É o primeiro produto do casamento entre a Opel e a PSA, ainda que nascido antes da formalização do negócio que deu ao grupo francês, dirigido pelo português Carlos Tavares, outro poder no mundo automóvel. Chama-se Crossland X, entra na classificação de crossover, essa combinação de conceitos que namora os SUV, por conveniência; desafia os monovolumes, no estilo; e pretende disputar espaço às carrinhas, com razoável versatilidade. Assim, a modos de carro à vontade do freguês, para o que der mais jeito. Há sempre um motivo para quem compra justificar a escolha no plano da utilidade.

Construído sobre uma plataforma “esticada” do Citroën C3, é tão alto (1,605m) que parece mais estreito (1,765m). O comprimento (4,212m) acaba por equilibrar as proporções de um carro mais pequeno do que os compactos familiares (tem menos 16 cm do que um Astra e mais 10 cm de altura…) e que não engana no estilo. Tinha de ser um Opel, ar sóbrio e robusto, também pelo efeito do tejadilho flutuante, solução que hoje percorre quase toda a gama.

Esta é a versão bem vestida do mais “pobrezinho” dos diesel. Com outro motor, tudo será bem diferente!

Proposto com pintura bicolor, é valorizado na imagem por algumas dessas combinações, algumas mais felizes. Estará, no entanto, longe de ser o mais consensual dos Opel. É um daqueles produtos em que a função parece ter condicionado as formas e sobreleva o estilo. Importante é o que o Crossland X permite, dada a versatilidade do interior e mesmo a distância ao solo, ainda que o construtor assuma o que depois se prova ao volante, a  vocação urbana.

O interior assenta num quadro que nos é familiar. Um design conhecido, a qualidade percebida do costume, valorizada por alguns pormenores que ajudam a dar vida ao habitáculo, razoável em termos de espaço e no conforto oferecido. E este apresenta um conjunto de soluções que são, para mim, o ponto forte da oferta. Desde logo o banco traseiro bipartido (60×40), com duas posições para as costas e movimentação longitudinal, o que permite avançar 15 cm, separadamente, os assentos e jogar com uma série de soluções para melhor aproveitar a capacidade de carga. A bagageira, apresentada como referencial no segmento (410/520 litros consoante a posição das costas dos bancos), oferece também ela a solução de um fundo falso com 12 cm, usando os dois planos de posicionamento do fundo. Nada de original, mas elemento a valorizar. São aspectos que às vezes, dão um “jeitão”. Os espaços de arrumação no habitáculo contemplam bolsas nas portas dianteiras, nas quais cabem garrafas de litro e meio, e os compartimentos adicionais do costume na consola.

Como se impunha, a escolha é grande em matéria de ajudas à condução e conectividade. Um ecrã tátil de 8 polegadas é o centro de tudo, tudo que será muito se houver dinheiro para gastar, mas a dotação de série do Innovation que guiei satisfaz, seguramente, o automobilista normal. Vale a pena (!) gastar os 750€ do pacote de iluminação que acrescenta os faróis LED com comutação automática máximos/médios e nivelamento também automático.

O carro que guiei foi um 1.6 Turbo D Ecotec, com start/stop e sem injeção direta, 99 cv e 254 Nm de binário máximo, com caixa manual de cinco velocidades – um e outra “velhos” conhecidos dos Peugeot e Citroën. Ora, como nesta matéria não há milagres, fica um certo sabor a pouco, apesar da honestidade do propulsor. A caixa também não ajuda, com as suas relações longas. Mas aceito que, neste caso, o consumo é argumento importante e, mesmo que os 3,7 litros aos 100 anunciados sejam uma miragem, na estrada anda-se abaixo dos 6 litros e na cidade conseguem-se resultados interessantes. As prestações são vulgares.

A condução, como é óbvio em posição elevada, deixa boas marcas nos aspetos da agilidade, mas também tem aspectos menos agradáveis, dada a altura da carroçaria. Suspensão (seca como é hábito) e direção foram “trabalhadas” pela Opel e completam a ideia do alemão afrancesado.

Em síntese, o Crossland X é um daqueles automóveis que cumpre, convence na qualidade, mas não surpreende. Mas, claro, esta é a versão bem vestida do mais “pobrezinho” dos diesel. Com outro motor, tudo será bem diferente!

De todo o modo, registe: 24 180€. Por mais 800€ compra a versão de 120 cv. E olhe com atenção para as propostas a gasolina, com base no três cilindros da PSA e potências de 81, 110 e 130 cv – todos eles bem mais baratos.

Ficha técnica

Motor: 1560 cc, turbodiesel

Potência: 99 cv/3750 rpm

Binário máximo: 254 Nm/1750 rpm

Transmissão: caixa manual de 5 velocidades

Aceleração 0-100 Km/h: 12 s

Velocidade máxima: 180 Km/h

Consumos: média – 3,7 l/100; urbano – 4,2; estrada – 3,4

Emissões CO2: 95 g/km

Bagageira: 410/1255 litros

Preço: 24 180€