É um grande carro e um carro grande o BMW iX xDrive50, o super SUV elétrico da marca bávara. Traz muito de novo para o futuro do emblema, na tecnologia que não se vê e sobretudo na conceção do interior, em termos de design e na habitabilidade resultante da nova plataforma derivada dos Série 3 e X3. Tração integral, autonomia até 630 km é um poço de força com os seus 523 cv e 765 Nm de binário. Impressiona! Até no preço: 145 000€ na versão que testei.
A maior derivação do duplo rim da BMW marca o iX. É descomunal aquela grelha, fechada e, ainda por cima, com um contrastante rendilhado que a torna mais presente. Tem tanto de imperial como de marcial até, com aquela frente poderosa, sem dúvida, mas, no mínimo, pouco consensual. De resto, é um grande SUV com o toque de sobriedade modernista do construtor da Baviera. São 4,95 metros de comprimento, dimensões aproximadas de um X5, até na distância entre eixos (só largura e alturasão menores).
As preocupações aerodinâmicas tiraram, por exemplo, as molduras dos vidros e levaram os fechos a ficar à face da carroçaria, mas para o um significativo resultado (Cx de 0,25) contam ainda as persianas motorizadas da grelha, que abrem quando é preciso.
Verdadeiro super SUV elétrico este BMW iX xDrive50. Junta à potência e ao binário, prestações de impor respeito e consumos que acabam por surpreender e proporcionar boa autonomia. Não falta espaço nem comodidade, a construção e a qualidade são ao nível habitual. Como o preço, alto – e muito mesmo se carregarmos no equipamento
Quando abrimos a porta e ainda antes de darmos atenção ao interior, chama a atenção a fibra de carbono no pilar central, como que uma exibição da excecionalidade da construção, que faz largo recurso a este material. Ainda assim, o SUV pesa 2 585 kg e só cerca de 700 são das baterias. Mas lá iremos…
Imagem do futuro da BMW no interior
O interior do iX transporta-nos para aquilo que se anuncia como o modelo futuro da BMW. Uma simplicidade desconcertante através de um design único e conseguido, com um tablier de peça única, que descai sobre nós. A instrumentação junta o ecrã do painel de instrumento e monitor central numa grande pantalha curva (14,9+12,3 polegadas), como no X4.
De surpresa em surpresa, o volante hexagonal é quase um choque, mas vamos perceber ter sido uma solução para facilitar a visualização da montanha de informação que desfila à nossa frente. Habituamo-nos depressa. Dimensão média, tem aquela pega robusta dos BMW.
Ainda falta a consola central flutuante, com o botão do i-Drive, numa base de madeira que junta os poucos botões pouco visíveis e menos práticos de uma solução minimalista quase extrema, da qual sobram meia dúzia de comandos comuns…
Entre esses, os comandos dos bancos nas portas (como na Mercedes), ao estilo de diamante lapidado, como acontece com o i-Drive e o pequeno seletor de marcha. Será um toque de requinte pouco europeu! O fecho da porta é um botão físico, solução original e prática, salvaguardada por um mecanismo mecânico para o caso de avaria…
Os bancos dianteiros, bem desenhados, apesar das inúmeras regulações e de até contemplarem colunas de som, garantem pouco apoio. Espaço é que não falta, à frente e, sobretudo, atrás: pernas à vontade e distância mais do que suficiente para o tejadilho. O fundo plano dá uma ajuda e torna concebível a presença de um quinto passageiro, apesar do apoio de braços central.
Mala penalizada, capô motor só abre na oficina
Um grande SUV, o familiar só pode ser penalizado nos 500 litros da mala, mas ainda não há milagres com as baterias e os elétricos.
