Se há casamentos felizes, o Opel Astra e o novo três cilindros 1.2 de 130 cv que agora o move são bom exemplo. Equilibrado, cómodo, construção sólida até consegue despachar-se e ser económico, combinação que nem sempre é fácil.
Relação antiga com o Astra, companheiro de muitas horas, achei agora o hatchback que conduzi, chassis reafinado, senhor de uma suspensão mais ”adocicada”, menos seca do que é tradição nos alemães e na Opel. Bem sentado, com apoio correto, aquele ambiente conhecido, “entrei” depressa e com naturalidade neste renovado Astra. E parece-me que a empatia com este automóvel será fácil para a maioria.
Adepto dos tricilíndricos descobri até que este 1.2 Turbo – made in Germany, cabeça e bloco em alumínio, filtro de partículas – sem ser dos mais geniquentos pareceu-me entre aqueles que permitem bons resultados de consumo, pecha para muitos dos críticos destas motorizações.
Consegui 5,3 litros aos 100 no chamado percurso suburbano, andamento normal, e na autoestrada, aos regulamentares 120 km/h geridos pelo cruise-control, o computador de bordo marcou 5,5. Quando o sujeitei à “prova dos nove” e imprimi andamentos menos normais para o condutor de um familiar, é verdade que os números subiram para os 7,5. Ainda assim, a média geral final ficou-se pelos 6,3 litros aos 100. Honesto!
Escolha equilibrada este Astra 1.2 Turbo com o motor de três cilindros e 130 cv. Não é um velocista, mas tem coração de corredor de meio-fundo valoroso. Confortável e muito eficaz a curvar, ágil e bom de guiar, é despachado o suficiente e pode ser económico sem grande esforço
Sem ser, de facto, dos mais nervosos do género – faz 10,7 de 0 a 100, marca pouco impressiva –, o motor deste Astra está longe de não cumprir e importa sublinhar que responde bem às solicitações do acelerador, chegando com relativa facilidade às velocidades na casa dos três dígitos. E não se faz rogado em ir por ali acima… É o resultado de uma escolha de relações muito judiciosa para a caixa de seis velocidades, também ela Opel e com um toque muito agradável. É uma transmissão que permite aquilo que se chama um motor redondo, sem capacidade explosiva mas em que as rotações sobem com naturalidade. Impõe-se não esquecer que estamos ao volante de um familiar, automóvel adaptado a um compromisso que deve primar pelo equilíbrio. E faz isso muito bem. (Há outras escolhas para os mais nervosos…)
Direção mais direta e eficácia em curva
Em curva a “doçura” da suspensão voltou a surpreender por não penalizar a eficácia. Uma direção agora mais direta, com um tato invulgar para um automóvel deste tipo, contribui para uma condução viva, talvez mais do que se espera, nas zonas sinuosas, onde o Astra revela agilidade e transmite aquele sensação que se traduz em confiança.
A frente respeita a direção, a subviragem não vai além do que é natural e, depressinha, o Astra curva sem de descompor e dispensando grande trabalho do ESP, ou pelo menos aqueles repelões sentidos quando se pisa o risco. Muito bem! Não é fácil esta relação tão equilibrada entre a eficácia, com alguma assertividade em curva, e o conforto.
O resto é o que se sabe do Astra. Espaço à medida na dianteira e bem medido na traseira, com acesso fácil e sem qualquer penalização da altura apesar da inclinação do tejadilho.
Já a bagageira é que não surpreende. Sobra algum espaço sob o fundo falso – no caso desta versão penalizado pelas necessidades da aparelhagem Bose – mas a capacidade fica-se pela vulgaridade, nos seus 370 litros. Mantém-se a modularidade, com o banco traseiro a rebater nas proporções 60×40, o que pode permitir chegar aos 1210 litros.
Boa construção, muito plástico
O interior, pese o rigor da construção, pedia um nadinha mais de qualidade nalguns plásticos, mesmo que haja um toque de pele sintética pespontada na consola e uns apontamentos de piano black a amenizar algumas superfícies mais frias.
Elemento valorizador é a semi digitalização do painel de instrumentos – velocímetro, voltímetro e termómetro do óleo – com grafismo conseguido, mesmo nos instrumentos analógicos – conta-rotações, temperatura de água e nível da gasolina.
O ecrã central de oito polegadas é compatível com o Android Auto e o Apple CarPlay e utiliza a lógica habitual na Opel. Há um novo grafismo apara a navegação.
Equipamento merece atenção
Os bancos ergonómicos, forrados a pele e alcantara valorizam a versão Ultimate que guiei, com um toque desportivo dado pelo negro dos forros interiores, incluindo o tejadilho. A fazer a diferença no equipamento estão os faróis IntellliLuz de matriz de LED, fecho mãos livres, manutenção de faixa com correção automática, alerta de colisão dianteira e travagem automática de emergência. No caso, havia algum enriquecimento, com o sistema de alta fidelidade Bose (790 euros), câmara dianteira, com reconhecimento de sinais (250), carregador de telemóveis por indução (150), Pack inverno – bancos e volante aquecidos, entrada dupla USB atrás – (610) pintura metalizada (700) e jantes de 18 polegadas bicolores (600),
A oferta de série contempla em todos os Astra sensores de luz e de chuva, fecho centralizado, ar condicionado, apoio de braços regulável entre os bancos dianteiros, rádio IntelliLink Multimedia compatível com Apple CarPlay e Android Auto, programador de velocidade com limitador, sensores de estacionamento, espelhos retrovisores exteriores com regulação elétrica e aquecimento, e jantes em liga leve, entre muitos outros.
Escolha equilibrada este Astra 1.2 Turbo com o motor de três cilindros e 130 cv. Não é um velocista, mas tem coração de corredor de meio-fundo valoroso. Confortável e muito eficaz a curvar, ágil e bom de guiar, é despachado o suficiente e pode ser económico sem grande esforço.
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FICHA TÉCNICA
Opel Astra 1.2 Turbo Ultimate
Motor: 1.2 Turbo, três cilindros, gasolina, start/stop
Potência: 130 cv/5500 rpm
Binário máximo: 225 Nm/2000-3500 rpm
Transmissão: caixa manual de seis velocidades
Aceleração 0-100: 10,7 s
Velocidade máxima: 215 km/h
Consumos: WLTP – 5,5-6,2 L/100
Emissões CO2 : WLTP – 125-119 g/km
Bagageira: 370/1210 L
Preço: versão ensaiada, 29 940 euros; desde 24 690 euros