Presença e identidade no pequeno A290 (Foto Alpine)

Centro de gravidade mais baixo deixa-o agarrado à estrada (Foto Alpine)

Boas proporções num compacto com 3,99 m (Foto Alpine)

Ambiente sugestivo de cockpit bem conseguido (Foto Alpine)

Painel de instrumentos pode ter quatro fundos (Foto Alpine)

No ecrã central podem escolher-se os desafios (Foto Alpine)

Volante com três comandos apensos aos braços (Foto Alpine)

Tecla vermelha dá 30 segundos de overboost (Foto Alpine)

Consola segue a lógica do A110, com os botões de seleção de marcha (Foto Alpine)

Bancos desportivos com bom encaixe para o corpo e muito apoio lateral (Foto Alpine)

Tablier usa quatro materiais bem combinados (Foto Alpine)

Sistema de som da Diavolet com nove altifalantes e subwoofer (Foto Alpine)

Habitabilidade razoável, pouco espaço no banco traseiro (Foto Alpine)

Lugares da frente não merecem reparos (Foto Alpine)

Bagageira limitada a 316 litros com grande desnível para o fundo (Foto Alpine)

Assinatura luminosa original e inconfundível (Foto Alpine)

Taaseira mujito simples com "rabo de pato" (Foto Alpine)

Jantes de 19 polegadas com pneus específicos da Michelin(Foto Alpine)

Porta de carregamento à frente, do lado do condutor (Foto Alpine)

Bateria de 52 kW "casada" com plataforma específica para elétricos (Foto Alpine)

Tem presença e personalidade o pequeno Alpine A290, o primeiro elétrico das marca desportiva da Renault. É um citadino, recupera o apelo dos Hot Hatches e alimenta a ideia do pequeno rebelde, também brinquedo divertido para gente grande. Potências de 180 e 220cv, 300 Nm de binário, bateria de 52 kWh e autonomia na casa dos 380 quilómetros Pode chegar por volta fim do ano com preços a partir da casa dos 38 000€.

Com menos de quatro metros (3,99 m…), construído sobre a plataforma estreada pelo novíssimo R5, específica para elétricos e “casada” com a bateria que a preenche e reforça entre as rodas, tem familiaridades com o pequeno Renault, verdade, mas as diferenças suficientes em termos de apuro de estilo pera lhe marcar o caráter desportivo exigível num Alpine. Bem trabalhado.

Mais largo, as vias crescem seis centímetros e reforçam a postura em estrada, reforçada pelas jantes de 19 mm que o tornam mais “atlético”, sobretudo quando nos lembramos de que estamos face a um segmento B, um supermini como se dizia há uns bom anos.

Citadino mas também um hot hatch divertido, o A290 primeiro Alpine elétrico desenvolvido sobre a base do novíssimo R5 é uma proposta interessante para um nicho de mercado que procura o fulgor de outros tempos. Empatia fácil, agressivo q.b. e bem parecido promete tempero apurado e a tecnologia utilizada até ensina a conduzir… como num videojogo. Brinquedo para crescidos.

A agressividade da dianteira com os quatro faróis sublinhados pelos carismático “X” (a lembrar as fitas nos faróis dos “velhos” carros de ralis), assinatura luminosa original e inconfundível, a linha do capô arredondada como no A110, emprestam-lhe uma agressividade e identidade incomuns para um carro destas dimensões e sublinham o caráter desportivo deste brinquedo sério.

E com mais pormenores a ter em conta como difusor traseiro, muito bem trabalhado e o chamado “rabo de peixe”, solução que dispensa a utilização de um comum defletor aerodinâmico e empresta imagem discreta ao “junior” da família Alpine, que não dispensa as pequenas bandeiras francesas.

É um daqueles pequenos desportivos, para mim, claro, e gostos são o que são, com os quais se cria empatia à primeira vista e mais apelativo ainda quando abrimos a porta e nos sentamos ao volante, para entrar num ambiente muito high tech, bem aplicado num habitáculo em que nos sentimos bem e no qual não falta o toque de bom gosto e sóbrio requinte do savoir faire francês.

Volante muito especial e “incentivo” sonoro

O painel de bordo, herdado do R5, monitor alargado com dois ecrãs, instrumentação e infoentretenimento, curvo e virado para o condutor, grafismo bem trabalhado, telemetria a fazer a diferenças num softwaremais bem recheado agrada, a consola elevada e ao estilo do A110 com os três botões do seletor de marcha contribuem para um ambiente de cockpit apelativo. Mas é o volante, quadralizado, multifunções, com aquele “toque” racé dos três botões suplementares apensos aos dois braços centrais que nos transporta para outro mundo. Em cima, tipo trinco, vermelho vivo o comando do chamado Overtake que garante 10 segundos de boost e facilita uma ultrapassagem (recupera em 30 segundos). Em baixo, em estilo conhecido, dois botões: à esquerda, o Recharge, para afinar a regeneração (quatro níveis, a partir da roda livre); à direita, o comando dos modos de condução – Save, Comfort, Sport e Personal. Interessante e prático quando se pretende outra envolvência na condução.

