Vai em 18 anos de existência, não para e promete continuar a crescer. Já são cerca de 600 os sócios do Clube MX-5. Move-os a paixão pelo icónico roadster japonês e percebe-se o gozo da partilha de um automóvel que, para eles, significa objeto de culto. Isso ficou claro, no convívio com eles, num passeio de três dias aos Picos da Europa, à beira do topo da Península.

Era uma caravana próxima das três dezenas de automóveis, MX-5 das quatro gerações que despertavam a curiosidade dos automobilistas na estrada e de quem os viu desfilar, por exemplo, em Chaves, ponto de partida da iniciativa, Bragança, local da despedida, além de Leon, Oviedo, Cangas de Onís, Arenas de Cabrales e outros pontos da bela cordilheira cantábrica, como o Santuário de Covadonga, onde se chegou de autocarro, para não complicar as coisas. E ainda houve tempo para um saltinho aos mais próximos lagos de Sanabria.

Para se ter uma ideia do prazer que estes passeios despertam entre os membros  do clube, é significativo o facto de 24 horas terem bastado para esgotar as inscrições e ultrapassado mesmo o previsto – e não foram poucos, disseram-me, aqueles que ainda  lamentaram a tentativa tardia de se juntarem ao grupo.

No Clube MX-5 são cada vez mais os modelos recentes, numa prova de que está vivo bem vivo o gosto por um automóvel daqueles que, em princípio, se compra por simples prazer e paixão, como para cumprir um sonho, o descapotável para guardar e gozar ao fim de semana e em momentos como este

Já tinha acompanhado, nos primeiros tempos do clube, uma das suas viagens, grupo mais reduzido que se aventurou pelos caminhos de Marrocos, num interessante passeio que implicou logística trabalhosa. A deste não foi menos exigente, com uma caravana de dimensão razoável, mas correu tudo bem, pelo menos de forma a não deixar perceber motivo para críticas entre os participantes. E se o primeiro grupo já era heterogéneo, este surpreendeu-me mais ainda.

De todo o lado e de muitas profissões

São pessoas de todo o país – nem faltaram os carros algarvios que cruzaram o país de lés-a-lés para se reunir ao grupo e fazer ainda mais de um milhar de quilómetros suplementares –, mas também muitos idos de Lisboa e do Porto, Leiria, Nazaré Coimbra…

Gente de profissões várias, entre eles empresários, médicos, advogados, juízes, farmacêuticos, militares. A maioria “menos novos” – um dos passeantes habituais  é um casal que já entrou nos 70 e alguns –, mas já muita gente na flor da idade e um espírito tão especial que até pais e filhos em carros diferentes partilharam a estrada.

Esta heterogeneidade, cimentada pela paixão pelo MX-5 resulta num ambiente descontraído. Verdade que muitos já se conhecem e levam milhares de quilómetros e muitas estórias partilhadas noutras viagens do clube. Facilita o relacionamento, claro. Mas a integração é fácil e nunca falta motivo de conversa. Que até pode ser até algo tão comezinho enquanto novidade como uma pequena antena chinesa, “peça única” num dos dois RF presentes, alvos de maior curiosidade.

Quando a  mesa ajuda…

Conversa que se desenvolve nas paragens na estrada, abastecimentos de combustível, por exemplo, espaços de visita ou lugares de simples contemplação paisagística. E, claro, à mesa, pois à boa maneira portuguesa, que encontra a expressão adequada na variedade das tapas do país vizinho, face a saborosos petiscos e uma boa refeição encontra-se sempre motivo para mais do que um sorriso ou palavra de circunstância. Como numa das mais famosas sidrerias de Oviedo, cartaz de uma cidade pujante e com aquele toque de vida mágico que “nuestros hermanos” emprestam ao ambiente da “movida” noturna; mas também do lado de cá da fronteira, hoje perdida na memória de uma placa normalizada, onde as coisas ainda têm sempre sabor especial.

