Uma “maquinazinha” de ligar à corrente? Na visão simplista das coisas, é o que pode dizer-se do Mini Cooper SE Countryman ALL4 PHEV, designação oficial do híbrido Plug-in da marca. É económico quando queremos, tem o bloco do Cooper e mais potência do que o S à custa do motor elétrico e gere um sistema de tração integral que também podemos comandar permitindo outras “habilidades”. E ainda tem cinco portas e espaço para quatro pessoas. Um camaleão! Menos bom é o preço…

A evolução dos híbridos pode ver-se espelhada neste Mini que faz jus ao Cooper que ostenta e permite uma gestão para favorecer consumos invulgares num carro, no mínimo, com muita genica. É mesmo razoavelmente económico: consegui uma média geral de 5,1 litros aos 100, fiz 33,7 quilómetros em modo elétrico, com percurso suburbano e cidade (a marca admite 40 km/ em cidade), carreguei o carro duas vezes nos postos Mobi-e e, numa delas, carga reduzida a uma hora, “ganhei”, segundo o computador de bordo, mais 24 quilómetros sem necessidade de recorrer ao motor de combustão. Numa tomada de 230 v, em casa, a Mini promete a bateria carregada em 195 minutos.

O outro lado…

Interessantes, no mínimo, estes resultados conseguidos, é claro, no modo economia, no caso designado Green, que condiciona as prestações em favor dos consumos. A diferença está em que, rodando o anel que circunda o seletor da caixa de velocidades automática, existem mais duas escolhas: Mid, afinação dita equilibrada, e Sport, como o nome indica a escolha desportiva. E se a segunda já faz diferença, quando se opta por retirar deste Mini tudo quanto ele pode dar, é o que se imagina. A potência combinada são 224 cv (136 do motor de combustão mais 88 do elétrico) e, o binário 385 Nm! Estes valores, ainda que o Countryman tenha pouco a ver com o Mini convencional, em termos de dimensões e peso, traduzem-se numa capacidade de aceleração expressiva (6,8 segundos de 0 a 100), a qual, gerida (exclusivamente) por uma caixa rápida q.b. (seis velocidades Steptronic) e ao serviço de um chassis apuradíssimo, garante condução muito divertida. Continua a ser marcante a resposta em curva e a confiança que inspira é um desafio constante aos limites. E a manobrabilidade continua a ser significativa.

Como seria de esperar, os consumos disparam, gradualmente, quando se opta por qualquer das duas escolhas associadas à imagem da magia do Mini e do S que ostente na grelha. Mas isso é o que torna este carro especial e permite associá-lo à ideia de verdadeiro camaleão. É que a tudo isto ainda junta a tração integral, à custa da atuação do motor elétrico sobre o eixo traseiro. O sistema ALL4 é acionado automaticamente quando necessário e pode ainda ser “forçado” pelo condutor. Um complemento da imagem de carro de evasão sugerida por pormenores como as barras no tejadilho, além da proteção em plástico negro da parte inferior da carroçaria, que ganha expressão nos guarda-lamas. O fora de estrada estará, no entanto, sempre limitado pela distância ao solo deste crossover especial.

Uma proposta interessante pela versatilidade (propulsão, interior e utilização), condicionada pelo preço. Mas, hoje, ter um Mini tem custos que a maioria parece compreender e este, afinal, tem caraterísticas que o justificam

A bem da verdade, de Mini este Counytryman, designação histórica, tem a marca, o rigor da construção e todo um ambiente muito especial. Porque, afinal, são mais 47,4 cm no comprimento, 19,5 na largura e 14,3 cm na altura. Dimensões que mais as cinco portas e uma distância entre eixos também aumentada (+27,5 cm) fazem dele um automóvel diferente, desde logo com uma habitabilidade que nada tem a ver com o Mini convencional e assegura conforto para quatro pessoas, com espaço para as pernas atrás e muito à-vontade também por ser muito mais alto (14,3 cm). Chega a surpreender enquanto não nos habituamos à ideia de que são outras as proporções, talvez por a estética (apesar da altura) estar bem defendida e ter sido possível dar outro corpo ao automóvel sem descaraterizar a identificação nem roubar-lhe personalidade – o que nem sempre aconteceu nas muitas derivações do Mini sob a égide da BMW.

