Tornei-me um defensor confesso dos novos motores de três cilindros a gasolina. Face a um horizonte carregado de nuvens negras para as motorizações diesel e enquanto nem todos podem aceder a um híbrido, esta parece ser solução razoável. Daí serem cada vez mais os construtores a incluírem esta opção na gama (Ford, Peugeot, Citroën, Renault, Nissan, Opel, Honda, Volkswagen, Skoda…).

O grupo Hyundai conta-se entre os aderentes à ideia, através de uma motorização 1.0 Turbo que já integra a oferta das duas marcas do gigante coreano. Na Kia, uma das opções, para já, é o novo Rio, melhorado no estilo, outra vez bem conseguido, e em muito mais na continuada afirmação do emblema cada vez mais popular e, ao que temos de admitir, não apenas devido à inigualável garantia de sete anos.

Com 100 cv de potência, 172 Nm de binário entre as 1500 e as 4000 rpm, o 1.0 T-GDI, tem acoplada uma caixa de cinco velocidades. Talvez seja esta a solução menos esperada, mas foi, com certeza, escolha ponderada. E o certo é que, como não há milagres, com quatro pessoas a bordo, este Rio pede o recurso ao selector para manter a vivacidade e revelar a generosidade de que é capaz. E registe-se que, para quem não esteja interessado em andamentos especialmente vivos, chega e sobeja. Cumpre o seu papel, na cidade e na estrada.

O Rio é mais um exemplo do continuado apuro de formas que tem ajudado a promover a Kia

Com menos peso a bordo, a diferença é grande. A resposta é mais pronta e torna-se natural o convite para outros andamentos, face à vivacidade dos 100 cv – e, por isso, também, damos mais conta da típica sonoridade do três cilindros! O ruído de rolamento, em autoestrada, por exemplo, também fica nos ouvidos, a revelar uma insonorização longe de ser perfeita. Importa lembrar, no entanto, que estamos num automóvel do segmento B e que diversos apelos importantes condicionam os produtos do género. Isto pesar de as soluções três cilindros não representarem, pelo menos por enquanto, a opção mais barata, ao contrário do que a lógica faria supor.

A quarta geração do Rio vai impressionar aqueles que conhecem bem a marca e mais ainda os outros

O argumento menos impressivo destes motores – e não se trata apenas desta proposta do Grupo Hyundai – são os consumos. É neste capítulo que devemos esperar um grande evolução. Sem exageros e aceleradelas desnecessárias na cidade, cumprindo os 120 regulamentares na autoestrada, conseguimos uma média de 7,6 litros aos 100, não é a pior entre a concorrência, mas deseja-se sempre menos. Com motores de maior capacidade conseguem-se valores semelhantes e e quase sempre com produtos mais baratos.

Assente sobre uma plataforma que nem dispensa um fundo quase plano, importantes  ajudas eletrónicas, receita de suspensão (rodas independentes com eixo de torção atrás) eficaz na resposta, bom comportamento em curva, nível de amortecimento que também assegura conforto, a quarta geração do Rio vai impressionar aqueles que conhecem bem a marca e mais ainda os outros.

Boa presença

Como escrevi na apresentação para o Motor24, pouco maior, um nadinha mais baixo, a quarta geração do Rio, cinco portas e dois volumes tem boa presença, “pisa bem” e apresenta volumetria e proporções que lhe conferem a ideia de construção robusta.

A típica grelha “tiger nose” identifica-o com a marca, mas a nova solução, mais afilada, transmite-lhe modernidade a juntar ao aspeto desportivo acentuado pela grande entrada de ar frontal que lhe dá muita força. Traseira mais direita, pilar traseiro estreitado, sempre a cintura elevada e uma generosa superfície vidrada rematam a imagem de um automóvel  com personalidade, daqueles que andam próximo dos consensos.
No interior, bem diferente, ambiente pautado pela horizontalização do tablier, a ergonomia melhorou, há menos comandos, o ecrã de sete polegadas assume papel fundamental, a imagem é interessante e muito honesta do ponto de vista da qualidade percebida.
O aumento das dimensões, aparentemente insignificante (15 mm no comprimento e 10 mm na distância entre eixos) foi aproveitado para conceber um interior tão diferente que o espaço para as pernas é maior (1070 mm à frente; 850 mm atrás), a redução da altura não roubou espaço para a cabeça e com a mesma largura ganhou-se ainda ao nível dos ombros. Por isso,  “respira-se” muito bem no habitáculo do Rio, ambiente agradável, bastante plástico é certo, mas um nível geral e materiais que não penalizam entre generalistas.
Em termos de espaço falta ainda dizer que há muito lugar para pequenos arrumos e a mala, com fundo falso, até cresceu (+37 litros) oferecendo 325 litros de capacidade, volume considerável  a este nível da oferta. O banco traseiro é rebatível na proporção 60×40 e assegura razoável versatilidade mesmo que não se conte com um fundo completamente plano.

Equipamento

O Kia Rio T-GDI está disponível apenas na versão TX, topo de gama que inclui um simpático nível de equipamento. Entre o mais significativo inclui-se assistência ao arranque em subida, start/stop, monitorização dos pneus, luzes de travagem de emergência, ar condicionado automático, volante em pele multifunções, ecrã tátil de 7 polegadas para gerir rádio, bluetooth, navegação, tomada de 12 v à frente, ligação USB e carregador traseiro através de ficha igual, sensores de luz e chuva, câmara traseira com sensores, luzes diurnas em LED e traseiras na mesma tecnologia, luzes direcionais em curva, jantes de em liga de 17 polegadas e pneu sobresselente temporário.

Ficha técnica

1.0  T-GDI

Motor: 998 cc, três cilindros, turbo, injeção direta
Potência: 100 cv/4500 rpm
Binário máximo: 172 Nm/1500-4000 rpm
Transmissão: caixa manual de cinco velocidades
Aceleração 0-100 km/h: 10,7 s
Velocidade máxima: 188 km/h
Consumos: média –  4,5 l/100; estrada – 4,2; cidade – 6
Emissões CO2: 109 g/km
Mala: 325 litros
Preço: 17 701 euros (campanha); depois – 20 201 euros