O Mitsubishi Outlander PHEV, além de pioneiro entre os híbridos Plug-in, continua a ser um exemplo de eficiência. Talvez por isso, uns retoques estéticos e uma afinação do sistema, agora com bloco 2.4 e mais potência no motor elétrico traseiro, cheguem e sobejem para continuar a impressionar quem o experimenta. Em 100 quilómetros fiz 42 em modo elétrico e o consumo ponderado final foi de 3,7 litros aos 100. As limitações são as do costume, mas o resultado é esclarecedor.

Este SUV nipónico não será modelar do ponto de vista da estética. É, para mim, conservador na forma, diferenciável por pormenores que puxam à exuberância dos cromados, com  aquela espécie de escudetes que procuram evidenciar a dianteira num estilo pouco ao gosto europeu. É um caminho que a Mitsubishi adota também com o Eclipse e o ASX, logo novo rosto de família para a marca que vai alargar a Aliança Renault Nissan. Agora tem outra grelha, faróis LED com novo design, moldura diferente nas luzes de nevoeiro e renovada proteção inferior com aplicações cromadas. Spoiler com outra conceção e jantes de 18 polegadas de novo desenho completam as mudanças estéticas.

Olhando à concorrência o Outlander PHEV é daqueles que faz mais o compromisso com a carrinha, até porque, neste caso, só dispõe de cinco lugares. A bateria de iões de lítio com mais capacidade (agora 13,8 kWh), sob o pavimento, e o motor elétrico no eixo traseiro constituem elemento impeditivo dos sete lugares e condicionante da bagageira, a qual, para um automóvel destas dimensões (4,69 metros) acaba por ser vulgar nos seus 463 litros de capacidade (1602 com os bancos – 60×40 – rebatidos). A versão normal, só com os cinco lugares, recebe 913 litros.

Proposta honesta, até pelo preço, o Mitsubishi Outlander PHEV tem todas as vantagens do Plug-in e a limitação habitual: se não tiver forma simples para o carregar, garagem em casa ou carregador no emprego, perderá as vantagens de usar o modo elétrico na plenitude e os consumos fantásticos que podem conseguir-se

A questão do espaço não se põe em termos de habitabilidade e conforto, há quatro lugares confortáveis e um quinto passageiro até viaja em condições muito razoáveis para os padrões atuais, sendo que, de todo o modo, lá está o apoio de braços central a fazer de recosto.

O ambiente interior é marcado pela sobriedade e pontifica a qualidade que os japoneses sabem transmitir, sobretudo através de uma construção rigorosa. A versão que guiei, Instyle Navi, com os bancos em pele e o recurso a materiais decorativos interessantes elevava a parada que um nível de equipamento assinalável reforçava contribuindo para dar outra dimensão à vida a bordo.

Sistema eficaz e tração integral permanente

A condução e a eficácia do sistema PHEV sobrepõem-se, no entanto a tudo o resto. Este Outlander oferece o que poucos carros do género conseguem. Desde logo, porque o sistema de tração integral permanente permite encarar com alguma naturalidade as saídas para o fora-de estrada.

Mas vamos ao “segredo”: o Outlander PHEV MY19 tem agora um motor 2.4 a gasolina (ciclo Atkinson) que debita 135 cv (211 Nm de binário máximo) e mais dois motores elétricos, um em cada eixo, à frente com 82 cv (137 Nm) e atrás com 95 cv 195 Nm). A potência combinada não é revelada por se considerar que há uma grande variação (para a versão de motor 2.0 eram anunciados 203 cv). A transmissão é direta de velocidade única.

Existem três modos de propulsão: 100 por cento elétrico (135 km/h; 4WD 55:45); híbrido de série, movido pela energia das baterias e do gerador (agora também com mais capacidade) ativado pelo motor de combustão (135 km/h; 4WD 60:40); híbrido paralelo, movido pelo motor de combustão com energia do motor elétrico em casos pontuais (170 km/h e ativo a partir dos 135 km/h ou 65 km/h com pouca carga; 4WD 95:5.

