É preciso experimentar para crer e perceber o motivo que leva a BMW a manter no seu catálogo o Série 2 Active Tourer. Quando os monovolumes são quase memória e deram lugar aos SUV e crossovers, os alemães conseguem provar que o “velho” segmento pode ainda ser bem explorado. Fiquei sem dúvidas ao volante de um 218d, isso mesmo, um Diesel. Controverso? Claro! Mas essa é outra “guerra”.
O Active Tourer entrou na segunda geração, as formas não enganam, apesar da diferença para melhor, mas as mudanças são profundas, já que na base está a plataforma partilhada com o novo Série 1 (alguns Mini também) de tração dianteira.
A dianteira com os novos duplos rins avantajados, neste caso bem proporcionados, assentes numa grande entrada de ar e a emprestar dimensão, personalidade reforçada, as aletas ligadas ao cromado nos extremos a envolver pequenas grelhas como que ofuscam a menor inclinação do para brisas e o renovado capô que alteram a silhueta do Active Tourer leve e elegantemente esculpida. As formas não são “fáceis” para brilhar, pela simplicidade associada ao monovolume, mas este BMW foi muito bem trabalhado e, mesmo com uma traseira descomplicada, ganhou presença e assenta muito bem nas jantes de 17 polegadas. Vistoso.
Será contra a corrente um monovolume e Diesel, mas não restam dúvidas de que é um bom compromisso o novo BMW Active Tourer 218d, uma decisão de compra ajustada para quem continua a apostar no gasóleo e precisa de um familiar espaçoso, despachado e com consumos interessantes. E pode pagar Premium
No interior, encontramos o “mundo” novo da BMW, dominado pelo grande ecrã digital, integrando toda a informação. Continua a ser apoiado no tablier, design muito limpo e aquela imagem de qualidade reforçada pelo forro de pele sintética pespontada e cuidado próprio de um premium. É o conforto visual a juntar ao resto que faz a diferença, especialmente numa versão com pack desportivo M, integrando o volante multifunções especial e os bancos ao estilo de bacquet, bem recetivos e com excelente apoio. Paga-se, claro…
Os custos do futuro…
Como nem tudo é perfeito, este salto da BMW para o futuro acabou com o prático sistema iDrive, daí à exceção de oito botões físicos (excluindo os elevadores dos vidros) e comandos apenas táteis no sistema de infoentretenimento (como sempre muito completo, mas nem sempre muito intuitivo), e mais alguns na consola flutuante. Nesta, o seletor das caixa automática de dupla embraiagem foi reduzido ao cursor que nem é dos menos práticos. Valem as patilhas no volante, mesmo que não as utilizemos muito.

A consola deixa um espaço de arrumos que tem tanto de generoso como difícil de potenciar, pelo “exercício” que obriga a fazer para lá colocar qualquer objeto. Talvez o hábito resolva as coisas…
Em matéria de espaço, tantas vezes tema de reparo na BMW, o Active Tourer oferece nível de habitabilidade superior e impressivo para uma automóvel com as suas dimensões (4,40 de comprimento e a distância entre eixos da versão anterior). À frente respira-se à vontade e atrás disfrutamos de um espaço que até é potenciado pela altura dos bancos dianteiros, o qual permite passar os pés facilmente e distender as pernas. Túnel alto e lugar central mais pequeno, além de integrar o apoio de braços central (logo recosto mais firme), roubam conforto se pensarmos em cinco pessoas a bordo.
Quanto à bagageira, 470 litros de capacidade, nada que impressione, de facto. Mas registo para um enorme fundo falso e um plano de acesso baixo que facilita a arrumação de objetos mais pesados. E ainda nota para o facto de os bancos traseiros serem ajustáveis permitindo jogar com o espaço interior.
Um motor que quase não se ouve
Se tudo isto importa, marcante mesmo é a suavidade de rolamento e um motor que quase nem se ouve, nível de insonorização quase inacreditável para um Diesel, o qual não deixa sentir-se qualquer vibração. Estes dois aspetos são ainda valorizados pelo facto de não haver ruídos aerodinâmicos em autoestrada, quando aumenta a velocidade.
O 2.0 de 150 cv e 360 Nm de binário máximo, com a caixa automática de dupla embraiagem de sete velocidades é suficiente despachado e as prestações são interessantes, especialmente se tivermos em conta que este é um familiar sem propensão desportiva: 8,8 segundos de 0 a 100 e 220 km/h em velocidade de ponta. Há três modos de condução: Pessoal, Sport (a caixa tem igualmente escolha desportiva) e Eficiente.
Inesperado é o comportamento. Bem sei que conduzi um Active Tourer com suspensão adaptativa ligada ao pack M, mas a resposta em curva supera as expetativas. Mesmo que, inevitavelmente, possa sentir-se alguma inclinação da carroçaria, ainda assim, tem aquele “feitio” muito BMW, agressivo e estável que inspira confiança.
Em termos de conforto, uma suspensão obviamente firme não justificou críticas, nem de quem se sentou nos lugares traseiros. Um bom casamento, com a ressalva conhecida de os alemães não serem de molezas.
Em termos de consumos com quatro adultos a bordo, ar condicionado ligado, e rolando quase sempre em autoestrada aos 120 km/h regulamentares, o computador de bordo assinalou 6,5 litros/100 Km em 165 quilómetros. O registo de longa duração, no caso, 5 200 quilómetros assinalava 5,7 de média. São números interessantes.
As outras diferenças num Premium
A versão ensaiada, “carregada” de equipamento, contemplava o Pack M (2 983€) com transmissão desportiva de dupla embraiagem, suspensão adaptativa, bancos desportivos, volante M, jantes de 17 polegadas com raios duplos bicolores; Pack Premium (1 634€), acrescentando acesso mãos livres, retrovisor antiencandeamento automático, painel de instrumentos Luxury, luzes LED adaptativas com máximos automáticos, carregamento sem fios; Pack Travel (1 707€), incluindo barcas no tejadilho, teto de abrir elétrico, rede de separação na bagageira, vidros com proteção solar, ajuste dos bancos traseiros: ainda depósito de combustível maior (40,65€). É muito dinheiro (6 340€), mas faz diferença…
Será contra a corrente um monovolume e Diesel, mas não restam dúvidas de que é um bom compromisso o novo BMW Active Tourer 218d, uma decisão de compra ajustada para quem continua a apostar no gasóleo e precisa de um familiar espaçoso, despachado e com consumos interessantes. E pode pagar Premium.
FICHA TÉCNICA
Motor: 1995 cc, turbodiesel
Potência: 150 cv/3 750 – 4 000 rpm
Binário máximo: 360 Nm/1 500 – 2 500 rpm
Transmissão: caixa automática de sete velocidades com sete velocidades, patilhas no volante
Aceleração 0–100 km/h: 8,8 segundos
Velocidade máxima: 220 Km/h
Consumo: média – 5,3 (WLTP)
Emissões CO2: 125 g/km (WLTP)
Peso: 1 620 kg
Dimensões: c/l/a – 4,38/1,82/1,57 m
Bagageira: 470/1 455 litros:
Preço: 54 148€, versão ensaiada; desde, 43 400€