Tipo é uma designação com história na Fiat, 39 anos, imagine-se. E sucessivamente recuperada mantém uma caraterística da primeira hora, o espaço, sempre a nível de relevo.
Com papel assinalável no “renascimento” da marca italiana entre nós, hoje e ao fim de um ano a representar mais de um quinto das vendas do emblema como que desperto pela notoriedade do icónico 500, o Fiat Tipo tem uma versão carrinha (SW) que reúne o suficiente para merecer ser vista com atenção. Pelo espaço, principalmente a habitabilidade, mas não só.
Para o provar guiámos a versão 1.6 diesel com 120 cv e caixa automática, forma de aliar uma motorização que os portugueses continuam a eleger como acertada e uma transmissão que já conquistou muita gente nos segmentos superiores e ganha adeptos entre aqueles modelos de maior volume.
Estilo simpático, elegante na postura em estrada, bom pisar, robusta a carrinha Fiat Tipo SW 1.6 Multijet II tem aquele toque muito italiano nos pormenores e uma sobriedade que parece trazer outras (boas) influências. É um daqueles automóveis que recebemos bem por mais do que pelas formas e pelo equilíbrio das proporções.
O interior é tipicamente Fiat e mesmo que a marca tenha empreendido um bem sucedido esforço no incremento da qualidade percebida, há muito plástico, tato suave, verdade, bem acabado também, mas a transmitir uma sensação de frieza que o estilo do conjunto tablier/instrumentação não merecia.
Enquanto carrinha e carro familiar, mesmo sem surpreender, este Fiat Tipo SW 1.6 Multijet II cumpre as obrigações
Ao volante sentimo-nos bem, não há “choques” de cotovelos, mas é atrás que o espaço surpreende, sobretudo ao nível das pernas. É difícil encontrar muito melhor, até porque o facto de os bancos serem mais altos (6 cm) abre outro horizonte a quem neles se senta, além de facilitar o acesso. Não é exercício virgem, mas resulta. Já a mala, com os seus 550 litros fica-se pela mediania e é uma surpresa que assim seja, pois os 20 cm que a carrinha tem a mais do que a versão de cinco portas levaria a pensar noutro resultado. De todo o modo, a versatilidade satisfaz, através do rebatimento dos bancos traseiros.
Os níveis de conforto são aceitáveis, mas, nada que surpreenda num Fiat, há que contar com alguma firmeza da suspensão, apesar disso capaz de absorver com naturalidade as irregularidades das estradas menos boas.
A insonorização traduz bom trabalho porque o diesel, bem audível no exterior, passa quase despercebido no habitáculo. Trata-se de um motor que não surpreende nas prestações, principalmente no arranque (10,4 s de 0 a 100), mas com um binário (320 Nm logo às 1750 rpm) que ajuda a uma condução fácil e descansada. Mais ainda com a caixa automática de dupla embraiagem e seis velocidades da unidade ensaiada. Não é um modelo de rapidez, mas tem grande suavidade, garantindo passagens sem sobressaltos. Comando limitado ao seletor na consola, pena que não tenha um modo Sport. Os consumos superam, naturalmente, os valores indicados de fábrica, mas o resultado não desmereceu: médias entre os 6 e os 6,5 litros aos 100, o resultado mais elevado em estrada secundária e praticando condução mais exigente para a máquina, que não prima pela agilidade mas também nunca compromete em curva e nas transferências de massa.
Um produto para agradar aos saudosos da Fiat, ainda que mesmo esses possam admitir faltar-lhe o temperamento desportivo de outros tempos. Mas enquanto carrinha e carro familiar, mesmo sem surpreender, este Fiat Tipo SW 1.6 Multijet II cumpre as obrigações. E o preço é competitivo para o nível de equipamento da versão Lounge, a mais rica, e a que guiámos.
Ficha técnica
Fiat Tipo SW 1.6 Multijet II
Motor: 1598 cc, turbodiesel,intercooler, injeção direta, start/stop
Potência: 120 cv/3750 rpm
Binário máximo: 320 Nm/1750 rpm
Transmissão: caixa automática, dupla embraiagem, seis velocidades
Aceleração 0-100: 10,4 s
Velocidade máxima: 200 km/h
Consumos: média – 3,9 L/100; estrada – 3,5; urbano – 4,5
Emissões CO2: 101 g/km
Bagageira: 550 L
Preço: 26 150 euros
