Simplesmente, bem feito! E tenho para mim que é difícil acusar a Kia de seguidismo. São poucas as marcas que “inventam” e não têm logo quem lhes siga o caminho. Dúvidas? Qual delas não tem um SUV? Qual delas esquece os crossovers? Ora, a marca sul-coreana teve a ousadia de produzir uma shooting-break, a tal carrinha diferente e desportiva associada à Mercedes e que, neste caso, com a devida distância, até faz lembrar um Panamera ST. Venha o primeiro que deite a pedra… O Kia ProCeed, que Portugal vai ver em Janeiro, tem tudo para ser um caso sério. Desde logo o preço, talvez qualquer coisa na casa dos 27 mil euros.

Grande confusão, podem dizer alguns leitores. Pois bem, atentem nas imagens do carro desenhado pela equipa do francês Gregory Guillaume – supervisionado por Peter Schreier, parceiros numa bela obra! Tem presença, estilo irreverente e marcante, e, sobretudo, uma imagem com a força capaz de vencer aquilo que para muitos era o “problema” de ser um Kia… Depois do aplaudido Stinger, porta estandarte de uma ambição que parece cada vez menos sonho irrealizável, é a prova da afirmação da marca sul-coreana do Grupo Hyundai em termos de design –ainda elemento decisivo na escolha do automobilista. E, como a isso se junta a força de sete anos de garantia (ou 150 000 km), percebe-se muita da atenção dispensada à marca e também os seus resultados mundo fora.

O Kia ProCeed é um daqueles produtos a que não custa augurar futuro promissor. Tem um estilo marcante, espaço, versatilidade, interessantes escolhas motrizes, e ainda promete bom nível de equipamento, além de preços muito concorrenciais

O que agora interessa é o ProCeed, solução desenvolvida feita e produzida a pensar na Europa (é fabricado na Eslováquia), para dar que pensar a quem começa a estar farto dos SUV, pretende um carro de imagem desportiva, tem simpatia pelas carrinhas e não dispensa versatilidade. A shooting-break da Kia é uma resposta a isso tudo e ainda uma tentação para preencher o espaço deixado vago por quem justificou praticamente o fim dos “velhos” três portas.

Proporcionado e elegante

Se o protótipo do ProCeed era interessante e logo suscitou curiosidade, a sua concretização foi bem conseguida. O segredo, claro, está no perfil e na traseira. O primeiro afigura-se modelar. Com mais 5 mm do que a carrinha, mais baixo 4,3 cm, rebaixado outros 5 mm e mantendo a distância entre eixos (2,65 m) damos com um automóvel proporcionado ao ponto da elegância, vincada pela cintura alta e pela moldura cromada da extensa superfície vidrada que acompanha a curva de um tejadilho que cai suavemente sobre a traseira e funde-se com ela também através de um óculo traseiro muito inclinado (62 graus).

A imagem é impressiva – poderosa pode parecer excessivo –, conquista e tem um remate à medida na traseira, dominada peças óticas estendidas (como nos Porsche e nos Renault) e com um para-choques, incluindo a dupla saída de escapes, que poderá ser o elemento menos conseguido à vista, mas com o condão de conceder poder ao ProCeed, a designação ostensivamente  estampada em maiúsculas a meio da quinta porta.

Na dianteira, o ADN do Ceed e da Kia, linhas arredondadas, capô comprido (único painel comum na carroçaria), a grelha nariz de tigre, outra vez apurada, agora com entradas de ar mais largas e mais e mais baixas, os chamados “cubos de gelo” a garantir a iluminação diurna em LED, tecnologia a utilizar também nos faróis automáticos das versões portuguesas.

No interior, a imagem conhecida do novo Ceed, apresentação desportiva, nível de qualidade percebida muito razoável para os padrões do segmento. É preciso reforçar o posicionamento do Proceed para não se cair na tentação de exigir mais… A fazer a diferença, de todo o modo, bancos com mais apoio lateral

Quanto a espaço, a nota dominante vai para a capacidade da bagageira: 594 litros, mais do que o cinco portas, pouco menos do que a carrinha e um valor a ter em conta no cotejo das opções, já que concorrência é difícil…. O fundo da mala esconde dois alçapões, mas tudo dependerá de haver ou não o pneu sobressalente (eu não gosto de dispensar). Altura razoável do plano de carga e versatilidade, no mínimo, simpática, com banco traseiro tripartido (40x20x40), rebatível a partir de alavanca na porta da bagageira. Há calhas no piso e dá um jeitão a abertura elétrica do portão que será de série em Portugal.

A habitabilidade traseira está em bom plano, ainda que se saiba que os automóveis com tejadilhos mais inclinados nunca são a melhor proposta para quem se senta atrás. Nota para o facto de o túnel ser baixo, o que sempre minimiza o menor conforto para um eventual quinto passageiro. O acesso, em altura, é bem melhor do que seria de esperar.

Escolha alargada de motorizações

Anunciado para Janeiro, o ProCeed GT Line vai ser proposto com duas motorizações a gasolina, o três cilindros 1.0 T-GDI  de 120 cv e o 1.4 T-GDI de 140 cv, ambos com caixa manual de seis velocidades. A oferta diesel é assegurada pelo 1.6, também turbo, de 136 cv. A caixa automática de sete velocidades e dupla embraiagem estará disponível nos dois mais potentes.

A Kia comercializará também a versão GT, com a motorização gasolina 1.6 T-GDI de 204 cv, que contará igulamente com as duas opções de transmissão.

O ProCeed surgirá apenas nestas duas versões e mesmo que se admitam propostas de entrada menos equipadas, para já não fazem parte do plano de comercialização para Portugal.

No que respeita a preços, ainda que, por agora, só possam fazer-se estimativas, o previsto é que a versão 1.0 possa custar na casa dos  27 000 euros; o 1.4 turbo orçará cerca de 29 000 euros; e o diesel qualquer coisa como 32 000 euros. Para o GT, conte com cerca de 38 000 euros. Quem quiser a caixa automática pagará entre 1500 a 1900 euros.

O Kia ProCeed é um daqueles produtos a que não custa augurar futuro promissor. Tem um estilo marcante, espaço, versatilidade, interessantes escolhas motrizes, e ainda promete bom nível de equipamento, além de preços muito concorrenciais. Os responsáveis da marca acreditam que representará uma importante mudança. Vamos ver… Para já, tiro o chapéu!