É a quintessência do automóvel para a Bugatti – e não só. Quer ser o mais rápido, mais potente, mais luxuoso, mais exclusivo de todos os supercarros. Enche-nos a vista com um estilo arrasador e faz-nos esbugalhar os olhos quando nos dizem o preço base: 2,4 milhões de euros! Catálogo de tecnologia, verdadeira obra de arte sobre rodas e resultado de muito trabalho artesanal, o Chiron é mesmo um desportivo de outro mundo. Afinal, são 1500 cv…

A construção está limitada a 500 unidades, um terço já tinha dono pouco depois de anunciada a comercialização e, entre os proprietários até se inclui um português – Cristiano Ronaldo, o qual teve de se desfazer de um dos modelos da sua coleção para que este coubesse na garagem da mansão madrilena. Sucesssor do Veyron e nele inspirado, vai mais longe do que o segundo dos renascidos Bugatti, recuperada essa gestação lenta sob a batuta do grupo VW, seguida atentamente pelos apaixonados. E que alguns até não viam como concretizável…

São 4,5 metros de espanto com quatro rodas. Combinação perfeita entre símbolos da tradição de uma marca mítica e o esplendor da modernidade com tudo quanto esta tem de melhor. É daqueles automóveis que não nos cansamos de olhar e remirar para encontrar sempre mais um pormenor especial.

Um vídeo elucidativo sobre memória, sonhos e um automóvel portentoso

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O Chiron pode arrancar e chegar aos 400 e parar em 41,96 segundos (…) O “vulgar” 0-100 consegue-se num sopro – 2,4 s; em 6,1 s atingem-se os 200 km/h; bastam 13,1 para chegar aos 300 km/h; e se não se afigura difícil suster a respiração por 32,6 s, incrível é saber que, enquanto isso, o Chiron rola a 400 km/h

Tudo está a um nível de exceção. Para começar, o motor, lendário e único foi profundamente revisto e há mais componentes em titânio e fibra de carbono. São 8.0 litros e 16 cilindros, com quatro turbocompressores a funcionar num sistema de dois patamares. Primeiro, só dois; a partir das 3800 rpm, o último estágio, todo o fulgor. O sistema de injeção duplex é outro must com os seus 32 injetores. Resultado: 1500 cv de potência e o binário fantástico de 1600 Nm entre as 2000 e as 6000 rpm. Para gerir este monstro de força, uma caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades. E, claro, de forma a assegurar que toda esta capacidade não é desperdiçada, um sistema de tração integral permanente – além de um apuradíssimo trabalho de aerodinâmica. Mas há mais: o sofisticado sistema de refrigeração, classificado como sem igual em supercarros do género, inclui dez radiadores! Quanto ao sistema de escape é em titânio e o catalisador tem seis vezes o tamanho daqueles utilizados nos automóveis comuns.

Tecnologia de competição na travagem

Como nestas coisas acelerar não é tudo, o sistema de travagem tem discos cerâmicos, obviamente, ainda maiores do que do Veyron (420 mm à frente; 400 mm atrás), mais leves e mais finos para garantir melhor dissipação do calor. Os pistões, completamente redesenhados, são em titânio (oito à frente e seis atrás) e apresentam diferentes diâmetros, tecnologia da competição aplicada num automóvel de produção. Para se imobilizar, depois de lançado a 400 km/h precisa de 491 metros, também com ajuda da asa traseira que, para tanto, levanta e inclina 49 graus!

Traduzindo esta combinação de maravilhas em números, o Chiron pode arrancar no “launch control” e chegar aos 400 e parar em 41,96 segundos (veja, no final, o vídeo em que Juan Pablo Montoya conseguiu o resultado). Falando de prestações, há mais para dizer. O “vulgar” 0-100 consegue-se num sopro – 2,4 s; em 6,1 s atingem-se os 200 km/h; bastam 13,1 para chegar aos 300 km/h; e se não se afigura difícil suster a respiração por 32,6 s, incrível é saber que, enquanto isso, o Chiron rola a 400 km/h. E tem ainda mais para dar!