Para isso, contamos com dois bancos que encaixam bem o corpo e oferecem aquele acréscimo de apoio lateral que faz todo o sentido num automóvel assim. E mais, para dar a cor devida ao A290. Não faltam os Alpine Driving Sounds, duas escolhas que levam para um habitáculo o “incentivo” do ruído do motor. Desta feita, nada de simulações de da música de um motor de combustão, pura e simplesmente o “sopro” próprio dois elétricos, amplificado e muito bem trabalhado, com dois níveis de escolha. Não deve ser para todos os dias e momentos, mas, sem dúvida, é bem conseguido e uma das propostas mais interessantes que ouvi até hoje. Bem feitoi!

Espaço limitado no banco traseiro

Menos impressivo é o espaço a bordo. Verdade que estamos num segmento B, mas se à frente não há razões de queixa, quem viajar atrás tem pouco espaço para as pernas e nem pode passar os pés sob os bancos da frente, tanta vezes uma ajuda. Cinco passageiros, pelo menos adultos de estatura média, também parece um exercício de boa vontade, apesar do fundo plano e da consola não ser intrusiva. O acesso e a saída estão igualmente longe de ser referenciais. Em rigor, nada que surpreenda num automóvel destas dimensões e com estas caraterísticas. A bagageira tem 316 litros de capacidade e um desnível bem grande para o fundo, o que não ajuda muito, sobretudo a descarregar…

E nada que conte muito para o “egoísta” que escolher este Alpine pelo lado de brinquedo do hot hatch que promete ser um pequeno rebelde com tudo quanto carrega e contribui para o mover. Ora bem, o A290 vai ser proposto com dois níveis de potência, 180 e 220cv (determinados apenas pelo software do motor), o binário é de 300 Nm. Em termos de prestações (há launch control), o mais rápido acelera de 0 a 100 em 6,4 segundos e ambos atingem os 180 km/h em velocidade de ponta. Pesa 1 476 quilos.

Compromisso prometedor

Parece um compromisso prometedor, sem aqueles exageros de potência que marcam algumas destas propostas e, no fundo, para mim, fazem pouco sentido num automóvel elétrico, por todas as razões que conhecemos ligadas à relação entre a autonomia e as prestações… Neste capítulo, antes da homologação, a Alpine promete uma autonomia até aos 380 quilómetros, nada que surpreenda.

Mas importa saber que estamos a falar de uma bateria com 52 kWh, que carrega a 100 kW, o que significa a possibilidade dea  levar dos 15 aos 80% da capacidade em meia hora ou recuperar 150 quilómetros em 15 minutos. O carregador embarcado é de 11 kW, garantia de que o carregamento da bateria dos 10 aos 80% do total faz-se em três horas e 20.

Na apresentação do A290, em Le Mans, com o ruído de fundo dos treinos das célebres 24 horas, a grande curiosidade para todos presentes era ir além de adivinhar o que o A290 promete enquanto máquina. É que ao combinado de um automóvel com baixo centro de gravidade, bem agarrado ao solo, suspensão multibraços atrás, jantes de 19 polegadas com pneus de generosas dimensões especialmente concebidos pela Michelin (verão ou inverno) para potenciar a relação entre a autonomia e as prestações, travões (by wyre) Brembo (pinças vermelhas), barras estabilizadoras nos dois eixos, o de trás, anunciado como suficiente móvel para responder ao alívio da pressão sobre o acelerador e corrigir a trajetória, um controlo de estabilidade desligável são condimentos que prometem “tempero” adequado para um hot hatch.

Um “mergulho” nos vídeojogos

E já agora registe que entre as funções disponíveis  numa “experiência digital imersiva” não falta o “coaching” para lhe dar indicações que permitem familiarizar-se com o A290 e ajudá-lo a encontrar o seu próprio ritmo (desde os reflexos adequados a cada momento até à gestão da derrapagem no acelerador); e o “Challenges” que lhe propõe desafios e níveis de progressão. Um autêntico “mergulho” do nos videojogos. E nunca tinha visto tantas referências a este mundo na apresentação de um automóvel…

No que respeita a ajudas de condução temos 26 ADAS e não vale a pena pormenorizar porque entre eles há tudo quanto hoje se pode exigir de um automóvel até de segmento superior.

O A290 é o primeiro membro da chamada Garagem de Sonho da Alpine que já tem previsto integrar um GT C-Crossover e, claro, um A110. O objetivo anunciado são sete automóveis. Este chega a Portugal no fim do ano, pode ser encomendado no verão, e terá um preço de entrada na gama da ordem dos 38 000€.

Citadino mas também um hot hatch divertido, o A290 primeiro Alpine elétrico desenvolvido sobre a base do novíssimo R5 é uma proposta interessante para um nicho de mercado que procura o fulgor de outros tempos. Empatia fácil, agressivo q.b. e bem parecido promete tempero apurado e a tecnologia utilizada até ensina a conduzir… como num videojogo. Brinquedo para crescidos.