O sistema funciona com grande suavidade, tanta que, em rigor, é preciso estar atento à informação sobre a distribuição da energia dada pelos gráficos para perceber como o Outlander está a ser alimentado. E os resultados falam por si. Usando o modo elétrico com carga completa, consegui percorrer 42 quilómetros (consumo de 21,3 kWh) dos 54 anunciados e fazendo as contas nos primeiros 100 quilómetros, em percurso de tipo suburbano, o computador de bordo registou 3,7 litros aos 100, sendo que a marca prevê 1,8. Sobravam 469 quilómetros de autonomia.

Razoavelmente despachado, este Outlander não é muito rápido, faz uns vulgares 10,5 segundos de 0 a 100. Acusa os quase 1900 quilos de peso, mas, ainda assim, consegue resposta satisfatória para quem não for de corridas.

Competente em curva com suspensão branda e suave

Com o centro de gravidade mais baixo, é uma surpresa a curvar: tem uma direção agradável, “acama” ligeiramente no primeiro momento, mas nunca se descompõe nem balança excessivamente nas zonas mais sinuosas. A suspensão, branda e suave, apesar de algo sonora, atrás, nos maus pisos, assegura um excelente nível de conforto.

Há três modos de condução, Sport, Snow e Lock, acionados em botões na consola central. Dispõe-se ainda do modo Save que gere a utilização dos motores de forma a poupar energia e combustível (antecipando, por exemplo, a necessidade de” guardar” energia para a cidade,) e Charge, o qual usa o motor de combustão para o mesmo efeito. O nível de regeneração da bateria continua a poder fazer-se nas patilhas do volante e numa graduação que vai de 0 a 6. E a diferença é sensível!

Complemento deste panóplia tecnológica, o Outlander PHEV conta com um nível de equipamento invejável. A saber, cruise control ativo, faróis em LED com máximos automáticos, mitigação de colisão frontal, aviso de ângulo morto com assistente de mudança de faixa, alerta de tráfego cruzado traseiro, câmara de 360 graus, bancos em pele aquecidos, sensores de luz e chuva, ar condicionado bizona, arranque sem chave, portão da bagageira automático, ecrã tátil de 7 polegadas, navegação.

No que diz respeito ao carregamento, feito em casa faz-se em três ou 5,5 horas, consoante se usem 16A ou 10A. A carga rápida, possibilidade que é dos poucos a disponibilizar, garante 80 por cento da capacidade da bateria em 25 minutos.

Na versão Intense, este Outlander custa 53 000 euros mas beneficia de uma campanha que baixa o custo para os 44 784 euros. As empresas têm ainda mais vantagens. A garantia geral é de cinco anos ou 100 mil quilómetros e de oito anos ou 160 mil quilómetros para as baterias.

Proposta honesta, até pelo preço, o Mitsubishi Outlander PHEV tem todas as vantagens do Plug-in e a limitação habitual da solução: se não tiver forma simples para o carregar, garagem em casa ou carregador no emprego, perderá as vantagens de usar o modo elétrico na plenitude e com isso os consumos fantásticos que podem conseguir-se.

As vantagens e as diferenças na promoção da Mitsubishi

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FICHA TÉCNICA

Mitusibishi Outlander PHEV MY19*

Motor: 2360 cc, gasolina, atmosférico, injeção ECI-MULTI

Potência: 135 cv/4500 rpm

Binário máximo: 211 Nm/4500 rpm

Transmissão: tração integral permanente, velocidade única

Aceleração 0-100: 10,5 segundos

Velocidade máxima: 170 km/h

Motor elétrico dianteiro

Potência: 82 cv

Binário máximo: 137 Nm

Motor elétrico traseiro

Potência: 95 cv

Binário máximo: 195 Nm

Bateria: iões de lítio; 300 V; 13,8 kWh

Autonomia EV: 54 km

Carregamento: 3 horas, 16A; 5,5 horas, 10A; 25 minutos para 80% em carga rápida

Consumos: 1,8 litros/100 (ponderado NEDC); 2 litros/100 (ponderado WLTP)

Emissões:  40 g/km (NEDC); 46 g/km (WLTP)

Mala: 463/1602 litros

Preço: 53 000 euros, 44 784 euros com campanha; desde 49 000 euros (39 348 com campanha)

*Concorrente ao Essilor Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal (Categoria Ecológico do Ano)