Digitalização levada quase ao extremo, tecnologia apurada com recurso à solução mild-hybrid, conforto, dinâmica próxima do exemplar e tudo isto vestido com o rigor da imagem própria de um Premium resultam no verdadeiro exercício de classe que é o novo Audi A 6 Limousine. Apetece dizer que todos os automóveis deviam ser um pouco assim. E mais baratos também…
A Audi continua a responder àqueles que consideravam que os seus modelos começavam a estar velhos. Eram muitos – e com razão. Mas a marca dos anéis apostou em dar-lhes novo brilho e a “limpeza” tem sido notável. Há outro rosto no emblema alemão e a quinta geração do A6 é, para mim, tão conseguida como foi revolucionário na imagem o modelo que lançou a família.
Presença marcante num estilo rejuvenescido, poder e classe, proporções notáveis em quase cinco metros (4,93 m de comprimento, por 1,86 de largura e 1,47 de altura) o novo A6 Limousine carrega tudo aquilo que é associável a um automóvel estatutário. A nova grelha singleframe, os faróis planos e grandes entradas de ar, combinação de grande agressividade na dianteira são apenas o princípio de uma diferença que, em termos simples, vai de fio a pavio. Um trabalho, no mínimo, apurado.
Um senhor automóvel, com todo o novo brilho do emblema dos anéis. Exemplo da aplicação do digital e das novas tecnologias para os Diesel, garante consumos simpáticos e comportamento exemplar em ambiente de conforto. Tem classe, mas a qualidade faz-se pagar caro e o equipamento devia ser mais rico
Basta abrir a porta para perceber que esta ideia transpõe-se para o interior, um ambiente minimalista de opulência – pele, alumínio, acabamento cuidado – com interpretação moderna, seja pela marca indelével da digitalização, pautada pelos dois ecrãs, como pelo design rigoroso e só não dizemos inovador porque está na linha do A8.
Aliás, a tentação é ver neste A6 um A8 mais pequeno e até nem surpreende que assim seja quando se sabe que mesmo a plataforma é uma versão curta daquela que serva de base ao porta-estandarte da marca.
Do Audi 100 ao A6 50 anos de história
Dimensões idênticas (cresceu 7 mm), o A6 é um mundo de espaço e habitabilidade, mas, atenção, atrás é mesmo só para dois, como executivo que se preze. Quem compra destes automóveis nem estranha, afinal importante é que o ar condicionado tem quatro zonas (opção) e, lá atrás, sobre um túnel largo e muito alto, há um painel também digital agregado à consola para a climatização automática. Quanto a conforto, estamos conversados, tanto atrás como à frente. Melhor fora… A bagageira, de abertura elétrica no interior, tem 530 litros de capacidade.
Tudo fácil e natural
Passando à prática, experimenta-se grande empatia ao volante do novo A6, parece que sempre o conduzimos. Excelente posição de condução, afinações (elétricas) a permitirem regular quase tudo, estamos em casa. Tudo tão fácil, tão natural que damos por nós a pensar como é possível tudo isto ao volante de um automóvel com quase cinco metros tal a destreza que permite um curvar assertivo associado a enorme sensação de segurança. Não estamos ao volante de um daqueles automóveis para ir à procura dos limites, mas fica a certeza de que, longe de ser um desportivo, o A6, que perdeu peso com mais alumínio e ganhou rigidez, aceita todos os desafios e, nas estradas serpenteantes, não se acanha – assim haja coração…
Estou a falar da experiência ao volante de um “simples” A6 40 TDI, o mesmo que dizer, par já, o Diesel de entrada na gama, com 2.0 litros e 204 cv geridos por uma caixa automática S tronic de dupla embraiagem e sete velocidades. Até pode parecer pouco para tanta nobreza, os números, especialmente do arranque (8,3 segundos de 0 a 100), até nem impressionam, mas mostrou-se o bastante para um estradista por excelência.
