Não há volta a dar. Os híbridos mais “chiques”, a partir de reputadas limusinas, são menos gastadores, menos poluentes, mas não fazem milagres. Com a chegada dos Plug-in conseguem-se habilidades significativas. Prova disso, o BMW 530e iPerformance. Com a bateria carregada, gastei 2,4 litros aos 100 (!) nos 38 quilómetros que durou a carga, entre a autoestrada e umas voltas em Lisboa.
Ora bem, se pensarmos no Série 5 de alguém que guarda a capacidade dos 252 cv de potência combinada, que oferece o quatro cilindros de 2.0 litros mais o motor elétrico para outra utilização que não aquela do quotidiano trabalho-emprego, tudo bem. Faz sentido pagar o mínimo de 64 390 euros por este BMW, “abate-se” de forma considerável o diferencial de preço se houver a possibilidade de carregar a bateria, preferencialmente também no local de trabalho, operação que se faz em tempo aceitável, entre 2 horas e 45 minutos e 4 horas. E, claro, contribui-se para um ambiente melhor.
Um Série 5 ambientalmente mais correto, interessante enquanto Plug-in e com autonomia razoável; um híbrido evoluído, capaz de um compromisso equilibrado entre a economia e as prestações
Acabada a carga suplementar e quando ficamos “confinados” ao híbrido, o 530e ainda consegue resultados interessantes e, com muito juízo, em ritmo de passeio na autoestrada, com quatro adultos a bordo, permitiu-me deixar registada no computador a média de 7,9 litros aos 100 em 353 quilómetros, dos quais 92,9 tinham sido feitos em modo elétrico. Interessante, sem dúvida, mesmo os 8,2 finais em 459,4 quilómetros, dos quais 110 “à boleia” da bateria que regenera com relativa facilidade.
Sete modos de condução
Tudo isto, foi conseguido utilizando maioritariamente o modo ECO PRO. Os outros são Comfort, Sport e Adaptative. Acrescem as opções próprias de um híbrido de gabarito, no caso: Maxi eDrive para condução puramente elétrica e um máximo de 140 km/h; Auto eDrive, para otimização do sistema, com velocidade limitada aos 90 km/h; e o Battery Control que permite o rendimento máximo do sistema em termos prestacionais – esta opção é gerível a ponto de até permitir armazenar carga e recarregar a bateria em movimento (com custos no consumo, claro). E quando o ponteiro do mostrador do lado direito do painel de instrumentos atinge o limite e “toca” o eboost, o 530e, ainda que sempre um carro suave, cómodo, estradista por excelência, revela um temperamento à altura dos 252 cv (a mesma potência do 350i).
A minha dúvida é saber se, perante tantas opções, quem compra um Série 5 conduz sempre ao ritmo de passeio que marcou a minha experiência ao volante. E isto porque, como ficou claro, apesar dos 230 quilos a mais que implicam o sistema de hibridização do 530e, as prestações continuam a ser convidativas – 6,2 segundos de 0 a 100 e 235 km/h em velocidade de ponta são números esclarecedores –, o binário ajuda e a caixa automática ZF Steptronic de oito velocidades tem naturalmente um escalonamento adequado.
Do ponto de vista dinâmico, é natural que o aumento de peso também faça diferença no comportamento em curva, mas nada, valha a verdade, que belisque sequer a tradicional eficácia dos BMW e toda uma filosofia que lhes confere reconhecido caráter desportivo.
Bateria rouba espaço na mala
As diferenças para o Série 5 normal, confinam-se, no interior, à informação própria, que significa um painel de instrumentos digital diferente e, no ecrã central, comandado pelo prático iDrive, os menus adequados a um híbrido, com vários diagramas ilustrados com desenhos do automóvel.
No exterior, a indicação eDrive aparece no pilar traseiro, além de como é habitual na casa, no lado direito da tampa da mala. Outro pormenor diferenciador e interessante são as opcionais barras azuis na tradicional grelha do duplo e rim (por cá, a maioria manda retirá-las).
A adaptação do eDrive levou à colocação das baterias sob o banco traseiro e parte da área da bagageira, o que implicou a redução em 120 litros da capacidade de carga. Ainda assim, sobram 410, valor razoável para um compartimento bastante fundo e curto, mas, claro, penalizado na altura. Os cabos de carga estão num compartimento sob o fundo.
Este Série 5 não pode considerar-se mal equipado, ainda assim, a unidade que guiei conseguia reunir mais de 8 mil euros em extras. A diferença maior era o Pack M (3 869 euros), que significa, entre muitos pormenores, jantes de 19 polegadas, pneus runflat, travões desportivos, bancos e volante desportivo, apêndices aerodinâmicos. Para ajudar na diferença, ainda o Pack Business Plus (1 414 euros), que inclui, designadamente, a navegação profissional com informação em tempo real, serviço concierge, carregamento wireless e hotspot wifi. A pintura metalizada brilhante e os estofos com costuras exclusivas valiam mais 869 euros.
E o que sobra de tudo isto? Pois, um Série 5 ambientalmente mais correto, interessante enquanto Plug-in e com autonomia razoável; um híbrido evoluído, capaz de um compromisso equilibrado entre a economia e as prestações.
FICHA TÉCNICA
BMW 530e iPerformance*
Motor: 1998 cc, injeção direta, turbo, intercooler
Potência: 184 cv/5000-6500 rpm
Binário máximo: 290 Nm/1350-4250 rpm
Transmissão: tração traseira, caixa automática de oito velocidades
Módulo elétrico
Potência: 113 cv/3170 rpm
Binário máximo: 250 Nm/0-3170 rpm
Bateria: iões de lítio (9,2 kWh)
Combinado
Potência: 252 cv
Binário máximo: 420 Nm
Aceleração 0-100: 6,2 segundos
Velocidade máxima: 235 km/h
Consumo: média – 1,9 litros/100
Emissões CO2: 44 g/km
Bagageira: 410 litros
Preço: 74 259 euros (versão ensaiada); desde 64 390 euros
*Concorrente aos Global Media Awards