A história tem uns anos. Altos e baixos, como tudo. Mas é feita sobretudo de perseverança. A mesma que permitiu a afinação de ideias concretizadas no projecto final: um supercarro! E o Adamastor Furia está aí, made in Portugal, para desafiar concorrentes num nicho muito especial do mundo automóvel, exclusivo, limitado – das pistas à estrada.
O Furia não deixa dúvidas. É pensado à imagem da competição. Da construção em compósito à imagem do GT, o projeto delineado faz cinco anos, depois de uns tantos de trabalho, experiências, criação de uma equipa, reunião de parceiros até à decisão final em 2019.
Daí nasceu a máquina motorizada por um V6 3.5 biturbo da Ford Performence que debita mais de 650 cv e o binário de 571 Nm. Acelera de 0 a100 e, 3,5 segundos e chega aos 200 km/h em 10,2 segundos. A velocidade máxima supera os 300 km/h.
A produção prevista está limitada a 60 unidades, à cadência de 25 por ano com uma equipa dedicada em exclusivo a cada carro. Dez serão versões de estrada, com elevado grau de personalização, na perspetiva do supercarro colecionável e com elevado potencial de valorização. É o objetivo normal neste tipo de produções. Por isso, também, o preço astronómico de 1,6 milhões de euros – e sem impostos. Muito? É metade de algumas ofertas do género e até contempla cinco anos de manutenção especial e gratuita.
E se pensarmos que pode haver já duas encomendas asseguradas nem será de estranhar que mais se sigam…
Números da máquina
A ficha técnica dá uma ideia mais pormenorizada do que estamos a falar:
Motor:3.5 litros, 6 cilindros em V, biturbo, de origem Ford Performance
Potência: + 650 cavalos
Binário máximo: + 571 Nm
Combustível: gasolina; compatível com combustíveis sintéticos
Velocidade máxima: superior a 300 km/h na versão de estrada
Aceleração de 0 a 100 km/h: cerca de 3,5 segundos
Aceleração de 0 a 200 km/h: cerca de 10,2 segundos
Downforce máximo: Race, 250 km/h – 1 800 kg; estrada, 250 km/h – 1 000 kg
Chassis: Fibra de carbono
Dimensões: c/l/a – 4,560/2,212/1,098 m
Peso: 1 100 kg (dry na versão Race)
Largura de vias – dianteira: 1 755 mm; traseira: 1 705 mm
Distância entre eixos: 2 800 mm
Suspensão: triângulos duplos desacoplados, mola helicoidal sobre amortecedor
(Afinações possíveis: toe, camber, caster, altura ao solo, roll stiffness, bump stiffness)
Travões: discos de 378 mm à frente e de 356 mm atrás; pinças de 6 êmbolos à frente e de 4 êmbolos atrás; Variação da força de travagem disponível na versão Race.
Equipamento de série: ABS e TC
Opções de personalização: grande liberdade de personalização, inclusivamente no design interior.
“O chassis #1 do Furia representa o início de uma nova era para a Adamastor, o ponto de partida a partir do qual irá concretizar a sua visão e estratégia, a de assumir-se como um dos principais players no exclusivo segmento dos supercarros, um fabricante de automóveis de baixo volume com indiscutível apelo emocional e elevadíssima performance, em estrada, mas também nos circuitos mundiais”
O sonho e o futuro
A equipa de trabalho que trabalha no Furia reúne 14 elementos com formação académica e profissional nas áreas da engenharia, produção e design – além de uma rede internacional de parcerias que lhe proporciona o acesso às mais recentes tecnologias – e está a trabalhar num centro de engenharia, na zona de Perafita, no Porto.
Uma área de trabalho de cerca de 2 225 metros quadrados, com um potencial de expansão até 5 000 metros quadrados que permitirá, no futuro, colocar em prática, de forma faseada e sustentada, o plano de crescimento da Adamastor, quer ao nível técnico, quer dos meios humanos.
Objetivo, explicam, é estabelecerem-se como um construtor de supercarros de baixo volume de referência, assumindo, igualmente, o posicionamento e compromisso de se afirmarem como um centro de engenharia de excelência, através do qual poderão proporcionar serviços de consultoria, projeto e conceção de tecnologia de vanguarda.
O caminho é a produção artesanal com recurso a soluções técnicas de vanguarda, desde as fases de desenho até à validação, passando pelo desenvolvimento e produção, além das capacidades e competências que lhe permitem, por exemplo, destacar-se como um dos principais intervenientes da indústria da produção de componentes em fibra de carbono para aplicação na indústria automóvel.
A equipa não tem dúvidas sobre o Furia: a função definiu a forma.
“O primeiro supercarro português nasceu de uma folha em branco e o processo de design foi integralmente liderado pelo responsável pela aerodinâmica – explicam. É esta a importância da aerodinâmica na performance de um supercarro e a Adamastor sabe-o bem. Com base no software CAD Siemens NX, o departamento de design desenvolveu, com total liberdade criativa, a elaborada carroçaria do novo Adamastor com vista à melhor eficiência e superior desempenho em condução desportiva.
Numa segunda fase, e depois de concebida a configuração base, a equipa do centro de engenharia da Adamastor dedicou-se a definir os espaços ocupados pelos principais componentes. Neste aspeto, foi essencial o trabalho dos restantes departamentos – dinâmica, powertrain, interior, estruturas – os quais criaram as soluções necessárias para otimizar o espaço de instalação, bem como a melhor performance dos respetivos componentes. As superfícies aerodinâmicas em fibra de carbono, o fundo com efeito Venturi – conceito responsável por uma grande parte do downforce gerado, permitindo prescindir de componentes como ailerons – e o design global foram igualmente otimizados através de simulação CFD – Computational Fluid Dynamics (125 casos diferentes, incluindo safety cases).
Muito trabalho em simulador
Recorrendo às mais evoluídas tecnologias e softwares de simulação, a Adamastor realizou mais de 30 mil voltas em simulador para afinar, ao detalhe, e evoluir a performance do seu supercarro, validando o comportamento do chassis e a sua dinâmica sob as condições mais exigentes de utilização. Foram inclusivamente definidos objetivos em termos de tempos por volta em simulador, registos que foram facilmente superados pelo supercarro da Adamastor. A equipa definiu, também, metas específicas em termos do desempenho dinâmico, focando-se em áreas como a essencial rigidez estrutural, o peso e a localização do centro de gravidade.
O chassis #1 do Furia agora apresentado representa o início de uma nova era para a Adamastor, o ponto de partida a partir do qual irá concretizar a sua visão e estratégia, a de se assumir como um dos principais players no exclusivo segmento dos supercarros, um fabricante de automóveis de baixo volume com indiscutível apelo emocional e elevadíssima performance, em estrada, mas também nos circuitos mundiais.
Ricardo Quintas, actual CEO da Adamastor, e Nuno Faria alimentaram o sonho que hoje reúne uma equipa dedicada, e o responsável pela empresa não quer admitir que está à frente de apenas “mais uma marca”. E dá conta, com paixão, da força da sua aposta, apesar de sermos um país com pouca presença na indústra da produção automóvel: “nada melhor do que levarmos o nosso produto para pista, para o meio dos chamados “tubarões”, de forma a mostrarmos a performance, resistência e resiliência do produto Adamastor.”
Demorou 50 anos a concretizar um sonho: “ter um carro feito por mim, pela minha equipa, um carro português.”
Aguardemos.