Habitabilidade melhor que mala

A bordo sente-se bem o crescimento. Logo ao volante, pois há outro à-vontade em resultado do aumento da largura, a reduzir os “conflitos de cotovelos”. A posição de condução é mais elevada mas revela-se fácil encontrar o conforto. A versão ensaiada foi um Chili o que significa bancos desportivos, contributo importante, também pelo maior apoio lateral. A informação segue a lógica do costume, alargada com os dados relativos ao sistema híbrido Plug-in, os quais implicam a substituição do conta-rotações pelo chamado E-Instrument que apresenta a função boost do motor elétrico e a recuperação da bateria (travagem regenerativa). No grande visor central tem-se acesso a um diagrama que mostra o fluxo do sistema híbrido e  também o estado de carga da bateria e a autonomia elétrica. Uma lógica bem diferente da filosofia futurista dos modelos asiáticos. Principais diferenças para os Mini convencionais, o botão e-Drive para gerir os três modos de propulsão: Auto eDrive, Max eDrive e Save Battery e o start/stop amarelo com retroiluminação.

Atrás temos a sensação de nos sentarmos num banco em posição mais elevada, pormenor não impeditivo de viajar-se com grande à-vontade. Relevo ainda para o fácil acesso, em resultado da altura da carroçaria.

A bagageira, sob a qual se encontra o motor elétrico, tem limitações também por isso (420 litros de capacidade). O banco traseiro é tripartido (40x20x40) e rebate através de pequenas alças no fundo dos assentos. Forma um fundo plano (1275 litros no total) com um comprimento máximo de 1,595 metros.

A versão Chili (+ 2276 euros) inclui jantes em liga de 18 polegadas, pintura bitom (tejadilhos e espelhos noutra cor), bancos desportivos, sistema Confort Acess, Exitement Package, retrovisor antiencandeamento. O carro ensaiado beneficiava ainda do Pack Comfort , o que vale bagageira com abertura e fecho elétrico, câmara traseira e apoio de braço traseiro (691 euros); e do pack Wired, com navegação profissional, Connected XL, Bluetooth avançado e carregamento wireless (934 euros).

Uma proposta interessante pela versatilidade (propulsão, interior e utilização), condicionada pelo preço. Mas, hoje, ser proprietário de um Mini tem custos que a maioria parece compreender e este, afinal, tem caraterísticas para o justificar. Resta lembrar que rentabiliza sempre mais um automóvel com solução Plug-in quem tem uma garagem e pode fazer o carregamento em casa. Paga a energia, ao contrário do que ainda acontece nos postos da Mibi-e, mas não está sujeito às limitações desta rede e a percalços como o de haver postos avariados.

FICHA TÉCNICA

Mini Cooper SE Countryman ALL4 PHEV

Motor: três cilindros, 1499 cc, twinPoweer turbo, injeção direta, Start/Stop

Potência: 136 cv/4400-6000 rpm

Binário máximo: 220 Nm/1400-4300 rpm

Transmissão: caixa automática da seis velocidades  Steptronic; tração integral ALL4 combinada

Aceleração 0-100: 6,8 s

Velocidade máxima: 198 km/h (125 km/h em moo elétrico)

Motor elétrico: síncrono, ação sobre o eixo traseiro

Potência: 88 cv

Autonomia: 40 km *

Binário máximo: 165 Nm

COMBINADO

Potência máxima: 224 cv

Binário máximo: 385 Nm

Consumo: combinado – 2,1 litros/100 km

Emissões  CO2: <49 g/km

Bagageira: 420/1275 litros

Preço: versão ensaiada – 44 549 euros; disponível desde 36 219 euros