Porta de carregamento à frente é a diferença (Foto BMW Press Club)

Cumpre, não arrasa mas é difícil retirar o BMW 320e das boas propostas Plug-in no cotejo dos Premium. O “segredo”, já se sabe, é ter a bateria carregada todos os dias! Assim, temos um BMW com a qualidade reconhecida, 204 cv, razoável autonomia elétrica, capaz de consumos interessantes, que faz jus a uma dinâmica superior e alcança prestações condizentes apesar do aumento do peso. Os preços começam na casa dos €50 000, mas as tentações são muitas…

É um série 3 igual aos outros. No caso com pack M (€6 211) e umas  jantes de 19 polegadas (€662) que lhe conferem outra postura na estrada. E ficamos esclarecidos quanto a tentações e preço de um BMW com outro apelo desportivo, mesmo estando em causa uma proposta em que a economia anda a par do mais politicamente correto…

Dotado do quatro cilindros 2.0 litros que equipa o 330e, neste caso limitado a 163 cv, ajudado por um motor elétrico de 113 cv e com uma bateria de 12 kWh, o 320e vale 204 cv e 350 Nm de binário, geridos por uma caixa automática de oito velocidades. É uma combinação ajustada aos 1 815 quilos, que não impedem uma aceleração 0-100 em 7,6 segundos e 225 km/h em velocidade de ponta, prestações “à medida” do familiar bávaro.

O BMW 320e é a imagem do Plug-in Premium, o automóvel bem construído e requintado q.b., capaz do ponto de vista dinâmico, potente e económico à medida da disposição do proprietário que não deve esquecer-se de carregar a bateria diariamente… Doutra forma, faça as contas!

Para quem compra um Plug-in, importante, no entanto, são as outras prestações e, para esses, fica já o registo de a autonomia elétrica garantir, sem dificuldade, 44 quilómetros no percurso suburbano, com quatro pessoas a bordo e ar condicionado ligado. Razoável, e mais ainda se soubermos que, quem o usa quotidianamente assegura que se consegue mais, havendo essa preocupação e também a “ajuda” de um percurso mais citadino. A BMW anuncia entre 52 e 61 quilómetros!

Excelente capacidade de regeneração

Já em modo híbrido e contabilizando a ajuda da bateria, podem conseguir-se menos de três litros aos 100, mas adotando toadas calmas e conduzindo de forma a aproveitar todas as situações que permitam potenciar a regeneração da bateria, aliás um dos aspetos em que o sistema se revela muito eficaz. Num andamento normal, para os meus primeiros 100 quilómetros, o computador de bordo registou 5,6 l/100, aceitável sabendo o que está sob o capô…

Os restantes valores em modo híbrido, com bateria descarregada, apontaram para 7 litros redondos em autoestrada, a 120 km/h com cruise-control ligado. Na estrada, também com o ar condicionado ligado, os valores oscilaram entre 6,4 e 6,6 l/100, com um aspeto a realçar: em qualquer dos percursos cerca de 1/3 foi cumprido em modo elétrico (!), o que comprova a excelente capacidade de regeneração.

Do ponto de vista dinâmico, verdade que se nota o acréscimo de peso, mas, ainda assim, o 320e tem desembaraço mais do que suficiente e continua a convencer em curva, mesmo naquelas zonas mais estreitas e ziguezagueantes, onde é possível desligar as ajudas e sentir a traseira deslizar. Ainda assim, o permissivo controlo de estabilidade da BMW permite, a quem o deseje, juntar algum “frisson” à condução muito agradável proporcionada por este Plug-in. Na versão M, não falta a suspensão adaptativa nem as patilhas no volante da caixa Steptronic a permitirem outra relação com o automóvel, mesmo que a gestão automática da transmissão dispense reparos pelo acerto da resposta e a escolha da relação adequada a cada momento. Acrescenta confiança a quem está ao volante.

Reparos só para a travagem, a qual, mesmo no caso dos veículos com Pack M, que equivale a travões desportivos, deixar aquela sensação de o sistema ser pensado de modo a potenciar a regeneração e, logo, menos assertividade e aquela sensação de um pedal esponjoso.

