Foi um êxito, continua e vender bem e, chegada a altura de pensar na despedida, uma versão recheada com luxo e nova motorização a gasolina parecem a melhor abordagem ao Renault Captur, pequeno SUV que dispensa apresentações e vai, seguramente, conquistar ainda muita gente. E vale a pena? Parece-me que sim!
A novidade na oferta daquele que ainda lidera as vendas no segmento e mantém-se como o quarto automóvel mais vendido em Portugal é o novo motor 1.3 TCE de 150 cv, no caso associado a uma caixa automática de dupla embraiagem com seis velocidades. Tudo isto numa versão Initiale Paris, topo da gama e, essencialmente, marcada pelo perfume da pele, está longe de ser a opção mais convidativa à compra – cerca de 28 500 euros – mas dá uma ideia de onde pode chegar o Captur para quem o automóvel representa qualquer coisa mais do que o simples meio de transporte.
Sobre o estilo do pequeno SUV da Renault está tudo dito. Em relação à habitabilidade e versatilidade nunca é de mais referir tratar-se de uma oferta que não teme comparações.
O espaço para os passageiros vai além do generoso, mesmo que atrás o conforto seja para dois, dada a altura do túnel central e a própria conceção do banco – pena que não comporte um apoio de braços central na separação vincada dos lugares. Afinal, bem vistas as coisas, normalidades no segmento. Importante é registar o espaço para as pernas e a distância ao tejadilho, a contribuir para algum desafogo e facilidade no acesso.
O Renault Captur continua a ser um êxito de vendas. Imagem bem aceite, tem no espaço e na versatilidade argumentos importantes. A nova motorização a gasolina, 1.3 TCE de 150 cv, neste caso com caixa automática, é uma forma interessante de manter a proposta bem viva. O topo de gama Initiale Paris destina-se a quem pode…
O ambiente a bordo é simpático e merecem relevo a prática caixa para pequenos arrumos no topo do tablier e o original porta luvas ao estilo de grande gaveta. Nas costas dos bancos dianteiros, não faltam as redes para contrabalançar a exiguidade dos espaços nas portas.
Espaço e versatilidade
A possibilidade de mover o banco traseiro longitudinalmente é um dos argumentos a favor da modularidade do Captur e da capacidade para jogar com o espaço para carga e para os passageiros. A bagageira com 377-455 litros de capacidade, que podem chegar aos 1235 litros com o banco rebatido (60×40), pedem meças à concorrência. Pormenor a registar, o fundo amovível que pode alinhar com a moldura do portão e criar um razoável espaço oculto, e encaixa à medida na base potenciando a bagageira. Simples, prático, eficaz.
Tudo isto são pormenores a ter em conta num SUV que, enquanto opção de automóvel versátil beneficia de uma distância ao solo de 17 cm, o suficiente para encarar com alguma naturalidade as saídas de estradas menos radicais e, com à-vontade, os “imponderáveis” da circulação em meio urbano.
Estes pormenores e um estilo que, pelos vistos, caiu no gosto dos portugueses – o preço também ajuda, naturalmente – contribuíram para fazer do Captur um automóvel com grande presença na nossa paisagem rodoviária.
O Captur Initiale Paris que conduzi tinha o atrativo do perfume da pele, acabamento irrepreensível no tablier, forro das portas e nos bancos, aquele toque de diferença que ajuda sempre e mais ainda num segmento marcado, habitualmente, pela frieza dos plásticos por melhores eles que sejam. Vale a pena? Gostos são isso mesmo e a disponibilidade da carteira conta muito. A este nível, pode ser um excesso, mas se a oferta existe é por não faltar quem compre. E, sem dúvida, faz diferença.
Outra disponibilidade no motor
Quanto ao motor, um desenvolvimento da parceria entre a Renault e a Mercedes, os 150 cv do 1.3 TCE – turbo e gasolina, com filtro de partículas – significam outra disponibilidade que a caixa automática de dupla embraiagem torna muito prazenteira na utilização. Verdade que, pelo menos em modo ECO, se nota alguma “preguiça”, mais nas recuperações do que na aceleração pura. Os números oficiais, no entanto, até valorizam a capacidade do automático quando comparados com a caixa manual de seis velocidades (menos 0,3 segundos na aceleração 0-100 que é de 9,5 s). De qualquer forma, um automóvel despachado quanto baste e, sobretudo, muito ágil.
Esta agilidade, considerável em cidade e muito simpática nas zonas mais sinuosas, não significa que a altura seja indiferente ao temperamento do Captur. Conforto muito francês, ainda que num grau de amortecimento menos tolerante do que é habitual, nota-se algum adornamento, mesmo que ele se corrija com um alívio do acelerador. O ESP nem se torna muito notado o que dá conta do equilíbrio encontrado na afinação da suspensão.
Entre os reparos cabe a reduzida dimensão do assento dos bancos dianteiros, estes muito bem no capítulo da receção do tronco e no apoio lateral, e da rigidez pouco comum do almofadado dos estofos, da qual se queixaram os passageiros dos lugares traseiros.
No que respeita aos consumos, valores que não surpreendem. A média final andou pela casa dos 8 litros, sem exageros. Em ritmo de passeio com quatro pessoas a bordo, consegui entre 6,2 e 6,5 com um índice de aproveitamento de 75% segundo o computador de bordo nos dados do modo ECO.
Diferença topo de gama…
Em termos de equipamento, a versão Initiale Paris distingue-se pela pele, com acabamentos pespontados, no painel de bordo, forros das portas, volante e bancos (aquecidos à frente), ar condicionado automático, alerta de ângulo morto, regulador e limitador de velocidade, ajuda ao estacionamento com câmara de marcha-atrás, modo ECO, faróis full-LED, luzes de nevoeiro na mesma tecnologia e móveis, piscas dinâmicos, proteções frontal e traseira específicas, identificação na soleira das portas e grelha, sistema R-Link com ecrã tátil de sete polegadas, rádio, bluetooth, entradas USB e jack na consola.
Em fim de carreira, o Renault Captur continua a ser um êxito de vendas. Imagem bem aceite, tem no espaço e na versatilidade argumentos importantes. A nova motorização a gasolina, 1.3 TCE de 150 cv, neste caso com caixa automática, é uma forma interessante de manter a proposta bem viva. O topo de gama Initiale Paris destina-se quem pode…
O lado prático do Captur em imagens da Renault
FICHA TÉCNICA
Renault Captur 1.3 TCe 150 FAP EDC Initiale Paris
Motor: 1332 cc, turbo, gasolina, injeção direta, filtro de partículas, start/stop
Potência: 150 cv/5000 rpm
Binário máximo: 250 Nm/1700 rpm
Transmissão: caixa automática de dupla embraiagem com seis velocidades
Aceleração 0-100: 9,5 segundos
Velocidade máxima: 211 km/h
Consumos (WLTP): ciclo misto 6,5/6,6 litros/100 km
Emissões CO2 (WLTP): 146/149 g/km
Bagageira: 377-455/1235 litros
Preço: 28 484 euros