Abarth 595 Scorpioneoro é giro

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É mais do que pequenino e engraçadinho. Um brinquedo e peras, o Abarth 595 Scorpioneoro, uma das séries especiais do ícone da Fiat. Com o motor 1.4 turbo vale 165 cv, o suficiente para proporcionar uma condução divertida e envolvente. Caro (32 882€) e gastador permite sempre defesa a quem o compra. Os prazeres não têm preço… e este foguete de bolso, com a sua placa identificativa dourada da série limitada a duas mil unidades, até pode ser um carro de coleção!

A imagem é conhecida, mas a decoração faz toda a diferença. Azul escuro, tejadilho em xadrez a condizer, linha dourado a toda a volta, o simbólico escorpião no capô e as grandes inscrições Abarth na mesma cor nas portas, o grande defletor traseiro, as duas saídas de escape integradas no para-choques específico e as jantes douradas de 17 polegadas, com pneus Michelin Pilot Sport marcam-lhe a personalidade e, sem dúvida, exaltam uma filosofia de ostentação.

No interior, as bacquets com bom apoio e a gravação identificativa dominam o ambiente, simples como convém a um desportivo. Nem tudo é perfeito, desde logo a posição de condução, muito alta, e o volante, com boa pega, afigura-se-me grande em demasia. É a forma de não penalizar a visão do conhecido painel de instrumentos circular. Também não faz sentido que a direção não se regule em alcance e que num brinquedo a celebrar a imagem desportiva, a ignição seja feita pela chave… Como também não se compreende que os comandos do computador de bordo sejam três botões na moldura do painel de instrumentos, que tornam a sua operação pouco fácil.

Prestações interessantes, comportamento e condução envolvente o Abarth 595 Scorpioneoro é um brinquedo muito divertido para quem pode ter um pequeno desportivo para aqueles dias em que é preciso libertar adrenalina. Já como automóvel do quotidiano… será uma questão de feitio

Mas, adiante. O Scorpioneoro foi trabalhado para dar nas vistas, como brinquedo especial que, sem ser uma máquina do outro mundo (na gama há ofertas de 180 cv!), é uma maquinazinha bem divertida e capaz e proporcionar bons momentos àqueles que apreciam uma condução desafiante. As prestações são ajustadas e ajudam a clarificar o quadro: 7,3 segundos para a  aceleração 0-100 e 218 km/h em velocidade de ponta.

Condução envolvente

Este Abarth tem aquele “feitio” atrevido das pequenas máquinas e envolve-nos facilmente na naturalidade de um desempenho em que brilha a relação peso/potência: são 1 110 quilos para os 165 cv e, mesmo sem uma caixa de relações super curtas – nem muito rápida, ainda que de fácil manuseamento e precisa –, ela acelera com alma, devora rotações num crescendo bem vivo e proporciona ritmos muito interessantes. Se é despachado q.b. nas ultrapassagens (o binário fica pelos 230 Nm/3 000 rpm) é muito desembaraçado naquelas estradas mais sinuosas. E seja nos encadeados mais empenhativos ou nas curvas longas a exigir muito apoio é um mimo a curvar. Tudo isto tem mais expressão no Modo Sport (atuado num botão no tablier) que altera a resposta do acelerador, assistência da direção e interfere com o próprio binário.

Suspensão durinha, pois claro, direção direta, travões eficazes, este é um daqueles pequenos automóveis de tração dianteira bem mandado. E o curioso é que, sem perder a frente, até deixa a sensação de fazer pequenos deslizamentos e derivas que levam à tentação de o guiar balanceando a carroçaria sem abanões. Sentimo-nos colados ao carro, curvamos com ele, confiantes e seguros, usando mesmo uma relação de caixa acima do que seria de pensar. E na saída, não lhe falta alma, na certeza de que “lá em cima” ele está em zona de conforto. Interessante. Sem ser um estouro, repito!

Convém referir que a suspensão deste Abarth combina uma solução independente, tipo McPherson, na dianteira, com um eixo de torção, amortecedores Koni e válvula de amortecimento seletivo de frequência atrás, e não dispensa as barras estabilizadoras. Os travões são perfurados e ventilados, com maior diâmetro à frente. São pormenores que ajudam à diferença como o filtro de ar BMC de altas prestações.

Consumos acima das expectativas

Passando à normalidade das coisas, na autoestrada e em cidade a dureza da suspensão nem penaliza especialmente o conforto. E a opinião é de quem se sentou a meu lado. Já os consumos são menos apelativos: em autoestrada, nos sacramentais 120 km/h, desta vez na “medida” do pedal pois não há cruise-control (há 60 anos os Fiat 600 tinham um acelerador manual…), o computador de bordo registou 7 litros redondos, e o consumo médio com um misto de tudo andará entre pelos 8/9 litros. Não é pouco, mas não há milagres e quem compra sabe ao que vai. E tem de contar com outra realidade: se imprimir andamentos muito fortes, os dois dígitos serão normais e pode até conseguir números que farão sorrir os seus amigos…

Em matéria de espaço, importa dizer o mesmo, o que não é surpresa para ninguém, a exemplo do que acontece com a capacidade da bagageira limitada a 185 litros. É claro que tudo isto conta pouco para quem faz uma escolha destas… Está avisado!

Em termos de equipamento, a oferta contempla estofos em pele e tecido, ar condicionado automático, instrumentos digitais com ecrã tátil de sete polegadas, incluindo navegação, Bluetooth, compatibilidade Apple CarPlay e Android Auto, serviços UConnect Live, sensores de estacionamento, luz e chuva, faróis de nevoeiro, vidros traseiros escurecidos, tapetes específicos, tejadilho com autocolante em xadrez e tampa de antena com lettering Abarth, linha dourada em toda a volta.

Prestações interessantes, comportamento e condução envolvente o Abarth 595 Scorpioneoro é um brinquedo muito divertido para quem pode ter um pequeno desportivo para aqueles dias em que é preciso libertar adrenalina. Já como automóvel do quotidiano… será uma questão de feitio.

O Scorpioneoro pretende prosseguir o legado do célebre A112 Abarth Targa Oro, do qual foram produzidas apenas 150 unidades. O A112 foi um pequeno Autobianchi, marca criada em 1955 e ligada à Fiat. Encerrou em 1995.

FICHA TÉCNICA

Abarth 595 Scorpionero

Motor: 1368 cc, gasolina, injeção indireta, turbo Garret, intercooler, filtro de ar de altas prestações

Potência: 165 cv/5500 rpm

Binário máximo: 230 Nm/3 000 rpm (modo Sport)

Transmissão: caixa manual de cinco velocidades

Aceleração 0 – 100 km/h: 7,3 segundos

Velocidade máxima: 218 km/h

Consumo médio: 7,4/8 L/100 km (WLTP)

Emissões CO2: 167/177 g/km (WLTP)

Dimensões: (c/l/a) – 3 660/1 627/1 485 mm

Peso: 1 110 Kg

Bagageira: 185 litros

Preço:  32 381€, com campanha; 34 381€ de base