Partindo do princípio de que não há automóveis perfeitos, o Lexus IS 300h Sport+ é um daqueles produtos aos quais até se desculpam alguns defeitos, tamanho se revela o prazer da sua condução, o comportamento na cidade e na estrada, e a eficácia da motorização híbrida. Pelo menos, no que respeita aos consumos, pois em termos de performances parece legítimo esperar mais de um motor 2.5 capaz de, beneficiando do sistema híbrido, debitar uma potência combinada de 223 cv.
A questão ganha relevo porque estamos face a uma versão com a designação Sport, mas a propor uma abordagem diferente daquela que, por exemplo, é comum aos concorrentes premium europeus. Este Lexus não tem, de facto, a capacidade de explosão associável ao desportivo no Velho Continente, as performances não esmagam mas, ainda assim, importa dizer que estamos face a um produto de eleição. Sem dúvida! Aceitemos o Sport como argumento para alguma diferença estética e outro ambiente a bordo.
Suavidade de marcha assinalável, comportamento irrepreensível, respeitador das ordens do volante, muito agradável de guiar, este IS 300h Sport+ é um rolador de categoria, mesmo que, às vezes, o binário pareça “envergonhado” quando a estrada empina e se carrega no acelerador. Sente-se, principalmente, nos modos ECO e Normal, “disfarça” quando se aciona o Sport, há mais temperamento e vivacidade, e se esquece aquela quase necessidade de poupar combustível para que o automóvel nos convida quase ao jeito de desafio…
Variação contínua…
A transmissão, como de costume, é uma solução eletrónica da caixa de variação contínua, no caso associada a seis velocidades, patilhas no volante e modo Sport. Não é um modelo de rapidez e continua, apesar da constante melhoria, a fazer-se acompanhar de um “besouro” que a excelente insonorização dispensava. Quando se aciona o modo Sport e se lhe junta o conta-rotações como dominante no painel de instrumentos é ainda mais audível, também porque para este Lexus se expressar numa condução mais exigente é preciso andar pelas 5000 rpm.
Este Lexus não tem, de facto, a capacidade de explosão associável ao desportivo no Velho Continente, as performances não esmagam mas, ainda assim, importa dizer que estamos face a um produto de eleição
O resto ele domina muitíssimo bem com o auxílio do VDIM, um sistema de gestão eletrónica integrada que melhora o controlo de tração, atua ao nível do binário, acelerador, travagem e direção assegurando estabilidade notável. Está preparado para intervir antes dos limites e de forma pouco invasiva, o que ajuda a perceber o elevado nível na agradabilidade da condução. Eficaz! Para mais com uma suspensão de tecnologia cuidada (duplos triângulos sobrepostos à frente, multibraços atrás).
À medida que nos habituamos e a empatia aumenta, vêm a primeiro plano os números do computador de bordo que indicam os consumos. Na cidade, chegam a fazer sorrir, uma vez que, com a ajuda do modo elétrico, muito atuante, é possível chegar, sem dificuldade, a 6,2/6,3 litros. Na estrada, em ritmos normais, os valores andam pelos 7 litros. No modo Sport e à procura de alguma diversão, as coisas mudam de figura: 9.8! Entretanto, surpreende a facilidade de regeneração da bateria, quase sempre acima de meia carga.
Banho de qualidade
Ora, tudo isto é vivido num ambiente de verdadeiro quadro premium, qualidade exemplar dos materiais e projetada ao detalhe, sobriedade e classe sem espaventos forçados de luxo, no caso a fazer jus à designação Sport. Bancos desportivos, um volante multifunções com a dimensão e a pega certas, comandos à mão, um prático rato para navegar no ecrã de 10.3 polegadas encastrado no tablier, a complementar um painel de instrumentos invulgarmente simples e com três modos de apresentação. Pode parecer complicado, até porque há 56 botões e comandos (!), mas não, é tudo intuitivo e nada tem a ver com aquela ideia da árvore de Natal carregada de luzes. Bem feito!
Neste quadro, surpreende, por exemplo, que o travão de parque seja o “velho” pedal que parece uma obrigação para o conservador mercado norte-americano. Começa a desaparecer na gama em favor da simples solução elétrica, e talvez também acabe por aqui na família IS… Não faz sentido.
De resto, excelente posição de condução, espaço de sobra à frente e a garantir conforto a quem se senta atrás. Já a bagageira, com os seus 450 litros de capacidade, fica aquém do que deve exigir-se a este nível – mas não podem esperar-se milagres quando há que contar com a bateria num híbrido.
Recorde-se que esta é a terceira geração do IS que irá a meio da vida e foi alvo de uma cosmética que lhe reforçou o aspeto desportivo, neste caso potenciado por alguns elementos estéticos.
Quanto a preço, é um premium e estamos conversados: 56 700 euros, que pagam um automóvel bem equipado. A saber: sistema de abertura sem chave, botão start/stop, bancos desportivos em pele aquecidos e ventilados, volante multifunções em pele associado a memória elétrica de posição, cruise control, ar condicionado bizona, ecrã de 10,3 polegadas, rádio com dez altifalantes, Bluetooth também para streaming, sensores de estacionamento e câmara traseira com guias, jantes em liga de 18 polegadas.
Ficha técnica
Lexus IS 300h Sport+
Motor: 2434 cc, ciclo Atkinson
Potência: 181 cv/6000 rpm
Binário máximo: 221 Nm/4200-5400 rpm
Transmissão: caixa eletrónica de variação contínua, seis velocidades
Aceleração 0-100: 8,4 s
Velocidade máxima: 200 km/h
Potência combinada: 223 cv
Motor elétrico: 105 kW/300 Nm
Bateria: 650 volts, hidretos de níquel metálicos
Consumos: média – 4,6 litros/100; estrada – 4,8; urbano – 4,6
Emissões CO2: 33/101/107 g/km
Bagageira: 450 litros
Preço: 56 700 euros