É tudo em grande. Desmesuradamente. Foi pensado para árabes ricos, americanos endinheirados, outras dimensões da estrada e dos horizontes, e, com certeza, para chineses sem problemas na vida. Na Europa, é claro que os há, podem mesmo brilhar nas “autobahnen” alemãs, mas parece contrassenso olhar o BMW X7 como um grande SUV para a família. “Mastodonte” com mais de cinco metros, não deixa de ser prodigioso o que este poço de força consegue e até onde eleva a condição do automóvel. Também, por cá, são 145 500 euros, antes dos extras… que podem valer quase um Série 1!
Impressionante, presença dominadora o X7 não é com certeza dos mais bonitos BMW. É difícil jogar com estas dimensões que aos 5,15 metros de comprimento adicionam dois metros de largura e 1,80 de altura – mais do que o comum dos cidadãos… Olha-se e pensa-se se será mesmo um automóvel comum – não é!
As linhas, a grelha do duplo rim ampliada quase ao exagero não deixam dúvidas de que é um BMW, também com emblema na conformidade do carro a exigir as jantes de 22 polegadas (são 21 de série), medida que lhe assenta melhor face a tamanhas proporções…
O BMW X7 é um SUV para outros mundos, mercados e clientes muito especiais capazes de pagar a excelência e o engenho necessários para tornar um “mastodonte” de cinco metros e seis lugares confortáveis num automóvel fácil de conduzir. Notável em todo o seu exagero!
Abrimos a porta e continua a ser tudo em grande, o melhor de que a escola alemã da BMW é capaz, um exercício de opulência, demonstração de classe e requinte em construção exemplar e rigor nos pormenores. Pele, madeira, alumínio – plástico? Nem se dá por ele… E facilidades, claro, pois é difícil imaginar que para toda a parafernália de equipamento, regulações e afinações não haja um comando elétrico.
Conforto em toda a linha
Tudo isto, num mundo de espaço permitido pelos 3,10 metros de distância entre eixos. Só assim é possível um seis lugares, com poltronas ao meio bancos a sério atrás, nos quais, ao contrário do que é comum, podem mesmo sentar-se dois adultos. Conforto em toda a linha. Até o acesso permite algum desafogo, depois de vencido o “degrau” para lá chegar acima – esse é um preço a pagar, sobretudo pelos menos jovens. Com a suspensão em baixo – e ela regula-se na consola –, é mais fácil.
O equipamento está ao nível do esperado no mundo do superlativo, mas para isso conta o pormenor de o X7 que conduzi ter a brutalidade de 27 880 euros de extras para pagar uma série de mimos e extravagâncias. Tome nota, apenas do mais elevante: Drive Pro-Executive, 3 235 euros; bancos centrais tipo poltrona, 560 euros; bancos dianteiros (estes com massagem, 926 euros) e traseiros aquecidos, 552 euros; ar condicionado de cinco zonas, 804 euros; pack ambiente air, 804 euros; assistente de condução profissional, 959 euros; assistente ao estacionamento, 1 016 euros; faróis Laserlight, 1260 euros; frisos interiores em madeira cinza brihante, 422 euros; jantes de 22 polegadas com pneus mistos e runflat, 1268 euros. São de série a suspensão pneumática, direção ativa integral, o BMW Live Cockpit Professional e o painel forrado a pele, a regulação elétrica de todos os bancos e um sistema áudio Harmann Kardon. Os bancos são em pele, mas se quiser gastar 4 959 euros, tem o perfume da pele Merino… como este tinha.
“Mastodonte” com pés de veludo
Mas esqueçamos todas estas minudências e passemos à máquina. Esqueçamos a capacidade do motor, a potência e o binário, o acerto da caixa automática. Esqueçamos tudo isso e as mais de duas toneladas e meio de peso, esqueçamos tudo para nos deslumbrarmos com a facilidade com que, lá no primeiro andar, pode guiar-se este “mastodonte” que, às vezes, até parece ter pés de veludo… À vontade, confiança, segurança são sensações que tomam conta de nós. Só quando é preciso travar impõe-se o respeitinho próprio da recordação do volume daquela massa imensa sobre rodas, ainda por cima perante o desconcerto de tudo se passar sempre depressa, um pormenor do qual só nos apercebemos quando olhamos o velocímetro, ou, mais fácil, o head-up display…
Ora, ainda que desconcertante a curvar, o X7 está longe, muito longe de ser um desportivo. Nem isso se lhe pode exigir isso, apesar do M que acompanha a designação. Tire daí o sentido! Mas é marcante a forma como responde em caminhos que não foram feitos à sua medida, as vias estreias e serpenteantes, onde se mostra muito ágil para as dimensões incomuns. Até parece impossível tanta assertividade em curva e resistência da carroçaria aos balanceamentos próprios dos SUV mais altos quando sujeitos a transferências de massas mais violentas. Notável para um gigante mais fadado para as grandes autoestradas, onde pode facilmente rolar à desfilada – faz os sacramentais 250 km/h em velocidade de ponta – proporcionando uma conforto sem mácula a todos os níveis, insonorização incluída.
Uma “curiosidade”: em passeio, com quatro pessoas a bordo, o consumo até foi de 8,5 litros aos 100; a 120 em autoestrada, registei 9,5 e no geral, para 272 quilómetros 11,2. Interessa pouco a quem pode ter um SUV assim…
Receita tecnológica de arrepiar
Como tudo isto é possível? Pois bem, o X7 tem uma receita tecnológica de arrepiar: suspensão e barras estabilizadoras ativas, direção ativa às quatro rodas, tração integral, obviamente, e, para rematar diferencial traseiro autoblocante eletrónico.
E tem mais para, designadamente, atenuar aquilo que parece menos fácil – estacionar e sobretudo em cidade, meio que está longe de ser o seu. As quatro rodas direcionais são ajuda fundamental, nas zonas mais apertadas, mas maravilha é a “memória” que permite ao X7 guardar as manobras necessárias para o parqueamento e repeti-las para executar a saída do lugar. Era só o que faltava…
O BMW X7 é um SUV para outros mundos, mercados e clientes muito especiais capazes de pagar a excelência e o engenho necessários para tornar este “mastodonte” de cinco metros e seis lugares confortáveis num automóvel fácil de conduzir. Notável em todo o seu exagero!
FICHA TÉCNICA
BMW X7 M50d
Motor: 2993 cc, seis cilindros, Diesel, quatro turbos, injeção direta, intercooler
Potência: 400 cv/4 400 rpm
Binário máximo: 760 Nm – 2 000/3 000 rpm
Transmissão: integral permanente, caixa automática de dupla oito velocidades
Aceleração 0-100: 5,4 s
Velocidade máxima: 250 km/h
Consumos: misto – 7,4 L/100 Km
Emissões CO2: 193 g/km
Bagageira: 326/750/2100 litros
Preço: versão ensaiada – 173 380 euros; desde 145 500 euros