A Kia continua o caminho da eletrificação e a solução Plug-in Hybrid também integra a oferta Ceed, através da carrinha. A filosofia é privilegiar os consumos e o resultado convence, com números interessantes. É claro que há um pressuposto: a bateria é para carregar todos os dias se o objectivo for mesmo economizar. Assim consegui fazer 44 quilómetros em modo elétrico e gastar 2,7 litros nos primeiros 100. Nada mau e fácil de atingir. E o preço é atrativo: 32 240 euros.

A KIA Ceed SW PHEV combina o 1.6 a gasolina de 105 cv com um motor elétrico de 63 cv e uma bateria de 8,9 kwh e continua a recorrer a uma caixa automática de dupla embraiagem com seis velocidades, que cumpre o seu papel de forma eficaz. Não há patilhas no volante, mas é possível utilizar a função sequencial no selector.

Na prática temos um automóvel com a potência combinada de 141 cv e o binário de 265 Nm, o que garante com resposta satisfatória, mesmo que as prestações, sobretudo no arranque (10,8 segundos de 0 a 100 e 195 km/h em velocidade de ponta – 120 em modo elétrico) sejam inferiores às da versão CRDI, o 1600 diesel que tem sido ainda oferta tentadora e termo de comparação desejado (9,9 de o a 100 e 200 km/h). Serve isto para deixar claro que o sistema híbrido não gera aquele efeito de boost que transforma em máquinas muito vivas alguns híbridos. Há um ganho sensível quando se recorre ao modo Sport, a resposta é mais lesta, mas os consumos, naturalmente, ressentem-se. E, neste caso, insisto, a filosofia é poupar – e acho que é isso quem procura um híbrido deste nível.

Para quem possa potenciar facilmente a utilização de um Plug-in, esta Kia Ceed SW PHEV é uma proposta a ver com atenção. Não é uma máquina como alguns híbridos, mas garante consumos interessantes. Agradável de guiar, bem comportada e cómoda, perde na bagageira e podia ser melhor na habitabilidade traseira.O preço é atrativo

E para quem é isso que conta junto aos 44 quilómetros percorridos em modo elétrico (a carga da bateria prometia 57) e à média de 2,7 l/100 nos primeiros 100 quilómetros, os valores em modo híbrido que me garantiram 6,5 l/100 em autoestrada a 120 km/h e 5,3 num misto a que juntei estrada secundário e um total de 4,1 l/100 em 213 quilómetros. Parece-me um resultado bem simpático para velocidades dentro dos limites, mas que não impediram fazer ultrapassagens.

A capacidade de regeneração da bateria não me impressionou particularmente. De todo o modo, uma condução ao jeito da receita, desaceleração em descida e aproveitamento das travagens ajuda a ir buscar a carga para, pelo menos, fazer mais alguns quilómetros em modo elétrico.

Bateria penaliza bagageira

Com as baterias de iões de polímeros de iões de lítio sob o banco traseiro, direção e suspensão adaptadas à nova distribuição de pesos, a carrinha Ceed continua a aproveitar o equilíbrio do chassis e a mostrar-se bem comportada em curva. Poderá ser mais lenta, o peso conta, mas estamos face a um familiar e a outra filosofia de encarar o automóvel. A comodidade continua em bom plano.

Para ajudar na poupança da bateria, o sistema de aquecimento, ventilação e ar condicionado “Driver Only” (ativado num botão no tablier) desativa instantaneamente a distribuição de ar para todas as saídas, exceto a que está mais próxima do condutor.

A colocação das baterias tem um custo: penaliza sobremaneira a bagageira que fica reduzida a 437 litros (vai até aos 1560 com os bancos rebatidos – 40x20x40). Há um compartimento sob o fundo para guardar os cabos de carregamento. As versões térmicas são bem mais generosas: 625 litros (188 litros mais!).

Não falta o Sistema de Som Virtual do Motor, que emite um ruído com um volume até 59 dBA quando em modo elétrico (a velocidades baixas ou em marcha-atrás), alertando assim os peões para a presença do automóvel.

Digitalização total e diferenças na informação

De resto, as diferenças prendem-se com a informação a bordo. Há um painel de instrumentos digital com 12,3 polegadas desenvolvido em exclusivo para os sistemas de propulsão híbridos e que permitem saber, por exemplo, o nível da carga restante, a autonomia prevista em modo exclusivamente elétrico e acompanhar o fluxo de energia entre o conjunto da bateria, o motor de combustão e o motor elétrico.

O ecrã tátil de 8,0 polegadas, que integra a navegação e compatível com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto, também ele adaptado á tecnologia Plug-in, incorpora funcionalidades para ajudar os condutores a localizar pontos de carregamento nas suas proximidades, ou no percurso até ao seu destino. Os ecrãs também podem mostrar informações relevantes sobre o sistema de propulsão, como o nível de carga restante na bateria e gráficos de utilização de energia. Além disso, permite marcar as horas a que o veículo deve carregar quando ligado à tomada de carregamento doméstica para tirar partido do período em que o preço da energia é mais reduzido.

O processo de carga das baterias dura três horas e meia numa tomada normal e hora e meia se tiver uma wallbox. Num posto da Mobi.e são precisas duas horas e meia.

Qualidade assinalável habitabilidade menos boa

No mais, a Kia Ceed que conhecemos: formas consensuais, materiais interessantes no interior e qualidade percebida em bom nível. A habitabilidade é razoável, mas a este nível seria de pedir mais, sobretudo no banco traseiro, onde vamos encontrar motivo para crítica: o espaço para as pernas é pouco, acanhado, com os bancos dianteiros regulados para pessoas e estatura média e um condutor que não se “pendure” no volante. Uma pena! Ao centro, as limitações do costume, mais pela dureza do recosto que faz de apoio de braços do que pela altura do túnel ou pela intrusão da consola.

Esta Kia Ceed SW PHEV dispõe do equipamento Drive, o que implica faróis full led, luzes de máximos automáticas, chave inteligente (acesso mãos livres), travão de mão elétrico, ar condicionado automático, câmara de marcha atrás com guias, sensores de luz e chuva, bancos em tecido e pele, a par de equipamentos de segurança ativa, como assistente de manutenção na faixa de rodagem e alerta de colisão frontal, entre outros.

A garantia continua a ser de sete anos ou 150 mil quilómetros.

Para quem possa potenciar facilmente a utilização de um Plug-in, esta Kia Ceed SW PHEV é uma proposta a ver com atenção. Não é uma máquina como alguns híbridos, mas garante consumos interessantes. Agradável de guiar, bem comportada e cómoda, perde na bagageira e podia ser melhor na habitabilidade traseira. O preço é atrativo.

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS

KIA Ceed Sportwagon PHEV Drive

Motor: 1580 cc, injeção direta

Potência: 105 cv/5700 rpm

Binário máximo: 147 Nm/4000 rpm

Motor elétrico: síncrono permanente

Potência: 60,5 cv

Bateria: polímero de iões de lítio, 8,9 kwh (360V)

Potência combinada: 141 cv

Binário máximo combinado: 265 Nm

Transmissão: caixa automática de dupla embraiagem com seis velocidades

Aceleração 0-100: 10,8 s

Velocidade máxima: 195 km/h

Consumos: média WLTP – 1,5 l/100

Consumo elétrico: média WLTP 13,9 Kwh

Autonomia elétrica: 47 km (WLTP)

Emissões CO2: 33 g/km

Bagageira: 437/1506 litros

Preço: 32 240 euros, com campanha; preço posterior, 39 990 euros