O iX, que tem um capô que só pode ser aberto na oficina (!), conta com um motor por eixo (272 cv/352 Nm, à frente; 340cv/400 Nm, atrás), casamento que resulta em 523 cv e 765 Nm de binário. É o suficiente para amenizar os consideráveis 2 585 kg de peso e permitir prestações já de impor respeito: 4,6 segundos de 0 a 100 e 200 km/h em velocidade de ponta. Como se depreende, ultrapassar é uma manobra fácil e… divertida, pois tanto binário disponível numa aceleradela é ainda impressionante.
Percebe-se que o temperamento seja à altura da tradição, mas importa olhar este SUV elétrico mais como um cómodo papa-léguas do que como uma máquina, mesmo que não lhe falte agilidade e que a tração integral funcione como acréscimo de confiança, a juntar à suspensão pneumática e ao eixo traseiro direcional (de série nos iX 50 e 60).Não falta o modo Sport, que “vitaliza” a aceleração (automática com privilégio para as rodas traseiras) e confere outro toque à direção, mas a altura da carroçaria faz-se sentir e, mesmo que nunca cause problemas, quem viaja atrás vai queixar-se. A maioria rolará seguramente nos modos Comfort e Eco, que asseguram grande comodidade e sempre o despacho suficiente para uma condução descansada (rápida se for caso disso) e mais económica.
Consumos muito razoáveis e carregamento a 200 kW
Ora sob este aspeto, tenho de revelar alguma surpresa. Ao cabo de 223 quilómetros, sempre com o ar condicionado ligado e, na maioria do percurso, muito em autoestrada a 120 km/h, com quatro pessoas a bordo, o computador de bordo indicava um consumo de 22,7 kW/h. Tinha gasto 51% da carga da bateria e o iX prometia mais 290 quilómetros de autonomia. Não atingia o prometido pela BMW mas, contas feitas, teria percorrido463 quilómetros. Muito razoável.
O iX está preparado para as cargas rápidas a 200 kW, que se completam em 35 minutos para levar a bateria do 0 aos 80%. Dez minutos garantem 150 quilómetros. Uma carga total a 11 kW (AC) exige 11 horas.
A versão que guiei estava bem equipada e nem contava com alguma das maravilhas que podem valorizar ainda mais a máquina. Mesmo assim eram mais 20 000€. A saber e só o mais significativo: sistema de acesso Confort (886€), fecho suave das portas (552 €), ar condicionado quatro zonas (634€), pack desportivo (2 601€), jantes em liga de 22” (975€), tejadilho solar panorâmico (2 780€), para-brisas climático (186€), linha exterior titaniun bronze (520€), ventilação dos bancos dianteiros (951€), bancos dianteiros multifuncionais (1 032€), pack aquecimento (1 357€), câmara interior (113€), assistente condução profissional (1 439€), assistente de estacionamento Plus (593€), live cockpit (1 276€), sistema áudio surround Bowers&Wilkins Diamond (4 455€).
Verdadeiro super SUV elétrico este BMW iX xDrive50. Junta à potência e ao binário, prestações de impor respeito e consumos que acabam por surpreender e proporcionar boa autonomia. Não falta espaço nem comodidade, a construção e a qualidade são ao nível habitual. Como o preço, alto – e muito mesmo se carregarmos no equipamento.
FICHA TÉCNICA
BMW iX xDrive50
Motor: um por eixo – 272 cv/352 Nm, à frente; 340 cv/400 Nm, atrás
Potência combinada: 523 cv
Binário combinado: 765
Transmissão: integral, caixa de velocidade única
Aceleração 0-100 km/h: 4,6 s
Velocidade máxima: 200 km/h
Bateria: 115 kWh (105,2 kWh úteis); iões de lítio
Consumo: combinado – 23/19,8 kWh 100 km
Autonomia: 549/630 km
Carregamento: potência máxima 200 kW (35 minutos dos 0 aos 80%); AC- 7,4 kW (monofásica), 11 kW (trifásica), 11 horas
Dimensões: (c/l/a) – 4, 953/1,967/1,695 m
Peso: 2 585 kg
Bagageira: 500/1 750 litros
Preço: 145 862€, versão ensaiada; desde 127 250€