Dianteira de estilo único é aspeto menos consensual (Foto Astara)

Silhueta discreta e proporções ajustadas ao segmento (Foto Astara)

Traseira muito simples adota a faixa luminosa a toda a largura (Foto Astara)

Qualidade percebida é a surpresa num interior com tablier moderno (Foto Astara)

Instrumentação digital vulgar e um volante quadralizado (Foto Milhas/SP)

Ecrã central largo pouco rico em informação (Foto Milhas/SP)

Consola central com botão para o seletor de marcha não dispensa iluminação em LED (Foto Astara)

Acabamento cuidado, com pele sintética e frisos tipo alumínio martelado (Foto Astara)

Bancos em pele sintética pespontada cómodos mas com pouco apoio (Foto Astara)

Espaço não falta no banco traseiro, mas comodidade é para dois (Foto Astara)

Saliência no capô ameniza acentuada quadralização da dianteira (Foto Astara)

Faróis destacados em LED com design invulgar (Foto Astara)

Entradas de ar estão "agarradas" aos grupos óticos (Foto Astara)

Luzes traseiras construídas sobre grupos de barras (Foto Astara)

Fechos das portas destacam-se por aproximação do comando (Foto Astara)

Bagageira oferece excelente capacidade de carga e uma larga boca de acesso (Foto Astara)

Ficha de carregamento é dissimulada pela entrada de ar (Foto Astara)

Um emblema que promete nova oferta para breve (Foto Astara)

Bem apresentado, honesto, o Aiways U5, primeiro SUV elétrico chinês à venda em Portugal, consegue ser uma agradável surpresa, simplesmente porque supera as expetativas. Nem tudo é perfeito, há ainda um caminho a percorrer, mas vamos mesmo ter de estar atentos ao que mais virá do país da grande muralha. O preço estará acima do expectável para o particular, desde 51 058€ (34 931+IVA para empresas) e paga um automóvel que debita 204 cv e promete 400 km de autonomia combinada.

Com 4,84 o U5 até seria um SUV discreto não fosse aquela frente para mim pouco conseguida. Sei que há quem discorde, gostos não se discutem, mas  parece-me o pormenor menos consensual de um SUV com silhueta interessante e traseira equilibrada feita de uma superfície convexa “desfeita” sobre as rodas, e, claro, uma barra de luz a toda a largura. As jantes de 19 polegadas “calçam” muito bem. É mesmo um automóvel chinês original, sem nada que nos leve a pensar nas velhas soluções de fazer mais ou menos igual a outros…

No interior, registo para o facto de a qualidade percebida ser de bom nível. Bons plásticos, agradáveis e suaves ao toque, muito piano black, na consola e nas portas, onde, a par da iluminação em LED, à frente e atrás, encontramos também a pele sintética pespontada que também forra os bancos. A decoração vistosa com recurso a placas que sugerem o alumínio martelado valoriza a imagem que passa por um painel de instrumentos com três áreas distintas e um ecrã central tátil. Digitalização total, obviamente, três vistas para a instrumentação central, mais colorida do que prática, com grafismo vulgar e, incompreensivelmente, informações em dimensão dos carateres de livro de bolso.  O volante multifunções é quadralizado, enquadra bem no estilo, só é regulável em altura, mas tem boa pega.

Como se tornou habitual, a consola central é flutuante e, neste caso, muito larga. Com duas barras de LED a marginar, inclui um grande botão para o comando de marcha (R/N/D), com o acionamento do Parque ao centro, travão de mão elétrico com auto hold e assistência de estacionamento, além de dois porta copos. Para arrumos, existe um espaço sob o controlo digital da climatização e a caixa tapada pelo apoio de braços. O que sobra por debaixo, entre duas redes, é difícil de utilizar, como regra geral acontece. Não há porta-luvas!

Nem chave nem botão…

Pormenor curioso é a ignição: nem chave, nem botão. Basta sentarmo-nos, travar e acionar o seletor de marcha. Para sair, é colocar no “P” e tudo se desliga quando acionamos a chave fora da carro!

Em termos de habitabilidade, nada a dizer. Muito bem aproveitados os 2,80 m de distância entre eixos que, sobretudo atrás, oferecem espaço invejável para dois adultos, os quais ainda beneficiam do facto de poderem passar os pés sob os bancos da frente. Mesmo com fundo plano, um quinto passageiro é penalizado pela largura e, claro, pelo encosto do lugar central ser o apoio de braços, logo mais duro. Há uma saída de ar condicionado na traseira da consola que não é intrusiva. À frente também se respira desafogo.