A maioria dos membros do Clube MX-5 integra o que eu chamo o grupo dos puristas, são adeptos do roadster puro, com capota de lona (o soft-top). E não foram poucos a preferir, muitas vezes, circular a céu aberto, cabelos ao vento, aproveitando o sol que nos acompanhou em grande parte do percurso. É a tentação óbvia de quem compra um descapotável!

No grupo alargado, com carros das quatro gerações e até um Miata, uma das muitas  versões norte-americanas aqui chegadas via importação, havia apenas dois RF, a mais recente proposta de tejadilho rígido retrátil do mais famoso dos Mazda. Eram vários os “redondinhos” NC que abriram esta solução e até se encontrava um MX-5 com o clássico hard-top montado… Mas, ao contrário do que se verificava ainda não há muito, são cada vez mais os modelos recentes, numa prova de que está vivo bem vivo o gosto por um automóvel daqueles que, em princípio, se compra por simples prazer e paixão, como para cumprir um sonho, o descapotável para guardar e gozar ao fim de semana e em momentos como este. O que não invalida que muitos façam dele o carro do dia-a-dia…

Gozo de conduzir e passear

Tudo, enfim, ou quase tudo neste passeio – não faltavam os primeiros NA com os marcantes faróis escamoteáveis, moda entretanto proibida em prol da segurança –, os NB, quanto é parte importante da história do roadster nipónico que, juntando os NC e ND (estes incluindo o RF) vendeu qualquer coisa como 800 unidades em Portugal nas suas quase três décadas de história. Mas há mais…

O ritmo da caravana é de passeio, pautado pelos limites de velocidade. Nas espetaculares estradas serpenteantes de montanha, mais lento, para saborear melhor, no caso, as escarpas impressionantes, os vales magníficos, a força esmagadora de uma expressão grandiosa da natureza. O simples gozo de conduzir e passear!

Regra geral, cinco vezes por ano, toca a reunir para um passeio. Por norma, o convite resume-se a um dia, passeio e almoço sempre com tentadora proposta gastronómica, como está bem de ver. Como o próximo, ainda este ano, na planície alentejana e com a zona de Campo Maior por alvo. A data: 8 de Dezembro, aproveitando mais um feriado.

Em 2019, quando se prepara a celebração dos 30 anos do MX-5 não faltarão iniciativas. Os membros do Clube MX-5 são atempadamente avisados, é claro. Se tem um exemplar do famoso roadster nipónico e quer experimentar, contacte a Mazda… Os preços são convidativos (neste caso, os três dias de hotel e as refeições andaram pelos 500 euros por casal) poupam-lhe algum trabalho, ou alguns embaraços do improviso, e dão-lhe a vantagem dos custos da viagem em grupo – a logística está a cargo da marca que suporta o clube. Quanto ao combustível, se tem um MX-5 sabe quanto gasta (em 2000 quilómetros, o RF 1.5 que guiei, gastou 6,1 litros aos 100).

Experimente. Talvez fique surpreendido!

Quatro gerações, quase 30 anos e mais de um milhão de unidades vendidas, um fenómeno de popularidade no mundo automóvel. A família, nas duas mais recentes gerações, passou a incluir o tejadilho rígido retrátil (Foto Mazda)

Fenómeno global registado no “Guinness”

Para quem não sabe, o Mazda MX-5 já recebeu mais de duas centenas prémios um pouco por todo o lado – Filipinas, Tailândia, Malásia, Nova Zelândia, Indonésia, Singapura, Israel, Hong Kong, para falar dos mais exóticos, e, inevitavelmente, por toda a Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão. É o roadster mais vendido no mundo, com mais de um milhão de unidades, e figura no Guinness Book of Records nas edições de 1990 e 2011.

A atual geração conta com motorizações 1.5 de 131 cv e 2.0 de 160 cv. É disponibilizada nas versões soft-top, o descapotável com capota de lona, e RF, a versão de tejadilho rígido retrátil. Tem preços a partir da casa dos 25 mil euros.