Mantenho a ideia de que é grande em tudo, o novo Touareg da VW. Agora guiei o menos potente (V6/3.0/231 cv) e mais barato (…). Obviamente, gostei! Mesmo ser grande adepto destes enormes SUV, acabo por registar sempre mais virtudes do que defeitos. E 12 500 euros de extras num carro de 86 mil, tem de ajudar a fazer ainda mais diferença. Um super Volkswagen!

Maior e mais largo, imponente nos seus 4,878 metros de comprimento, mais de duas toneladas, o Touareg impõe respeito na estrada e na cidade. Vê-lo ao nosso lado passa assim aquele sensação de deixa-me chegar mais para lá… ainda que o aspecto seja menos marcial e aquela dianteira a brilhar de cromados lhe confira um estilo que nitidamente namora outros mercados que não principalmente o europeu.

De todo o modo, gosta-se do trabalho realizado pelo brasileiro Arnaldo Cruzeiro da Silva, que deu fato novo ao Touareg. O automóvel tem a presença e classe exigível ao porta estandarte de uma VW apostada em apagar o mais depressa possível os efeitos do dieselgate.

O Touareg na versão menos potente é um SUV que deixa muito boa imagem, a juntar às capacidades dinâmicas notáveis para um automóvel destas dimensões e peso

E a resposta é muito mais do que apenas imagem e estilo. O SUV da marca alemã, assente na plataforma usada por Porsche Cayenne e Audi Q7, é um repositório de tecnologia, tanta que, às vezes, até parece exagero, mas a qual, sem dúvida, nos transporta para outra dimensão da condução e da vida a bordo. Não é novidade, claro, mas continua a impressionar e a deixar-nos seguros de que muito continuará a melhorar não apenas nos aspetos da propulsão.

Um ecrã em grande estilo

Designadamente no que respeita à informação a bordo e aos comandos da panóplia de ajudas propostas, agora em desfile num ecrã de 15 polegadas que dá continuidade ao painel de instrumentos, obviamente com várias configurações e mais 12 polegadas de informação digitalizada e apresentação vistosa. É o Innovision Cockpit, mais um extra que acredito poucos dispensem…

Com tudo isto, a bem dizer sobram os comandos rotativos dos modos de condução (Eco, Comfort, Auto, Normal, Sport, Individual – mais ainda com o pack off-road) e para regulação da altura da suspensão,  quando pneumática e capaz de baixar 4 cm só para tornar mais acessível o plano de carga. Tudo na consola como, de resto, ignição, auto-hold do travão elétrico e um potenciómetro para o volume do som, além, claro, do seletor da caixa automática…  O mais são os comandos agregados ao volante multifunções.

É um caminho cada vez mais seguido mas que, do meu ponto de vista, nem sempre trilha a via do mais prático e propicia a distração, até por não ser um primor do ponto de vista da ergonomia.

Conforto, bagageira e versatilidade em alta 

Ao nível do que os olhos vêem, ressalta ainda a qualidade percebida, o rigor da construção e a escolha dos materiais nesta versão Elegance muito enriquecida. É de encher a vista, mas não podia ser de outra forma a este nível! Falta nada para o conforto, tanto no ambiente, como no espaço de sobra, mesmo que, atenção, a ideia de transportar cinco pessoas não seja a mais ajustada – o túnel da transmissão é alto e a consola que transporta o ar condicionado bizona e duas entradas USB é bastante intrusiva. Mas isso também começa a ser assumido como normal.

Com uma bagageira muito aumentada (810 litros), a versatilidade de um banco traseiro de rebatimento tripartido (40x20x40), três regulações para a inclinação dos recostos, não pode pedir-se muito mais em versatilidade ao Touareg (até surpreende que não seja proposta uma versão de sete lugares). O plano de carga é alto, 80 cm (baixa 4 cm com a suspensão pneumática) e o acesso, claro, obriga a vencer um “degrau” menos simpático para os mais velhos.

Estradista de eleição

Enquanto máquina, este Touareg com 231 cv tem alma de sobra para cumprir com as exigências e deixar boa imagem. A elasticidade do motor, fruto de um binário considerável, 500  Nm (!) e a caixa automática tiptronic de oito velocidades, com patilhas no volante, (a DSG não aguenta o binário) asseguram a determinação própria de um grande automóvel. Resposta pronta quanto baste, passagens suaves, prestações razoáveis : 7.5 segundos de 0 a 100 e 218 km/h em velocidade de ponta. Está bem de ver, é outra coisa na versão mais musculada…

A receita chega e sobeja para um estradista de eleição e com um nível de conforto notável, sobretudo para aquilo que demonstra do ponto de vista da agilidade – marcante para um automóvel do estilo e com estas dimensões e peso. Tração integral, travões e direção ajudam no caso de se pretender uma condução mais desportiva, optando, claro está, pelo modo Sport. E é notável a forma como pode curvar-se com este peso-pesado e mesmo a forma como ele resiste às transferências de massas nas estradas mais empenhativas.

No fora de estrada, os 216 milímetros de distância ao solo (280 com a suspensão pneumática) abrem muitos caminhos ao grande SUV da Volkswagen, sobretudo quando se dispõe do pack off-road. Mas não me parece que quem compra um Touareg esteja fadado para experiências muito radicais.

Em termos de consumo, na estrada com quatro pessoas a bordo e andamento normal, o computador de bordo registou 7 litros redondos. Mas não custa chegar aos dois dígitos se quisermos atestar das capacidades dinâmicas destas duas toneladas de SUV de eleição.

Extras fazem muita diferença…

A versão Elegance conta, designadamente, com luzes dianteiras e traseiras em LED, cruise-control inteligente, câmara traseira, estofos em couro, ar condicionado bizona, luz ambiente, lane e side assist, sistema de monitorização de peões, navegação Discover Pro, barras no tejadilho e rede separadora de carga.

A versão ensaiada acrescentava os tais 12 500 euros de extras que fazem mesmo muita diferença – tanta que há os 15 segundos de condução semi-autónoma. A saber: Innovision Cockpit (2349 euros), Bola de reboque elétrica (1342 euros), suspensão pneumática (2 833 euros), vidros traseiros escurecidos (404 euros) depósito de combustível para 90 litros (107 euros), faróis LED Matrix (1858 euros), Pacote Driver Assistant Plus (338 euros),Easy Entry/Easy Close (1767 euros) e Pacote Ambiente (380 euros).

Em poucas linhas, o Touareg na versão menos potente é um SUV que deixa muito boa imagem, a juntar às capacidades dinâmicas notáveis para um automóvel destas dimensões e peso. Confortável, espaçoso, consumos razoáveis para um V6 de 3.0 litros tem nos extras uma tentação que o torna caro ao ponto de me parecer não desafiar o estatuto de outras ofertas.

FICHA TÉCNICA

VW Touareg 3.0 TDI 231 cv Auto Elegance*

Motor: V6, 2967 cc, turbodiesel (Euro 6), start/stop

Potência: 231 cv

Binário máximo: 500 Nm/1750-3000 rpm

Transmissão: integral, caixa automática Tiptronic 8 velocidades

Aceleração 0-100: 7,5 segundos

Velocidade máxima: 218 km/h

Consumos: média – 5,9 litros/ 100; estrada – 7,7;  urbano: 6,6

Emissões CO2: 173 g/km

Bagageira: 810 litros

Preço: 98 917 euros, versão ensaiada; desde 86 292 euros

*Concorrente ao Essilor Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal (categoria Grande SUV)