Importa aqui referir um pormenor: a velocidade está limitada aos 380 km/h, mais do que suficientes para uma autoestrada alemã; mas, rodando a Speed Key (ver galeria de fotos), a vertigem pode ir até aos 420 km/h e, seguramente, a estrada vai encolher à nossa frente. Mas atenção, só funciona se houver luz verde de todos os sistemas. Mantém-se o lema da Bugatti: “Segurança primeiro”.

Cinco modos de condução

Pela primeira vez, a Bugatti recorre a um programa que permite cinco modos de condução, em rigor quatro pois o Lift (até 50 km/h) usa-se, basicamente, para situações especiais de transporte ou para entrar numa garagem com desnível (distância ao solo sobe para 12,5 cm para não roçar no chão)… Os outros quatro são: EB, Autoestrada, Handling e Top Speed. Muda a altura da suspensão, que chega a um mínimo de 80 mm à frente e 85 mm atrás; mas o sistema interfere ainda com a assistência da direção, com o sistema de tração para facilitar o “drift”, elementos  aerodinâmicos e travagem. Acima dos 180 entra automaticamente em ação o modo Autoestrada. Nos circuitos, está recomendada a utilização do modo Handling…

E já que se fala de eletrónica, mais um número: há 50 sensores para assegurar a eficiência do motor e da transmissão, dos componentes do chassis e até do sistema de ar-condicionado. E, para assegurar que o Chiron não perde atualidade com o passar do tempo, fica garantida a possibilidade de reconfigurar o software para acompanhar a evolução.

Monocoque leva um mês a fabricar

O Chiron assenta numa estrutura monocoque em fibra de carbono. Se fosse possível juntar toda a fibra utilizada teríamos um fio de comprimento equivalente a nove vezes a distância da Terra à Lua… A superfície recebe seis camadas de polimento para ter o melhor tratamento e aspeto possivel e construir esta maravilha leva um mês de trabalho com muito de artesanal.

Os pneus de elevado rendimento foram concebidos especialmente em colaboração com a Michelin e calçam impressionantes jantes 10×20 polegadas à frente e 13,5×21 atrás. Natural, quando se sabe que a aceleração lateral, no modo Handling, chega aos 1,5 G!

Em matéria de aerodinâmica, registo para a asa traseira ativa que passa por ser única. Tem um sistema hidráulico, assume quatro posições e ajusta-se automaticamente ao modo de condução. A sua alta eficiência dispensa que se pense em qualquer spoiler adicional.

Enfim, no interior, faustoso, há uma consola portentosa com quatro botões para o ar condicionado e aquecimento dos bancos, mas com um segundo nível de comando que permite monitorizar uma série de dados de acordo com quatro modos: Icon, Performance, Cruise e Classic. Claro que não falta a telemetria, toda a informação, o infoentretenimento, a internet… E imagine-se que o sistema de áudio high-end, desenvolvido especialmente, utiliza diamantes de um carat nos quatro tweeters, dizem que para garantir um som mais cristalino.

Havia muito mais para dizer. Mas basta imaginar. O condutor do Chiron tem tudo ao dispor. Melhor: quase tudo o que de melhor a tecnologia oferece e o dinheiro pode comprar!

Com Juan Pablo Montoya e o Bugatti Chiron, no recorde 0-400-0 em 41,96 segundos. Impressionante

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FICHA TÉCNICA

Bugatti Chiron Sport

Dimensões: comprimento – 4,544 m; largura – 2,038 m; altura – 1,212 m

Motor: W16, 7993 cc, quatro turbocompressores, injeção  duplex

Potência: 1500 cv/6000 rpm

Binário máximo: 1600 Nm/2000-6000 rpm

Transmissão: tração integral permanente; caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades

Peso:  1 977 kg

Aceleração: 0-100 km/h, 2,4 s; 0-200, 6,1 s; 0-300, 13,1; 0-400, 32,6 s

Velocidade máxima: 420 km/h no suplementar Speed Mode; 380 km/h, nos quatro modos de condução

Consumos: média – 22,5 litros/100; extra-urbano – 15,2; urbano –  35,2

Capacidade do depósito: 100 litros (Super 98)

Emissões CO2:  516 g/m (349 g/km na estrada e 806 g/km em cidade)

Preço: 2,4 milhões de euros (na origem)