Os grandes SUV de sete lugares estão longe de ser opção do meu agrado. É claro que há proposta espetaculares… o Hyundai Santa Fe não está entre elas, mas os apreciadores do género encontram no renovado modelo sul-coreano um produto, no mínimo, interessante, evoluído e com muitas qualidades. O preço do 2.2 turbodiesel 4×2, 197 cv e caixa automática de oito velocidades, na versão topo de gama é que complica as coisas: 59 950 euros é muito dinheiro, mesmo contando com uma mala cheia de equipamento…

Quem se lembra das primeiras gerações do Santa Fe tem quase um choque perante o novo modelo, aumentado em 7 cm e com mais 6 cm entre eixos. Modernaço, muito esculpido, “embrulha” as grandes proporções (4,77 m de comprimento; 1,89 de largura; 1,68 de altura; 2,76 entre eixos) numa carroçaria equilibrada e bem proporcionada. Na linha da família SUV da marca, não será pelas formas que surgirão as críticas a este “grandalhão” bem constituído e bem vestido. Destaque para a agressividade e originalidade da frente, com a iluminação em dois planos e as luzes diurnas superfinas integradas no friso da dominadora grelha hexagonal de favos, e para a harmonia da traseira, marcada por um portão elegante como poucos. As jantes de 19 polegadas do Premium contribuem para lhe reforçar a presença. Outra vez, a força de um gabinete de design cada vez mais aplaudido.

No interior, o trabalho foi igualmente bem feito. Não há o fausto daqueles Premium que marcam o segmento, mas é inegável um casamento feliz entre a qualidade dos materiais, muita pele e superfícies almofadadas, design a apostar numa arquitetura de três “pisos”, o primeiro a abraçar o habitáculo e todos eles bem aproveitados como se tudo, antes das formas, fosse pensado para uma função. Tudo bom e sóbrio, belo compromisso, para mim, apenas penalizado por alguma dispersão: há cinco áreas com comandos! Hábito, claro… De todo o modo, a rever. Mas, indiscutivelmente, um ambiente agradável, nível superior.

Um SUV de sete lugares de imagem impressiva, muito completo e bem construído, espaçoso, cómodo, bom estradista, motor adequado, algo guloso para os parâmetros Diesel e com um preço pouco convidativo, mesmo que o pacote de equipamento seja considerável

Nesta pequeno mundo não falta informação e manda o digital, vulgar no ecrã central de 8 polegadas, tablet flutuante à imagem da moldura habitual sobre o tablier e com um toque de originalidade no painel de instrumentos, com grafismo que muda de cor consoante o modo de condução escolhido – azul em Comfort e Smart, verde em Eco, vermelho em Sport. E ainda há o head-up display projetado no para-brisas. Percebe-se que nada falta nesta parada tecnológica – e é verdade! pois há um pacote de equipamento invejável, assim como justificação para o preço.

Espaço e modularidade

Em termos de habitabilidade, oferta normal face às dimensões. Há conforto atrás, comodidade à frente. Quanto aos sete lugares, o costume, no caso com um sistema muito pouco prático para acionar os dois bancos da terceira fila, de acesso sempre complicado. Aqui, as quotas de habitabilidade até são razoáveis (aumentou a altura), mas a prática não me convence. Há, no entanto, quem continue a considerar ser normal viajar com os joelhos mais altos do que a cintura… Enfim, as crianças acharão graça, um adulto só pensará no rápido final da viagem.

A modularidade está nos parâmetros do costume e a capacidade de carga é interessante para um sete lugares: vai dos 547 aos 1625 litros com os bancos rebatidos, na formação de cinco lugares, e fica reduzida a 130 litros com a terceira fila de bancos armada, muito pouco mas nada que surpreenda… Vantagem – um plano de carga comprido, a permitir o transporte de objetos longos. É próprio destas soluções e, se quisermos, uma das suas vantagens.

Em termos dinâmicos também uma grande evolução. O Santa Fe revela-se mais estável, ainda que a condução seja mais sensível à sua altura do que ao peso – e são quase duas toneladas. O comportamento em curva satisfaz e a carroçaria, cujas dimensões até nem penalizam muito a agilidade, mostra-se complacente com as transferências de massas nas zonas sinuosas, onde se experimenta um natural temperamento subvirador.  A direção também é pouco direta. O compromisso de suspensão marca pontos e garante sempre grande suavidade de marcha, o que em estrada, sempre com insonorização assinalável, assegura ritmos elevados com facilidade.

Caixa automática é mais-valia

A caixa automática de oito velocidades de dupla embraiagem é um dos elementos a ter em conta no desempenho. Garante uma gestão criteriosa do motor e torna muito agradável a condução que, no moto Smart, é adaptada à medida das necessidades com recurso ao mais adequado dos outros três modos de condução – Comfort, Eco e Sport. Interessante! A resposta ao acelerador é satisfatória e o Santa Fe, que obviamente não é uma máquina, mexe-se bem a ponto de fazer jus à potência (197 cv) e binário (436 Nm) do 2.2 turbodiesel. As prestações dão uma ideia: 9,3 segundos de 0 a 100 e 205 km/h em velocidade de ponta.

Aspeto menos impressivo – e um das pechas (há melhorias!) a vencer pela indústria sul-coreana – foram os consumos. Com quatro pessoas a bordo e a velocidades regulamentares na estrada, o Santa Fe conseguiu 7,9 litros aos 100 e a média final registada no computador de bordo, com mais uns percursos suburbanos, foi de 8,3. Verdade que o peso é significativo, 1981 quilos, ainda assim, esperava menos.

Para quem pense em saídas fora de estrada, os 18,5 cm de distância ao solo admitem algumas facilidades. Já agora, registe ao ângulos em graus: entrada – 18,5; saída – 21,2; ventral – 15,7.

No que respeita a equipamento, este Santa Fe Premium é o topo da oferta e integra praticamente tudo quanto se exige a este nível: estofos em pele, volante multifunções, ar condicionado automático, cruise control inteligente e limitador de velocidade, assistência à manutenção em faixa, detetor de ângulo morto, luzes em LED com máximos automáticos. E, ainda, chave Inteligente (Smart Entry & Start, Jantes em liga leve de 19”, safe exit assist, grupos óticos traseiros em 3D, tejadilho panorâmico elétrico, sistema de som Krell, navegação com ecrã tátil de 8’’, bancos dianteiros com aquecimento e ventilação, carregador Wireless, câmara de 360º, head-up display, portão da mala elétrico.

Um SUV de sete lugares de imagem impressiva, muito completo e bem construído, espaçoso, cómodo, bom estradista, motor adequado, algo guloso para os parâmetros Diesel e com um preço pouco convidativo, mesmo que o pacote de equipamento seja considerável.

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FICHA TÉCNICA

Hyundai Santa Fe 2.2 CRDI 4×2 Premium*

Motor: 2196 cc, turbodiesel, start/stop

Potência: 197 cv/3800 rpm

Binário máximo: 436 Nm/1750 rpm

Transmissão: tração dianteira, caixa automática de dupla embraiagem com oito velocidades

Aceleração 0-100: 9,3 segundos

Velocidade máxima: 205 km/h

Consumos: média anunciada  NEDC – 5,7/6,3 litros/100

Emissões de CO2: 150/165 g/km

Bagageira: 130/547/1615 litros

Preço: 59 950 euros

*Concorrente ao Essilor Carro do Ano/ Troféu Volante de Cristal (Categoria Grande SUV)