Nem mais, nem menos – aquilo que se espera, atendendo à grande mudança na imagem do Audi A1. Chega a experiência ao volante do 1.0 três cilindros a gasolina de 116 cv – 30 TFSI. Mais masculino, mais desportivo e ainda mais espaçoso, moderno na imagem e no resto, é outra coisa este “audizinho” muito ágil e despachado q.b, que se guia com prazer e explora bem as caraterísticas de economia do motor “pequenino” do Grupo VW. O preço, desde 26 960 euros, é o problema do costume, até porque o equipamento pede sempre qualquer coisa mais…

O citadino da Audi faz parte daquele lote de automóveis de pequenas dimensões que dá gosto olhar. A mudança na imagem é de um contraste gritante, parece um automóvel para outro público, mais largo, mais baixo, menos redondinho, agressivo e desportivo, mas será talvez, simplesmente, outra forma de olhar a realidade, a partir de uma nova plataforma que faz crescer quase 10 cm a distância entre eixos e torna natural a oferta de uma carroçaria limitada às cinco portas. Há outra habitabilidade, mais desafogo a bordo, e um sentido prático apurado com uma bagageira de 335 litros (+ 65!) que até passa a ser das maiores do segmento.

Esta realidade também atende ao momento e importa ter em conta a dispensa das motorizações Diesel, na linha do que está a generalizar-se a este nível da oferta. É bom habituarmo-nos à ideia de que no citadino vão mandar outras preocupações ditadas pelo ambiente, ele mesmo e o outro criado pelas circunstâncias e algumas posições que nem todos explicam bem.

Este A1 30 Sportback 30 TFSI 116 cv é outra interpretação no conceito do pequeno Audi, citadino interessante, mais versátil, ágil e bem comportado, além de capaz de tornar económica a opção pelos três cilindros a gasolina. O preço é sempre óbice, até porque pede mais equipamento

Fica assim claro que o Audi A1 foi olhado de outra forma e assume papel bem diferente na oferta de uma marca em momento de renovação e rejuvenescimento. O que não muda é o entendimento da diferença associada a um emblema Premium, mesmo que o pragmatismo alemão seja às vezes extremado em apostas difíceis de pôr em causa, verdade, ainda assim a deixarem aquela sensação de que podia pedir-se um pouco mais.

Quer isso dizer que à vistosa imagem externa, jovem e atrevida, associamos um interior que surpreende também pelo arrojo e modernidade do design, pela democratização do digital e pela cor emprestada ao ambiente, marcado por alguma irreverência na alegria das combinações dos revestimentos. Bem feito!

Quando pedir mais é legítimo

Só que tudo isso, parece penalizado pela frieza do plástico, por melhor que ele seja e pese ainda todo o cuidado posto nos acabamentos e no detalhe. Não quer dizer que haja melhor, mas esta aproximação à realidade, a “descida à terra” é sempre mais custosa num Premium, até pelo fator preço… A qualidade nem está em causa, mas pedir mais a este nível tem sempre legitimidade. Frisos metalizados e revestimentos vistosos não devem ser tudo, por melhor que a combinação resulte – e é o caso!

Seja como for, é difícil não gostar, não valorizar as melhorias na aspeto prático do “carrinho” destinado a cumprir papel específico e para um público especial, que pode dar-se a alguns luxos, pois eles nem faltam no pacote que embrulha este A1 1.0 Sportback S Line que guiei e no qual quatro pessoas viajam com naturalidade e ainda sem grandes limitações no que respeita à bagagem e à modularidade interior do compromisso sempre especial de um sportback. Melhoria indiscutível!

A valorizar o ambiente, a interpretação egoísta do lugar do condutor, com a inclinação do tablier e a criação de um verdadeiro “posto de comando”, visão quanto a mim acertada num A1 pensado à luz do prazer que dele pode tirar quem se senta ao volante, ainda mais importante a este nível da vida automóvel. É um carro para um público jovem!

Passando à prática, os 116 cv do três cilindros, no caso geridos pela caixa automática de dupla embraiagem  S tronic de sete velocidades são receita equilibrada para o A1. Claro que está preparado e apto para muito mais, mas esta proposta de entrada na gama pauta-se pela honestidade.

As prestações são interessantes – 9,4 segundos de 0 a 100 e 203 km/h em velocidade de ponta – e a gestão da caixa S tronic é parcimoniosa, assegurando recuperações honestas e reduções razoáveis em face das travagens. Em utilização manual não se ganha muito, mas os mais nervosos terão outro “feeeling”, mesmo sem grande imediatismo na resposta.

Comportamento à altura das expetativas

No que respeita a comportamento dinâmico, uma resposta convincente. Naturalmente subvirante, mas com uma frente muito bem comportada, o A1, sempre exemplar em termos de agilidade, responde de forma assertiva e reage com naturalidade às “provocações”. Bom compromisso de suspensão, beneficiado pelo aumento da distância entre eixos e pelo aumento da rigidez estrutural, aí está um Audi à altura das expetativas!

Quanto a consumos, comprovei, uma vez mais, que este tricilíndrico do Grupo VW continua a ser entre as ofertas do género um dos mais convincentes. Em andamento “civilizado”, no respeito dos limites e ainda assim deixando muitos para trás, consegui 5,7 litros aos 100 no computador de bordo; quando procurei alguma diversão e forcei a nota andei pela casa dos dois dígitos. Não há milagres!

Em resumo, este A1 30 Sportback 30 TFSI 116 cv é outra interpretação no conceito do pequeno Audi, citadino interessante, mais versátil, ágil e bem comportado, além de capaz de tornar económica a opção pelos três cilindros a gasolina. O preço é sempre óbice, até porque pede mais equipamento.

Em termos de equipamento, o Audi A1 Sportback TFSI S tronic S line que guiei acrescentava ao preço 8900 euros em extras. Os mais relevantes eram os faróis em LED à frente e atrás, estes com “piscas” dinâmicos, e as jantes em liga de 17 polegadas, mas havia muito mais: ar condicionado automático, virtual cockpit, bancos desportivos com apoio lombar, cruise control, navegação, pintura bitom, volante desportivo e sistema de som Audi, além de umas minudências que os Premium continuam a fazer pagar. O equipamento de origem inclui o Audi Pre Sense frontal, que trava o carro automaticamente perante veículos, ciclistas e peões, assistente de manutenção em faixa com intervenção na direção, sensores de luz e chuva, painel de instrumentos digital, ecrã tátil de 8,8 polegadas e seis colunas, interfaces USB e bluetooth, volante multifunções, ar condicionado manual, retrovisores elétricos e jantes de 15 polegadas.

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FICHA TÉCNICA

Audi A1 Sportback TFSI S tronic S line 116 cv*

Motor: 999 cc, três cilindros, gasolina, injeção direta, turbocompressor, intercooler

Potência: 116 cv/5000-5500 rpm

Binário máximo: 200 Nm/2000-3500 rpm

Transmissão: caixa automática de dupla embraiagem S Tronic de sete velocidades

Aceleração 0-100: 9,5 segundos

Velocidade máxima: 203 km/h

Consumos: média – 4,8 litros/100 km; estrada – 4,2; urbano – 6

Emissões CO2:  111 g/km

Bagageira: 335/1090 litros

Preço: 34 230 euros (versão ensaiada); 30 TFSI, 26 960 euros; desde 24 966 euros

*Concorrente ao Essilor Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal (Categoria Citadino do Ano)