A caixa, com patilhas no volante, faz uma gestão criteriosa das solicitações do acelerador e do travão, explorando os generosos 400 Nm de binário para potenciar o conforto também na condução. E se já sabíamos que no grupo VW a transmissão automática de dupla embraiagem contribui para melhores consumos em situações diversas, é agradável constatar que, com quatro pessoas a bordo, em autoestrada e cumprindo os limites, torna-se possível um consumo de 6 litros aos 100 registado no computador de bordo. Num passeio por percurso suburbano, consegui mesmo 5,9. Verdade que é fácil gastar mais, depende da pressa que se tiver… Óbvio!
Importa lembrar que este motor, como acontece com a generalidade da gama, beneficia da tecnologia mild-hybrid. Neste caso, existe uma rede de 12 volts (48 nos V6) e o alternador funciona em conjunto com uma segunda bateria de iões de lítio. O sistema, o qual nunca leva ao funcionamento em modo elétrico, permite que o motor seja desligado entre os 55 e os 160 km/h e passe a“roda livre” aproveitando a inércia. Não dura muito tempo, ainda assim, é impressionante ver o ponteiro do conta-rotações ”cair” mantendo-se a velocidade. Duas bombas elétricas e um acumulador de pressão asseguram o acoplamento da embraiagem e das relações de caixa depois da fase de roda livre. É uma ajuda para melhores consumos (a Audi anuncia reduções que podem chegar aos 0,7 l/100) e menos emissões. Uma solução que vamos ver generalizar-se e, seguramente, evoluir.
A questão do equipamento
Este A6 oferece o Drive Select com cinco modos de condução – efficiency, confort, auto, dynamic, individual –, os quais permitem diferentes afinações da direção, suspensão e caixa de velocidades. A regulação é feita numa tecla que nos remete para o ecrã tátil superior do conhecido MMI, sistema muito diversificado mas também intuitivo. O ecrã inferior destina-se apenas à climatização. O painel de instrumentos é também ele digital e nesta versão limitado a duas opções de confuguração. O virtual cockpit está na lista de opções.
A versão que guiei tinha extras no valor de 10 905 euros (!), o que pagava o chamado pacote Advaced (Audi connect key, câmara de estacionamento, cortina traseira elétrica e laterais manuais, pacote de luzes e suspensão, com controlo de amortecimento), além de depósitos maiores de adblue (24 litros) e gasóleo (73 litros), navegação Plus com ecrã de 10,1 polegadas, sistema áudio Bang & Olufsen Premuim, alarme volumétrico, jantes de 19 polegadas e ar condicionado de quatro zonas. Não é tudo, mas, claro, faz diferença.
De base, conta-se com abertura e fecho elétrico da bagageira, ajustamento elétrico da coluna de direção, cruise-control, bancos dianteiros de regulação elétrica com memória para o condutor, estofos em combinação de pele, luzes LED à frente e atrás, MMI de navegação, retrovisores exteriores aquecidos, elétricos e com memória, sensores de estacionamento, volante multifunções com patilhas para comando da caixa. O mais depende da linha de acabamento, o que, na caso do Sport ensaiado, representava bancos desportivos, inserções interiores em alumínio, pacote de luz interior em LED e volante desportivo com três braços.
Este Audi A6 40 TDI Limousine é um senhor automóvel, com todo o novo brilho do emblema dos anéis. Exemplo da aplicação do digital e das novas tecnologias para os Diesel, garante consumos simpáticos e comportamento exemplar em ambiente de conforto. Tem classe, mas a qualidade faz-se pagar caro e o equipamento devia ser mais rico.
O novo A6 deu-se a conhecer nas estradas do Douro
FICHA TÉCNICA
Audi A6 40 TDI Limousine Sport*
Motor: 1968 cc, turbodiesel, mild-hybrid, start/stop
Potência: 204 cv/3750-4200 rpm
Binário máximo: 400 Nm/1750-3500 rpm
Transmissão: caixa automática S tronic, dupla embraiagem, sete velocidades
Aceleração 0-100: 8,1 segundos
Velocidade máxima: 246 km/h
Consumo: média WLTP – 5,8/5,3 litros/100 km
Emissões CO2: 152/139 g/km
Bagageira: 530 litros
Preço: 73 755 euros (versão ensaiada); Sport, 62 850 euros; desde 59 950 euros
*Concorrente ao Essilor Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal (Categoria Executivo do Ano)