima: 240 km/h
Consumos: média – 8,3 L/100; estrada – 6,7; urbano – 11,2
Emissões CO2: 190 g/km
Mala: 406 litros
Preço: 55 650 euros (campanha)
3.3 T-GDI GT
Motor: 3342 cc, 6 cilindros em V, injeção direta
Potência: 370 cv/6000 rpm
Binário máximo: 510 Nm/1300-4500 rpm
Transmissão: caixa automática de oito velocidades
Aceleração 0-100 km/h: 4,9 s
Velocidade máxima: 270 km/h
Consumos: média – 10,6 L/100; estrada – 8,5; urbano – 14,2
Emissões CO2: 244 g/km
Mala: 406 litros
Preço: 80 150 euros (campanha)