Mudança radical há cinco anos, o X1, modelo de entrada na gama SUV da BMW, também já está identificado com a nova imagem da marca. Ganha personalidade, pormenores próprios das operações de retoque, mas é o mesmo automóvel que aí esta para as curvas. O 1.6 diesel com os seus 116 cv ainda é uma proposta interessante, apesar do preço pouco atrativo.

 

A grelha com o duplo rim sobredimensionado, os faróis e o que tudo isto implica nas suas feições transfiguram o X1 e conferem-lhe a personalidade e a imagem do peso da marca que inicialmente faltaram ao modelo que, na história, começou como um tração traseira para se tornar no segundo tudo à frente da BMW, a seguir ao Active Tourer, sacrilégio para os puristas, mas já tema de passado com o exemplo da recente geração do Série 1…

Parece outro, fica mais “X” o SUV que praticamente mantém as dimensões, os 4,44 de comprimento e o 1,60 m de altura que o posicionam acima do X2 e, por exemplo, com mais 4 cm do que um Nissan Qashqai.

Habitabilidade em bom plano

Ora, este compromisso é um dos dados a considerar, uma vez que a habitabilidade está em plano muito razoável, com desafogo para as pernas de quem se senta atrás, numa posição mais elevada, o que não significa menos espaço para a cabeça.. A largura é menos brilhante ao nível dos ombros, mas ninguém espera padrões de conforto elevado com cinco pessoas a bordo. As costas são reclináveis (uma fita no final do assento permite a regulação) e o banco, opcionalmente, pode ter movimento transversal (13 cm), nas proporções do rebatimento (40x20x40). Ao centro não falta o apoio de braços. É o conforto habitual para quatro, até porque a caixa da consola é intrusiva e o túnel central não é baixo.

Tem passado ao lado de uma grande carreira, mas o BMW X1 continua a ser um SUV interessante. Espaçoso, boa modularidade, tem dinâmica à altura das exigências, mesmo na opção mais modesta, o 1.6d de 116 cv. A qualidade não está em causa, o preço é que nunca se cifra nos valores desejados…

O quadro é o de um SUV com modularidade satisfatória, até por a mala ser boa, 505 litros (1550 com os bancos rebatidos), e não dispensar um fundo falso com uma tampa que abre em harmónio, o que até pode dar jeito. A chapeleira é bipartida, rígida e articulada com o portão, boca bem larga, plano de carga elevado como é normal nos SUV, mas aqui com a vantagem de alinhar com o fundo.

No interior, mantém-se o estilo, apuraram-se os materiais e, como de costume, a qualidade dispensa reparos. É um pormenor em que a BMW faz gala do seu estatuto Premium, naquela linha da escola alemã em que a sobriedade passa por rigor, classe e, claro, opções suficientes para sentirmos a diferença que quisermos pagar.

Neste ambiente, em que os bancos dianteiros de grande qualidade, no caso desportivos opcionais, design conseguido e bom apoio, acaba por surpreender que a atenção dada ao ecrã central, o tablet conhecido que agora tem três dimensões às escolha e chega às 10,25 polegadas, não tenha contemplado o painel de instrumentos digital já democratizado no Série 1. Não deve faltar muito, até porque o X1 parece estar para durar…

Comportamento salutar

Em termos dinâmicos, novidade alguma. Esta plataforma que chegou com a tração dianteira e, por exemplo, serve a Mini, revela comportamento salutar. O X1 curva sem queixumes e, por vezes, até nos esquecemos que é um SUV altinho que estamos a guiar. Claro que não tem a mordacidade de uma berlina, não é um daqueles emocionantes BMW, mas é um automóvel em que se respira confiança quando se rola mais depressinha, inclusivamente nas zonas sinuosas que servem para registar uma agilidade considerável.

É claro que curva como um tração dianteira, a direção tem o “peso” certo, mas uma vez apontada a frente a trajetória controla-se sem dificuldade. Verdade que estou a falar do 16d, o três cilindros 1.6 Diesel com 116 cv e 270 Nm de binário e, nesta versão, caixa automática de dupla embraiagem e sete velocidades. Muitos pensarão até que é capaz de saber a submotorização. Mas nada disso, apesar do peso. As prestações ficam-se pela vulgaridade, é um facto – 11,5 s de 0 a 100 e 190 km/h em velocidade de ponta –, mas a prática revela-nos um automóvel de condução agradável, desembaraçado, produto capaz de satisfazer um chefe de família não talhado para correrias.

A caixa automática utilizada, com opção sequencial, no caso apenas sem patilhas no volante, gere muito bem os 116 cv e quando se opta pelo modo Sport (os outros são Comfort e EcoPro), gere muito bem as solicitações do acelerador, as passagens são impercetíveis e a rapidez está acima do normal a este nível, no entanto, sem que haja qualquer propensão desportiva.

No que respeita aos consumos, em autoestrada, cruise-control nos 120 km/h, andei pelos 4,5/4,7 litros aos 100 (modo EcoPro); num percurso suburbano exigente, com um pouco de tudo, o computador de bordo registou 5,6 e a média final foi de 6,7, valor que, sem dúvida, acho que pode baixar.

A versão que guiei, xLine, está bem equipada e inclui iluminação em LED, ar condicionado automático, sensores de luz e estacionamento, arranque sem chave, travão eletrónico, fecho automático da bagageira, mas havia muito mesmo a pagar como extra, como 5 040 euros pelo alarme, head-up display e navegação Plus e 1601 euros  pela caixa automática, além dos 422 euros dos bancos desportivos os ou 634 euros do pack parking com a câmara traseira. Ora, mais de 12 mil euros em equipamento… e daí 50 582 euros de preço final…

Tem passado ao lado de uma grande carreira, mas o BMW X1 continua a ser um SUV interessante. Espaçoso, boa modularidade, tem dinâmica à altura das exigências, mesmo na opção mais modesta, o 1.6d de 116 cv. A qualidade não está em causa, o preço é que nunca se cifra nos valores desejados…

FICHA TÉCNICA

BMW X1 sDrive xLine

Motor: 1496 cc, turbodiesel, injeção common-rail

Potência: 116 cv/4000 rpm

Binário máximo: 270 Nm/1750-2250 rpm

Transmissão: caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades

Aceleração 0-100: 11,5 s

Velocidade máxima: 190 km/h

Consumos: média combinada WLTP – 5,5/4,9 L/100

Emissões CO2: 145/128 g/km (WLTP)

Mala: 505/1550 litros

Preço: 50 582 euros, versão ensaiada; desde, 38 270 euros