Sem ser barato, como de costume, o BMW X2 18d sDrive é o mais acessível da gama Diesel do apetecível SUV alemão. O menos vitaminado 2.0, com 150 cv, garante o suficiente e cumpre sem surpresa. O brilho, para mim, está no comportamento, na agilidade notável de um automóvel que, ao volante, até nos faz esquecer as diferenças do seu estilo. Os consumos são honestos.

Nem parece um SUV quando se lhe pede que mostre o caráter! É isso que nos marca e fica como recordação primeira de uma experiência ao volante do BMW X2 18d sDrive. Verdade que estamos em posição mais elevada ao volante, mas a confiança que este SUV inspira naqueles percursos que exigem muito da suspensão, transporta-nos para uma realidade ao alcance de poucos automóveis do género. Brilhante!

É simples contar o que se experimenta neste automóvel de pisar “autoritário”. Encadeado ziguezaguente e ei-lo à vontade, frente sempre ccontrolada, mesmo que possa escorregar um nadinha às ordens daquele ESP muito permissivo como é hábito nos BMW, que só intervém, quase sem se dar por isso, quando é mesmo preciso. A agilidade impressiona tanto como a firmeza, mais ainda por as coisas poderem passar-se velocidade razoável. A carroçaria resiste estoicamente às transferências de massas e, lá dentro, nada de andar aos baldões. E fica sempre a ideia de que pode ir-se mais longe…

Será sempre assim? Bem, guiei uma versão com o pacote M e mais cinco mil euros de extras só neste particular tem de fazer alguma diferença. A direção, variável, é, pura e simplesmente, um mimo de precisão, o “peso” certo, a assistência exata. A suspensão desportiva  (1 cm mais baixa) faz o resto, assegurando, além do mais, um equilíbrio interessante entre a eficácia e a comodidade. Digo interessante porque quem vai atrás assinala, na estrada, alguma secura, dureza que não chega a ser desconforto, resultado também das jantes de 19 polegadas. Não há bela sem senão!

Aí está um SUV que carrega tudo quanto de bom se associa à imagem reputada da BMW. Construção cuidada, qualidade à vista, dinâmica exemplar, potência quanto baste, consumos honestos e espaço razoável. O preço é sempre um óbice, mais ainda quando se capricha no equipamento

A versão ensaiada recorria à caixa manual de seis velocidades, aquele “toque” comum nas passagens e uma escolha de relações equilibrada para a potência, a ajudar ao desembaraço suficiente, mesmo que sobre um sabor a pouco face ao que se percebe que esta base vale. Há outras escolhas na gama*… para quem procure mais nervo. O  BMW X2 18d sDrive, de qualquer modo, não trairá as expetativas e as prestações estão naturalmente ao nível: 9,3 de 0 a 100 e 207 km/h em velocidade de ponta, chegam para garantir o despacho e os 350 Nm de binário máximo, logo às 1750 rpm, servem para animar naturalmente um SUV com 1575 quilos que não deixam de sentir-se.

Em termos de consumos, aquilo que o computador de bordo me foi mostrando serve para rotular os resultados de honestos. Com quatro pessoas a bordo, na autoestrada e à velocidade legal, a indicação foi de 5,7 litros aos 100; no para-arranca de um passeio domingueiro, serra, via-rápida, estrada, li 6,9; a média geral ficou-se nos 7,1 litros aos 100, incluindo um percurso “sem dó” pela poupança.

Imagem desportiva em estética conseguida

Construído sobre a base do X1, mais curto entre eixos, mais pequeno e mais baixo do que este, o SUV de estilo coupé, tejadilho em elegante arco descendente, é bem conseguido do ponto de vista estético. Desportivo, tem uma série de pormenores distintivos, dos quais sobressai a recuperação do emblema da marca a meio do pilar traseiro.

O habitáculo recupera muitas soluções conhecidas também do X1, especialmente ao nível do tablier, para, no respeito do rigor da escola germânica, desenvolver um ambiente muito especial e que, no caso das versões M, reforça a imagem desportiva. A qualidade continua ao nível do estatuto premium: rigor nos acabamentos, cuidado na escolha dos materiais, construção irrepreensível. Bom!

As quotas de espaço são razoáveis para quatro ocupantes. Quem se sentar ao meio, atrás, mesmo considerando que o túnel central nem é muito alto, viajará com aquela sensação menos simpática de encolhimento, também pele intrusão do prolongamento da consola. Nada que surpreenda. O espaço para as pernas é o bastante e o acesso não põe problemas. Quanto à posição de condução, é fácil encontrar a afinação que nos deixa à vontade para manobrar um volante de pega e dimensões apropriadas. A ergonomia faz o resto, para alimentar a empatia que facilmente se cria com este SUV da BMW.

A bagageira com 470 litros de capacidade não espanta, mas é razoável, sobretudo porque há muito espaço sob a tampa do fundo: os pneus são runfltat, logo nem kit antifuro. O rebatimento dos bancos é tripartido e faz-se através de alças na base do recosto. Modularidade habitual permite gerir a capacidade de carga que chega aos 1355 litros. Plano de carga é alto e desnivelado. Fecho elétrico do portão é obrigação cumprida… entre os extras deste pacote.

Um dinheirão para equipamento

E este pacote M que custa 5 382 euros, significa Jantes de 19”,pneus Runflat, direção variável M, Bancos desportivos, ar condicionado automático, sensores de estacionamento, cruise-control com função de travagem, luzes LED (incluindo faróis de nevoeiro), volante desportivo multufunções, forro do tejadilho em antracite, frisos em alumínio no tablier.

Para enriquecer a oferta havia ainda o Pack Business Plus que, entre outras mordomias, traz a câmara traseira, apoio lombar nos bancos dianteiros, retrovisores exteriores rebatíveis e navegação.

Somando tudo, só em extras este BMW acrescentava 8 126 euros ao preço base… Enfim, um “pormenor” associado à forma como o equipamento é entendido ao nível da oferta premium.

Em poucas linhas, aí está um SUV que carrega tudo quanto de bom se associa à imagem reputada da BMW. Construção cuidada, qualidade à vista, dinâmica exemplar, potência quanto baste, consumos honestos e espaço razoável. O preço é sempre um óbice, mais ainda quando se capricha no equipamento.

Lançamento do X2 foi motivo de filme especial

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FICHA TÉCNICA

Motor: 1995 cc, turbodiesel, intercooler, injeção direta, start/stop

Potência: 150 cv/4000 rpm

Binário máximo: 350 Nm/17650-2250 rpm

Transmissão: caixa manual de seis velocidades

Aceleração 0-100: 9,3 segundos

Velocidade máxima: 207 km/h

Consumos: média – 4.5 litros/100 km; estrada – 4,1; urbano – 5,2

Emissões de CO2: 119 g/km

Bagageira: 470/1355 litros

Preço: versão ensaiada – 55 494 euros; desde – 45 500 euros

*No topo de gama está o XDrive 2.0 cujo ensaio pode ler clicando aqui