Sim senhor, ora aí está um daqueles automóveis que, mesmo não sendo perfeito em tudo – e venha o primeiro –, deve apresentar-se, no mínimo, como uma compra racional. O Opel Insignia Grand Sport, a berlina da família, um cinco portas que namora as tão perseguidas formas do grande coupé, na versão diesel 1.6 Ecotec (136 cv), deixa marcas na memória de quem o experimenta.
Formas conseguidas, imagem estatutária, robusto, o Insignia aproveita da melhor forma o aumento das dimensões. É um daqueles automóveis que não passa despercebido pelas melhores razões. Olha-se, remira-se, gosta-se. Pelo menos, eu gosto!
Este facto, não tem a ver apenas com o estilo, mas também se relaciona com o nível da habitabilidade. Principalmente, no que toca à largura, que era, para mim, um dos óbices do Insignia. Acabou-se aquela sensação de que tínhamos de viajar “encolhidos” à frente, por falta de espaço para os cotovelos. E, a par disso, o espaço para as pernas, acima de tudo atrás, é garantia de muito mais conforto em viagem. Para concluir esta matéria, impressiona o verdadeiro “malão” com 490 litros de capacidade, valorizados pelo banco traseiro tripartido (40x20x40) a permitir uma versatilidade digna de registo. A quinta porta potencia as coisas, abrindo mais possibilidades à entrada de cargas com grandes dimensões.
Qualidade salta à vista
Tudo isto ganha relevo quando, no interior, olhamos à nossa volta. A imagem da qualidade percebida – materiais, acabamentos, detalhe – é muito forte e associa-se com naturalidade à sobriedade do design, muito alemão como de costume, com tudo quanto isso pode ter de positivo. Ao volante (agora numa posição mais baixa) há um relação de empatia com tudo aquilo de que necessitamos. Instrumentação e grafismo (digital e analógico), visibilidade, equipamento principal, e, não fora o seletor de velocidades me parecer um nadinha recuado, dispensavam-se as críticas. Poucos botões e comandos distribuídos em três níveis: de cima para baixo, informação e entretenimento, climatização e, à frente do seletor, os equipamentos de assistência à condução. O travão de mão é elétrico e está na posição habitual. De um modo geral, muito bem

Um Opel que impressiona, mesmo que possa exigir-se um pouco mais de alma. É uma questão de preço!

Em matéria de conectividade, o melhor da Opel através de um grande ecrā central táctil, sem moldura, no qual “correm” as facilidades do conhecido sistema intelliLink (toda a compatibilidade com Apple Car Play e Android Auto), sempre mais enriquecido, mas nem sempre tão intuitivo como se deseja. É uma pena, mas também, reconheça-se, uma questão de hábito. Acrescente-se o wi-fi a bordo e o Opel OnStar, o sistema de assistência telefónico que, além da chamada de emergência, passa a incluir, por exemplo, a reserva de hotéis e procura de espaços de estacionamento (serviços pagos). Quase tudo, afinal, quando olhamos para a oferta premium e para a lista de opcionais.
Os mínimos
E o motor? Bem, 136 cv e 320 Nm de binário máximo, quando se olha ao carro e se avalia quanto pode, não será a oferta mais equilibrada. A questão, porém, é saber se o cliente tipo deste familiar médio, e um pouco mais para portugueses, não chega e sobeja. Um condutor normal ficará satisfeito. É difícil reconhecer que este Insignia não cumpre com os mínimos exigíveis. É despachado q.b. e os valores de consumo andam pela normalidade. Mas quando se olha o automóvel e se lhe reconhecem o estatuto e as outras capacidades dinâmicas, ao nível da suspensão e do comportamento em curva (mesmo sem o chassis FlexDrive), pode saber a pouco – pelo menos se já se tiver guiado a motorização 2.0 (170 cv/400 Nm).
Quando há mais peso a bordo, quatro passageiros e mesmo sem carga, a resposta não vai além da honestidade e o peso faz-se sentir, apesar do grande progresso em resultado da construção do novo Insignia, o qual, nesta versão, chega a “emagrecer” 175 kg.
O comportamento em curva é bom, a suspensão, sempre com aquela afinação muito alemã, seca sem deixar de ser confortável, garante eficiência, como a direção e os travões. Os valores de consumo andam pela média, mas são muito sensíveis ao empenhamento na condução. As tentações desportivas pagam-se, como facilmente se constata no computador de bordo. Enfim, um Opel que impressiona, mesmo que possa exigir-se um pouco mais de alma. É uma questão de preço…
Equipamento ajuda
Tudo isto faz mais sentido quando se guia um versão Innovation, o topo de gama, sempre bem recheado e possível de enriquecer através de uma considerável lista de opcionais. As mordomias ajudam, e muito, a fruir mais um automóvel – e a este nível isso é ainda mais sensível!
O equipamento contempla: jantes em liga de 17”, kit de reparação de pneus, assistência ao arranque em subida, travão de parque elétrico, programador de velocidade, sistema de luz de matriz LED, luzes diurnas e traseiras na mesma tecnologia, comutação médios/máximos, faróis de nevoeiro, sensores de luz e chuva, monitorização dos pneus, sistema InteliLink Navi 900, volante multifunções, tomadas USB atrás, ar condicionado eletrónico bizona, sensores de estacionamento e câmara traseira, fecho centralizado e ignição sem chave, espelhos exteriores elétricos, rebatíveis e aquecidos, retrovisor interior electrocromático, vidros traseiros escurecidos.
Entre os principais opcionais, registe: suspensão FlexDrive (1000€); câmara Opel Eye com radar (1000€); Head Up Display no pára-brisas (800€); bancos em pele (1350€), tejadilho de abrir elétrico (850€).
Faça as contas, com a certeza de que há coisas que não têm preço quando é o seu conforto e segurança que estão em causa.

Ficha técnica

1.6 D Turbo 110 cv Grand Sport
Motor: 1598 cc, turbodiesel, start/stop
Potência: 136 cv
Binário máximo: 320 Nm/2000-2250 rpm
Transmissão: 6 velocidades, manual*
Aceleração 0-100 km/h: 10,5 s
Velocidade máxima: 211 km/h
Consumos l/100: média – 4,3; estrada – 3,9; urbano – 5,1
Emissões CO2: 114 g/km
Preço: 37 680€
*Caixa automática em opção