É mais despachado do que verdadeiramente rápido como provam as prestações. Mas N-Line não significa exatamente o mesmo que a designação N revelou da capacidade da Hyundai para produzir compactos desportivos. Mas é giro, muito giro o i10 mais musculado. Vistoso, agradável de guiar, tem a medida dos jovens para os quais promete ser divertido companheiro. O preço é que não perdoa o up-grade… 16 850 euros.

Ouvem-se bem os três cilindros do 1.0 Turbo mas não se dá pelas vibrações. Tem uma caixa que nem é tão curta como seria de esperar face aos 100 cv que o animam e à imagem apurada, mais agressiva e abrilhantada pelo N… Line que promete a desportividade. Quem estiver convencido de que encontrará uma pequena máquina, um mini explosivo desengane-se. Generoso, com certeza, ágil é claro, equilibrado também. Mas os 10,5 segundos de 0 a 100, mais que os 185 km/h em velocidade de ponta deixam perceber o que pode esperar-se do mais nervoso da família do pequeno Hyundai. Enfim, um kit desportivo que trabalha a imagem (e bem) e traz mais 33 cv de potência (a versão normal tem 67 cv).

Desilusão? Nada disso. Vamos lá por as coisas no sítio e descer à terra. Os 100 cv e os 172 Nm de binário máximo lidam bem com os 1470 quilos deste i10 que, além de desembaraçado na cidade, nos põe a sorrir nas zonas sinuosas onde curva de forma assertiva mesmo que possa sentir-se um nadinha a altura (que aumenta ligeiramente) na soma das proporções. Nada que assuste ou faça temer pela segurança.

Imagem desportiva e 100 cv para justificar a sigla N-Line, o pequeno i10 pode não ser uma maquinazinha nas prestações mas é muito divertido de guiar. Despachado e desembaraçado tem dinâmica que convence e o seu três cilindros até permite consumos interessantes

Para isso contribui a suspensão, firme, seca e mais audível do que seria de esperar. Mas é a garantia de um comportamento são e mesmo que, por vezes, nos encadeados ziguezaguentes o ESP seja chamado a intervir, sem repelões registe-se, a verdade é que este i10 curva depressinha, bem e nunca se descompõe. Ele “agarra-se” ao alcatrão e até desafia… Na óptica dos mais apressados, talvez a direção pudesse ter mais peso. Mas cumpre o seu papel.

Espaço e conforto em bom plano

Curioso que a firmeza da suspensão nunca põe em causa o conforto e prova disso a falta de razões de queixa de quem viajou atrás quando éramos quatro a bordo. Aliás, em termos de habitabilidade a oferta supera a expetativa, sobrando espaço razoável paras pernas dos passageiros do banco traseiro, dois de preferência para podermos falar em comodidade. A lotação, no entanto, é de cinco pessoas.

Menos brilhante, neste capítulo, é a bagageira limitada a 252 litros. O fundo falso, no caso, beneficiava da ausência da roda sobressalente, substituída pelo cada vez mais normal e, para mim, controverso kit de reparação de pneus.

A nota de surpresa, na minha ótica, defensor de que devia esperar-se mais dos três cilindros em termos de consumo – e bastante se tem progredido –, vai para a economia possível neste i10 musculado. Se a condução for o nível da diversão, os números são penalizadores, o que não pode constituir motivo de surpresa. Mas, em andamento normal, consegui, com quatro pessoas a bordo, consumos entre os 5,5 e os 6 litros em percurso com via-rápida, alguma auto-estrada e estradas secundárias. Não esperava! O acumulado para 400 quilómetros, num carro que vinha da rodagem era de 7 litros, ainda assim um número honesto para este motor e potência. A escolha das relações da caixa de velocidades é, com certeza, uma ajuda, neste aspeto.

Imagem bem trabalhada e o inevitável plástico

A grelha específica, que integra as luzes diurnas e o apuramento da maquilhagem no sentido de valorizar uma imagem desportiva, trazem evolução conseguida no estilo de um automóvel, que transporta  a “gracinha” própria dos mais pequenos em formas simpáticas e, acho, consensuais. As jantes de 16 polegadas dão uma ajuda, robustecem um carro que pela compacidade transmite razoável ideia de força. Sempre a evoluir o grupo Hyundai e a aproveitar dos talentos reconhecidos que tem recrutado na concorrência, numa prova de força e afirmação que não para de dar resultados.

No interior encontramos o festival de plásticos habitual a este nível da oferta e que já atinge segmentos superiores – é solução cada vez mais transversal. Não há uma superfície almofadada, nem no topo do tablier, mas a diferença tátil, o contraste das peças e o gosto na simplicidade dos detalhes para a diferença merecem referência. Elogio que deve estender-se ao nível da construção, pormenor de (bom) capricho para a marca sul-coreana.

O painel de instrumentos é dominado pelo conjunto velocímetro conta-rotações, ambos analógicos, inclui o computador de bordo e “cola” ao ecrã central com a informação própria para o segmento. O resto é a consola simples, um volante multifunções e a “bola” emblemática do seletor de velocidades.

Em termos de equipamento, a diferença passa pelas jantes de 16 polegadas, dupla ponteira de escape, volante e e seletor de velocidades com logótipo N, luzes de circulação diurna em LED, tecnologia também das luzes traseiras, ópticas de dupla projeção em halogéneo e pedaleira em alumínio. De resto, como na versão Confort, ecrã tátil de oito polegadas, bluetooth, reconhecimento de voz, compatibilidade com Android Auto e Apple CarPlay, cruise control, ar condicionado manual, portas USB e AUX. Quanto a segurança, alerta de arranque do veículo dianteiro, controlo automático dos máximos, aviso de manutenção na faixa de rodagem e travagem autónoma de emergência.

Imagem desportiva e 100 cv para justificar a sigla N-Line, o pequeno i10 pode não ser uma maquinazinha nas prestações mas é muito divertido de guiar. Despachado e desembaraçado tem dinâmica que convence e o seu três cilindros até permite consumos interessantes.

A garantia continua a ser de sete anos sem limite de quilómetros.

FICHA TÉCNICA

Hyundai  i10 1.0 T-GDI N-Line

Motor: 998 cc, três cilindros, turbo, gasolina, injeção direta, start/stop

Potência: 100 cv/4000 rpm

Binário Máximo: 172 Nm/1500 rpm

Transmissão: caixa manual de cinco velocidades

Aceleração 0-100: 10,5 s

Velocidade máxima: 185 km/h

Consumo: combinado WLTP – 5,4 L/100 km

Emissões CO2: combinado WLTP – 123 g/km

Bagageira: 252/1050 litros

Dimensões: (c/l/a) 3670mm; 1680mm; 1483mm

Peso: 1470 kg

Preço: 17 100 euros, com campanha de financiamento; PVP, 16 850 euros