Dois planos de luz, rosto familiar bem trabalhado (Foto Stellantis/Citroën)

Crossover, toque de coupé, elegante (Foto Stellantis/Citroën)

Traseira poderosa, mas asa no óculo prejudica visibilidade (Foto Stellantis/Citroën)

Digitalização total, "plastificação" bem resolvida (Foto Stellantis/Citroën)

Grafismo colorido e simples (Foto Stellantis/Citroën)

Ecrã tátil de 10" é razoavelmente intuitivo (Foto Stellantis/Citroën)

Comando da caixa por e-toggle requer habituação (Foto Stellantis/Citroën)

Bancos bem concebidos ajudam ao conforto (Foto Stellantis/Citroën)

Espaço no banco traseiro só pode pecar pela altura (Foto Stellantis/Citroën)

Solução curiosa para iluminação traseira (Foto Stellantis/Citroën)

Respeita a tradição com um nível de conforto invejável, acrescenta-lhe 155 cv e uma caixa automática de oito velocidades ao serviço do três cilindros PureTech 1.2 Turbo. Compromisso interessante, estética incluída, este C4 mais musculado, generoso no espaço, até pode ser contido nos consumos e tem um preço razoável para a oferta de equipamento: €31 017.

Nesta versão mais potente, o C4 cumpre o seu papel com desenvoltura. É um bom rolador, tem retomadas interessantes e, com os seus 240 Nm de binário máximo, às 1 750 rpm, gere sem sobressaltos a caixa automática de oito velocidades, com teclas no volante e opção manual.

Impressiona, rapidamente, o nível de conforto, mesmo que os bancos possam parecer menos recetivos do que poderia esperar-se, mas facto é que a suspensão com os amortecedores de batentes hidráulicos progressivos é um regalo, mesmo nos maus pisos.

Em curva, este C4 revela o comportamento próprio de um tração dianteira, com a tendência da frente para alargar a trajetória, mas nada que impeça abordagens mais agressivas. Surpreende mesmo o equilíbrio da afinação do conjunto que não nos deixa sentir inclinações ou balanços exagerados da carroçaria quando se força o andamento em zonas sinuosas – e a altura é significativa (1,52). Gostei, também porque a direção está bem calibrada e os travões, apesar de progressivos, são eficazes.

Despachado q.b. com os seus 155 cv que a caixa automática de oito velocidades gere sem sobressaltos, espaçoso, o Citroën C4 na versão térmica mais potente é uma proposta interessante para fruir com aquele conforto tradicional capaz de marcar a diferença

Da experiência ao volante, bem sentado, em posição ligeiramente elevada e com um volante, para mim, na dimensão certa (podia ter maior regulação em profundidade), guardo, desta vez, a ideia de que o e-toggle, a tecla de comando da caixa de velocidades, me parece menos prático do que o ergonómico comando tipo punho que precedeu esta solução. Continuo a não gostar também da intrusão da asa traseira no campo de visão; engraçado por fora, complicado visto de dentro…

Três modos de condução e consumos razoáveis

O motor é acompanhado de três modos de condução – Eco, Normal, Sport – a permitir as diferenças habituais, as quais, neste caso, quanto ao Sport, emprestam mais algum nervo ao C4, sem que, ainda assim, possa reconhecer-se-lhe veia desportiva. Em Eco, é possível rolar à vela, mas os resultados não impressionam particularmente.

Quanto a consumos, e rolando em modo Eco, consegui, em ritmo de passeio, com quatro pessoas a bordo, 7,4 litros/100; na autoestrada, com os 120 comandados pelo cruise control adaptativo, registei 6,4; a média final, para 250 quilómetros foi de 7,5. Razoável para 155 cv e um motor 1.2 turbo de três cilindros.

