Os monovolumes já não são uma moda, mas continuam a ter adeptos e caraterísticas que fazem deles automóveis especiais e diferentes. Para quem se deixa tentar pelo estilo, o BMW 216d Active Tourer, terá a virtude da sobriedade. Mas o que conta mesmo é o espaço e o motor três cilindros 1.6 diesel que garante preços interessantes para a indiscutível qualidade da oferta, se não “carregar” no equipamento.

A largura de que se beneficia à frente, a fazer esquecer os conflitos de cotovelos, e o espaço atrás para as pernas, a par com o desafogo proporcionado pela altura do tejadilho, pensando em quatro pessoas a bordo, claro, garantem um nível de conforto assinalável,  num habitáculo de ambiente simpático. O acesso está em bom plano, facilitado pela altura das portas, mas sem surpresa, há um ligeiro degrau a vencer, mais baixo do que nos SUV, mas um degrau. Pode contar para os mais velhos.

Com cinco passageiros, as coisas serão diferentes, tanto por ser alto o túnel da transmissão, como por ser estreito o espaço para quem se sentar ao meio, e o recosto, que também serve de apoio de braços, menos confortável. Nada que surpreenda – e quem pense nisso a este nível até pode optar pela versão de sete lugares (Grand Tourer)… Adiante.

Enquanto familiar, uma proposta com o peso do emblema, acabamento de qualidade, boa habitabilidade e versatilidade razoável, suspensão eficaz e um motor que, para padrões BMW, vale mais pelo aspeto da economia do que pelas prestações

Mas há mais a considerar, desde logo na versatilidade, com a possibilidade de avançar o banco traseiro. É uma solução que permite uma série de opções para jogar com o  espaço para bagagens e passageiros minimizando os custos de uma mala, a qual, sendo generosa (468 litros), não é das mais espaçosas do segmento. Conta com um grande alçapão, quando se dispensa o pneu sobresselente.

O banco traseiro rebate na proporção 40x20x40 e o seu acioamento é muito simples, bastando puxar as duas alavancas colocadas nas bases de encaixe da chapeleira rígida, com aqueles esticadores a permitirem-lhe acompanhar o movimenta do portão, amplo, o que facilita as operações de carregamento, simplificadas também pela altura do plano de carga. A inclinação as costas dos bancos também pode regular-se, usando as alças, junto do assento, usáveis ainda para recolocar o banco na posição original. Na mala, além da luz, não falta uma entrada de 12 v.

Ambiente sempre especial

Por dentro, a típica imagem BMW e aquele ambiente muito especial que, na versão Sport, conta com bancos desportivos com mais apoio e o revestimento negro do tejadilho. A qualidade percebida do costume, plástico almofadado, pele com pespontado no tablier e na consola, frisos em alumínio escovado, a iluminação em LED que propicia ambiente agradável. Espaços para arrumação não são muitos e aquela solução do apoio de braços dianteiro deixar à vista a caixa que acompanha na consola é solução discutível.

A instrumentação tem o estilo desportivo habitual e o ecrã central, pequeno tablet flutuante, neste caso com a navegação, continua, e muito bem, a ser comandado através do botão do i-drive, colocado na consola, que gere um software simples mas bem carregado de funções.

Da posição de condução, obviamente elevada, importa dizer que não se vê a frente, resultado mais da estética comum aos monovolumes, do que da falta de regulações, seja do banco, nesta versão Sport até os apoios laterais são ajustáveis eletricamente, como do volante, afinável em altura e profundidade – e já agora com pega agradável e dimensão adequada.

A máquina começa logo por uma diferença na BMW: o Active Tourer é um tração dianteira, pelo que não deve estranhar-se alguma tendência subviradora. Nada que arraste qualquer preocupação ou dificuldade na condução, mas outro comportamento. O monovolume bávaro é muito ágil, responde pronto à direção e nas curvas mais largas e rápidas, sem surpresa, acusa ligeiramente a altura, apesar da excelência da suspensão. Daí alguma inclinação em curva, mais atividade do ESP quando se pisa o risco e a tendência para levantar o pé.

Prestações vulgares, consumos razoáveis

O 1.6 turbodiesel de três cilindros é um motor honesto, mas acusa o peso do carro, por exemplo em relação ao Série 1. Por isso, impressiona pouco nas recuperações. As prestações, aliás, são vulgares, desde logo os 11,1 segundos na aceleração 0-100. A caixa de velocidades, com a marcha atrás ao lado da primeira, não devia dispensar um sistema de apoio ao engrenamento. É claro que tudo se resolve com o tempo e a habituação…

A questão é saber se quem compra o espaço, a qualidade e a imagem de um Active Tourer e não precisa de fazer “umas flores” em andamentos muito rápidos necessita de mais. Provavelmente, não e, para esses, mais importante, afinal, será ir de passeio ou de viagem e registar uma média de 6 litros aos 100 em estrada e autoestrada com quatro pessoas a bordo, segurança e um bom nível de conforto. Acrescentando uns bons quilómetros em cidade chegou aos 6,4. Sem respeito pela economia, atingiu 6,8. Mas, não havia necessidade…

É tudo uma questão de bolsa porque, afinal, esta versão Sport, que tão boa imagem deixa na memória, fazia pagar caro a diferença do equipamento, obviamente ajuda a outra vivência do automóvel: 6500 euros em extras, atiravam o preço para os 40 265 euros! Volante desportivo multifunções em pele, pneus runflat, jantes de 17 polegadas de raios em liga, ar condicionado automático, cruise control com travagem, faróis e luzes de nevoeiro em LED, assistente de estacionamento, navegação e hotspot wifi, entre outras facilidades custam sempre caro na BMW. Quem as dispensar pode ter um Active Tourer a partir dos 32 270 euros. Faz a sua diferença…

Enfim, enquanto familiar, uma proposta com o peso do emblema, acabamento de qualidade, boa habitabilidade e versatilidade razoável, suspensão eficaz e um motor que, para padrões BMW, vale mais pelo aspeto da economia do que pelas prestações.

FICHA TÉCNICA

BMW 216d Active Tourer Sport

Motor: 1496 cc, três cilindros, turbodiesel, injeção direta, start/stop

Potência: 116 cv/4000 rpm

Binário: 270 Nm/1750-2250 Nm

Transmissão: dianteira, caixa manual de seis velocidades

Aceleração 0-100: 11,1 segundos

Velocidade máxima:195  km/h

Consumos: média – 4,3 litros/100; estrada – 4,1; urbano – 4,6

Emissões CO2: 112 g/km

Bagageira: 468/1510 litros

Preço: 40 265 euros, versão Sport ensaiada; desde 32 270 euros