Em modo Sport também “voa” a carga da bateria

O 320e acrescenta ao modo Electric as opções Hybrid, Adaptative e, claro, Sport este que permite explorar os 204 cv na plenitude, combinando a ação dos dois motores, atuando sobre a direção, acelerador e prontidão da caixa. Faz diferença em tudo, até na rapidez com que “voa” a carga da bateria…

No modo Hybrid, o sistema recorre muitas vezes ao motor elétrico, como já se percebeu, mas a uma aceleração mais forte, e quase sem se dar por isso, a não ser pelo ruído, o motor a combustão comanda as operações. De todo o modo, a insonorização anda próximo do exemplar.

O sistema permite a reserva de energia elétrica para a utilização onde ela faz mais sentido, em cidade, e limita a 140 km/h a velocidade em modo elétrico. Habitual nestas propostas.

Igual por fora e por dentro aos restantes Série 3, o 320e tem um sistema de infoentretenimento adaptado à eletrificação, daí não faltarem os dados de consumo específicos e o grafismo com o funcionamento do sistema, que nos mostra os fluxos de energia e o estado da bateria. É um sistema simples e intuitivo, com a vantagem de podermos a continuar a centrar os comandos no grande botão giratório na consola, que é acompanhado pelas teclas de atalho. Para mim, como deve ser…

De resto, aquele ambiente germânico, feito de rigor, neste caso enriquecido pelo volante M e pelos confortáveis banco desportivos em alcantara e pele.

Em termos de espaço, o bastante para se falar em conforto, ainda que atrás a consola seja algo intrusiva e possa tornar menos agradável uma viagem com cinco pessoas a bordo.

Já a bagageira é muito penalizada pela colocação da bateria sob o banco traseiro: são 375 litros de capacidade, quase menos 25% do que nas versões com motor de combustão (480 litros). Merecedor de reparo igualmente a capacidade do depósito, limitado a 40 litros, o que se traduz numa redução da autonomia.

Em termos de equipamento, além do pacote M e das jantes de 19 polegadas com pneus runflat, ar condicionado automático, vidros com proteção solar, sistema de acesso Confort, luz ambiente, frisos em alumínio, cruise control com função de travagem, luzes LED com máximos automáticos, faróis de nevoeiro também em LED, assistente de estacionamento com câmara, vidros com proteção solar, conectividade com Android Auto e Apple CarPlay, carregamento wireless, Bluetooth, hotspot WiFi e BMW Live Cockpit Professional, com navegação.

O BMW 320e é a imagem do Plug-in Premium, o automóvel bem construído e requintado q.b., capaz do ponto de vista dinâmico, potente e económico à medida da disposição do proprietário que não deve esquecer-se de carregar a bateria diariamente… Doutra forma, faça as contas!

Os tempos de carga anunciados pela BMW são de seis horas a 2,3 kWh e 3,6 horas a 3,7 kwh, o que significa recorrer a wallbox ou posto público

 

FICHA TÉCNICA

BMW 320e Pack M

Motor: 1 998 cc, injeção direta, turbo, gasolina, híbrido plug-in

Potência: 163 cv

Motor elétrico: 113 cv

Bateria: 12 kWh, iões de lítio

Potência combinada: 204 cv

Binário máximo: 350 Nm

Transmissão: Automática, Steptronic de 8 velocidades, patilhas no volant

Aceleração 0-100 km/h: 7,6 segundos

Velocidade máxima: 225 km/h (140 km/h em modo elétrico)

Consumos: misto – 1,3/1,8 litros/100 km

Emissões CO2: 29-41 g/km

Autonomia elétrica: 52-61 km (WLTP)

Carregamento: 6 horas a 2,3 kWh; 3,6 horas a 3,7 kWh

Dimensões: (c/l/a) 4 709/1 827/1 442 mm

Peso: 1 815 kg

Bagageira: 375 litros

Preço: €60 056, versão ensaiada: €50 360, versão base