Quanto ao resto, é o que se sabe: uma berlina com  notas de crossover coupé para respeitar a moda. Olha-se e tem força. Mais alto do que uma a berlina convencional (4,36 metros de comprimento, 1,8 m de largura, 1,52 m de altura) assenta bem nas grandes jantes de 19 polegadas que lhe dão o peso compatível com o compacto de ar robusto, mais até do que foi hábito na marca: agressivo à frente, musculado e elegante no perfil ao estilo do coupé de quatro portas, marcante na traseira cheia de força. Bom trabalho este a que a bordadura plástica empresta o toque do veículo habilitado a uma utilização virada para as atividades de lazer. Não é um SUV, atenção, mas permite algumas tentações e a distância ao solo reforça a ideia. Compromisso interessante em estilo vistoso. Mas, já se sabe, gostos não se discutem.

Habitabilidade e espaço em bom plano

No interior, o cuidado de variar e relacionar o melhor possível os plásticos, com destaque para o material de acabamento decorativo que domina a face do tablier. A nota de novidade, afinal o retomar de um hábito antigo de apresentar sempre algo novo, a gaveta que permite ao «pendura» instalar um tablet que nunca distrairá o condutor, incapacitado de ver a imagem. Por baixo, continua o porta luvas.

A consola, alta e larga, tem espaço suficiente, incluindo a prateleira para o telemóvel (há carregador por indução) e uma caixa sob o apoio de braços de altura e dimensão certas.  Os espaços de arrumação no habitáculo oferecem 39 litros de capacidade, o que é sempre de registar. Inclui os botões do travão de parque elétrico e dos modos de condução, além do e-toggle.

Não  falta instrumentação digital, sempre diferente no painel de instrumentos com grafismo típico e sem moldura e complementado no ecrã central tátil, sobrecomprido (10 polegadas) bem posicionado, utilização razoavelmente intuitiva. O ar condicionado tem comandos mistos, com botões físicos sob o ecrã e informação neste, aquilo que menos me agrada.

O espaço está dentro dos parâmetros habituais na frente. A inclinação do tejadilho penaliza sempre o acesso aos bancos traseiros e neste caso também não deixa muito espaço para a cabeça dos mais altos; já o espaço para as pernas está em bom plano e a marca reivindica mesmo um Best in Class. Seja, mas conforto é para dois, ainda que seja baixo o túnel central e a consola pouco intrusiva.

Bem recheado de equipamento

Quanto à bagageira, 380 litros, capacidade razoável, valorizada pelo fundo falso com duas posições. O banco traseiro tem uma abertura central para transportar objetos mais compridos.

Em termos de equipamento, um pacote bem recheado: acesso e arranque mãos livres, travagem automática, com reconhecimento de peões, à vigilância do ângulo morto, alerta de transposição de faixa de rodagem, condução semiautónoma de nível 2, leitura de sinais, cruise-control adaptativo com stop&go, comutação automática das luzes em LED, câmara de marcha atrás, visão de 360 graus, ajuda ao estacionamento, ar condicionado automático, bancos em pele, os dianteiros aquecidos, carregamento do telemóvel por indução e tomadas USB na traseira, vidros escurecidos.

Despachado q.b. com os seus 155 cv que a caixa automática de oito velocidades gere sem sobressaltos, espaçoso, o Citroën C4 na versão térmica mais potente é uma proposta interessante para fruir com aquele conforto tradicional capaz de marcar a diferença.

FICHA TÉCNICA

Citroën C4 1.2 PureTech 155 Shine Pack

Motor: 1 199 cc, três cilindros, injeção direta, turbo, intercooler

Potência: 155 cv/5 500 rpm

Binário máximo: 240 Nm/1 750 rpm

Transmissão: caixa automática de oito velocidades com patilhas no volante e opção sequencial

Aceleração 0-100: 8,5 segundos

Velocidade máxima: 208 km/h

Consumos: média 6 litros/100 km

Emissões CO2:  133 g/km

Dimensões: (c/l/a) – 4 360/1 800/1 525 mm

Peso: 1 374 kg

Bagageira: 380/1 250 litros

Preço: €31 017 (desde €29 017)