Boa surpresa este Aiways U5 pelo que oferece de espaço, conforto, qualidade percebida e até equipamento. É despachado mas não serve para corridas, consegue consumos razoáveis e a sua autonomia real anda pelos 255 quilómetros. O preço, acima do esperado, paga um produto honesto

No que respeita à bagageira, oferta a considerar com 432 litros de capacidade mais três compartimentos sob o fundo falso que proporcionam outros 107 litros. O plano de carga espelha o facto de estarmos num SUV, pelo que é ligeiramente elevado. Ainda há uma caixa com 45 litros de capacidade sob o capô, ideal para transportar os cabos de carregamento.

Autonomia prometida de 400 quilómetros e 204 cv

Quanto à máquina, estrutura plana, bateria de 63 kWh entre os eixos, temos um motor síncrono de ímanes permanentes, montado a frente. Debita 204 cv e 310 Nm de binário e a autonomia anunciada de 400 quilómetros para o ciclo combinado. Com 1 770 quilos de peso, devido ao facto de grande parte da estrutura ser em alumínio, tem prestações na linha destas capacidades: 7,8 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h e 160 km/h em velocidade de ponta.

Cómodo a um nível inesperado, sem deixar de evidenciar alguma firmeza da suspensão, este U5, que responde pronto ao acelerador é, essencialmente, um bom rolador sem propensão para uma condução empenhada em zonas sinuosas. Nessa situação, muito devido a uma direção leve e pouco direta, revela facilmente a tendência subvirante própria de um tração dianteira. Este comportamento é até mais evidente no modo Sport, que lhe empresta outra vivacidade, à qual o U5 pode responder com menos eficiência de tração.

Não pretendendo fazer dele uma máquina para brincadeiras e corridas, comporta-se com honestidade e garante consumos interessantes. Utilizando o modo Eco – os outros são o Normal e Sport – consegui uma média final de 19,3 kWh, sozinho a bordo, ar condicionado ligado e percorrendo todo o género de percursos: cidade, estradas secundárias, vias rápidas e autoestrada, rolando a velocidades normais. O mínimo registado foi de 16,3 kWh e o máximo, em autoestrada – situação em que se ouvem alguns ruídos aerodinâmicos –. andou na casa dos 24 kWh. Percorri 120 quilómetros e gastei 47% da carga. Daí devermos considerar uma autonomia real de 255 quilómetros. Para um acumulado de mil quilómetros, o computador de bordo indicava um consumo médio de 20,6 kWh.

Despachado, o U5 tem a dinâmica que se espera de um SUV de características familiares (Foto Astara)

O U5 permite regular em três patamares a regeneração da bateria, sendo sempre preciso travar para o imobilizar. Conta também com um dispositivo que regula a sonoridade do motor em três níveis quando se roda a baixa velocidade ou em manobras de parqueamento.

Pronto para receber carga rápida a 90 kW, nesta situação carrega dos 0 aos 80% da capacidade em 35 minutos; a 6,6 kW são precisas 10 horas para atingir o pleno; e a 11 kW, 5/6 horas

Oito anos de garantia e muito equipamento 

A Aiways, que é representada pela Astara, dá uma garantia de oito anos ou 150 000 km para a bateria até aos 75% da capacidade e cinco anos ou igual quilometragem para a cobertura do U5.

Em termos de equipamento, o SUV chinês oferece pacote bem recheado. A saber e, entre outros: faróis Full LED com máximos automáticos, sensores de Luz e chuva, painel de instrumentos digital, ecrã central de 12,3 polegadas compatível com Apple CarPlay e Android Auto, Bluetooth, wifi, carregamento wireless, cruise-control inteligente e limitador de velocidade, travagem de emergência, aviso de ângulo morto, assistente de estacionamento automático, câmara de 360 graus, alerta de manutenção em faixa, sistema de controlo em descida, estofos em pele sintética com bancos aquecidos à frente, ar condicionado automático bizona, sistema de acesso sem chave, travão de mão elétrico com auto hold, portão com abertura e fecho automático e sensor de pé, tejadilho de abrir panorâmico, jantes em liga de 19 polegadas. Nada mau!

Boa surpresa este Aiways U5 pelo que oferece de espaço, conforto, qualidade percebida e até equipamento. É despachado mas não serve para corridas, consegue consumos razoáveis e a sua autonomia real anda pelos 255 quilómetros. O preço, acima do esperado, desde 51 058€ (34 931€+IVA para empresas) paga um produto honesto.

FICHA TÉCNICA

Aiways U5 Prime

Motor: elétrico, síncrono de ímanes permanentes Potência: 204 cv

Binário: 310 Nm

Bateria: 63 kWh (brutos), iões de lítio

Tempo de carga: 0 a 80% a 90 kW, 35 minutos

Transmissão: automática, velocidade única

Aceleração 0-100: 7,8 s

Velocidade máxima: 160 km/h

Consumo: média – 17 kWh

Autonomia: 400 km

Peso: 1 770 kg

Dimensões: (C/L/A) 4,68/1,865/1,70 m

Bagageira: 432 litros; 45 litros à frente

Preço: 51 058€; 33 900+IVA, para empresas, com campanha de financiamento