Um super SUV, estatutário, luxuoso, exclusivo – venham os adjetivos que nunca serão muitos para classificar o Volvo XC90 Excellence, o modelo mais caro de sempre na história da marca sueca que os chineses “agarraram”. Muito bem ao que parece. É tão especial este automóvel que ainda nem está nenhum vendido em Portugal, onde custa 128 602 euros!

O XC90 é conhecido, vêmo-lo  por aí, com alguma frequência. O Excellence é outro patamar, mais uma montra das capacidades da marca, desadequado para o nosso mercado e sempre uma versão de nicho, e nicho muito pequeno em todo o lado. Está a funcionar razoavelmente bem em França, por exemplo, ao serviço das empresas que prestam serviço com limusinas de luxo. E a bem da verdade é para isso que serve um carro assim, mesmo que possa ter clientes particulares, além dos CEO de grandes multinacionais e das suas frotas especiais. Milionários, afinal, há muitos.

Tudo isso porquê?

Ora bem, a Volvo transformou o seu grande SUV, com sete lugares, num luxuoso quatro lugares que permite, a quem se senta atrás, viajar na primeira classe de uma das mais afamadas companhias aéreas.

Este é SUV muito especial, inesquecível pelo patamar elevado do luxo, requinte e qualidade, mas que deve ser visto, antes de mais, como uma montra daquilo que a Volvo é capaz de fazer. E bem!

O frigorífico e as exclusivas flutes de champanhe em cristal Orrefors que despontam à frente do apoio de braços da consola, são uma espécie de cartão de visita, mas há muito mais, tanto que o melhor é mesmo ver os vídeos que acompanham este texto. Em rigor, nada que outras marcas premium não proporcionem, mas tanto que faz do XC90 Excellence mais uma daquelas propostas em que nos apetece dizer: “é tão giro ser rico!”.

Luxo e exclusividade: parte 1

Loading the player...

Ele são os bancos, melhor, as poltronas, que reclinam, também refrigeradas, aquecidas e com função de massagem, o encosto do banco dianteiro ao lado do passageiro que reclina para a frente de modo a criar o espaço para estender as pernas. E também montar um ecrã se preciso for. Ainda as pequenas mesas que, tal qual como num avião, “saem” do apoio de braços e dobram sobre o nosso colo. Mais os ecrãs no recosto de cabeça à nossa frente, claro, e o supersom de um sistema áudio (Bower & Wilkins) apuradíssimo que chega ao pormenor de otimizar a afinação ao nível nos bancos…

Cristal chega ao seletor de velocidades

Tudo isto num ambiente com o perfume da pele, o requinte da madeira, madeira a sério, mais o alumínio polido e um cuidado extremo nos acabamentos, trabalho de artista, remate artesanal. E tanta atenção ao pormenor que o seletor de velocidades não dispensa, devidamente marcado, o mesmo cristal Orrefors dos flutes… Que o botão de arranque, de girar, ou o cilindro que regula os modos de condução imitam o lapidado, qual pedra preciosa…

De tal modo a vista e os sentidos e perdem nestas maravilhas que até nos esquecemos de que estamos “só” num automóvel. Que ainda tem outro requinte: um vidro separa o habitáculo do compartimento de bagagens.

Mas, caros leitores, é de um automóvel que falamos. Um XC90 também mais ambientalmente correto, híbrido e plug-in, solução que, por via da bateria de iões de lítio (sob os bancos), e dos motores elétricos (no fundo da mala), condiciona a bagageira reduzida a uns vulgares 431 litros! É preciso mais num carro assim? E implica que o depósito de combustível se limite a 50 litros de capacidade… A autonomia elétrica prometida são 43 quilómetros, o máximo assegurado pela bateria de 9,2 kWh que se conseguem, num carregador normal (3,6 kWh), em seis horas. Não é brilhante!!! Pode carregar a bateria à força do motor em andamento, mas o que pagará em consumo não compensa,

Num automóvel (carro é pouco) de tantas surpresas a maior é a facilidade de condução e a suavidade deste “bisonte” que, aos 4,95 metros de comprimento, junta 1,92 de largura e 1,77 de altura. Encontrar lugar para estacionar é mais difícil, mas surpreende a ajuda da câmara de 360 graus que nos permite arrumar com um sorriso, antes de descer o “degrau” para sair lá de cima…

Muita força para “puxar” três toneladas

Quatro cilindros, 2.0 litros, 320 cv mais 87 do motor elétrico, contas feitas potência combinada de 408 cv e um binário de 640 Nm (2200/5400 rpm) gerido por uma caixa automática de oito velocidades (Geartronic) este XC90 tem alma suficiente para “puxar” as mais de três toneladas de peso e conseguir prestações de respeito. Até faz 5,6 segundos de 0 a 100! É claro que, por maior que seja a segurança, omnipresente, altura e peso se refletem-se na travagem e no comportamento em curva, também por efeito da direção, para mim menos informativa do que seria desejável. De todo o modo, até impressiona como o XC90 responde em caminhos que têm pouco a ver com as suas habilitações, fundamentalmente, de estradista. Claro que, forçando, há algum balanceamento de que os passageiros se podem queixar. Não foi feito para isso. Importante é que, se for preciso ultrapassar, ele “vai-se embora” num instante e deixa estarrecidos aqueles que ficam para trás…

Se tem algum interesse, registe-se que consegui 9,8 litros aos 100 em ritmo de passeio com lotação esgotada, em estrada secundária. Na autoestrada, cruisecontrol ativo ligado e velocidades ajustadas aos limites, os valores sobem ligeiramente. Estes resultados foram conseguidos no modo Pure, a escolha económica. Além deste, pode optar por maiss quatro modos de condução: tração integral e off-road; Hybrid, uso diário; e Power, condução desportiva.

Pouco importa, seguramente, para quem pode utilizar um carro assim, ainda carregado de equipamento e tecnologia, que também “anda sozinho” dentro dos limites legislados e tem toda aquela panóplia de dispositivos de segurança comum nos Volvo.

Resta dizer que nos sentamos muito bem ao volante, podemos disfrutar também das massagens nos bancos dianteiros, a ergonomia não levanta problemas e aquele ecrã tátil vertical de nove polegadas que nos deixa controlar quase tudo e até abre o mundo da internet requer alguma habituação mas acaba por revelar-se bastante intuitivo e amigável. O painel de instrumentos também é digital e configurável.

Resumindo, este é SUV muito especial, inesquecível pelo patamar elevado do luxo, requinte e qualidade, mas que deve ser visto, antes de mais, como uma montra daquilo que a Volvo é capaz de fazer. E bem!

Luxo e exclusividade: parte 2

Loading the player...

 

FICHA TÉCNICA

Volvo XC90 T8 Excellence

Motor: 1969 cc, gasolina, híbrido, Plug-in, start/stop

Motor elétrico: 87 cv

Potência combinada: 407 cv (302+87)

Binário máximo: 400+240 Nm/2200-5400 rpm

Transmissão: integral; caixa automática Geartronic de oito velocidades

Aceleração 0-100: 5,6 segundos

Velocidade máxima: 230 km/h

Consumos: combinado – 2,1 litros aos 100

Autonomia elétrica: 43 quilómetros

Tempo de carga: seis horas (3,6 kW)

Emissões CO2: 49 g/km

Bagageira: 431 litros

Preço: 128 602 euros