Solto, rápido, ágil. Vistoso, também. Simpático por dentro e espaçoso q.b. São caraterísticas do novo Opel Corsa, no caso o topo de gama GS Line. Uma proposta que toca àqueles que andam há muito tempo neste mundo dos automóveis: o Grupo PSA deixou que o Corsa mantivesse a bandeira alemã… E até o preço é de combate: 22 710 euros para um 1.2 de 130 cv e caixa automática!
É verdade que o novo Corsa – a sexta geração – tem grande parentesco com o também novo Peugeot 208. Partilham plataforma e motores e, por exemplo, a caixa automática da japonesa Aisin que equipa este GS Line. Não é pouco nem insignificante.
Apesar disto, os genes Opel estão no Corsa. Principalmente através da afinação da suspensão que ficou para os técnicos de Rüsselsheim – neste caso mesmo afinação específica do chassis. Eles dizem que se procurou mais precisão. Eu senti aquela firmeza, às vezes também alguma secura, que sempre associei ao “feitio” dos carros da marca alemã.
Mas mais. O ambiente respeita a personalidade conhecida. Neste caso, porque a base da instrumentação é analógica, podemos pensar em razões de custo e posicionamento de marcas. Não vem daí mal ao mundo – até tem lógica. E este, para mim, é o menos francês dos recentes Opel. E mostra que o grupo dirigido pelo português Carlos Tavares, à beira de outro salto, este ainda mais audaz, sabe o que anda fazer!
Este Corsa 1.2 Turbo GS Line é um Opel com nervo, faz jus aos 130 cv com prestações interessantes e revela um comportamento dinâmico na linha da tradição alemã. Generoso no espaço e no equipamento, brilha menos nos consumos e tem um preço de combate
Este Corsa, muito trabalhado na redução do peso, mais “nervoso”, o qual pretende recuperar a herança do GSI (o vídeo que aqui mostramos é elucidativo), tem a vivacidade esperada e uma caixa automática de oito velocidades que lida muito bem com a potência e o binário. Reconheço que os mais jovens sentirão a necessidade de uma transmissão manual – até porque a resposta das patilhas não é exemplar –, para outra envolvência na condução. Esses podem também dizer que uma direção mais direta vinha a calhar, pois até no modo Sport – os outros são o Normal e o Eco – a resposta é bastante filtrada. Haveria outra assertividade no comportamento do típico tração dianteira, com a frente a ter alguma tendência para alargar a trajetória e a justificar algum trabalho do controlo de estabilidade, muito civilizado, por sinal. Nada que impeça dizermos que a condução pode ser divertida e que se conseguem ritmos interessantes onde se exige também agilidade. O centro de gravidade mais baixo ajuda.
Consumos razoáveis para três cilindros
Em termos de economia, a análise sai prejudicada por ter guiado um carro praticamente saído do stand… Os três cilindros, com poucas exceções – e o Puretech é um motor muito premiado – não são exemplos de poupança de combustível. Na autoestrada, cheguei a valores de 6,2 nos sacramentais 120 km/h, com cruise-control ligado e em modo Eco. Em ritmo de passeio, por estrada normal, com quatro pessoas a bordo, registei 7,8 litros aos 100 no computador de bordo. Mas não há milagres e a gama oferece propostas que, seguramente, permitem gastar menos e também “andar” menos. É que este GS Line tem prestações interessantes e não se faz rogado em mostrar a capacidade: 8,7 segundos de 0 a 100 e 208 km/h em velocidade de ponta são números significativos. E quando é preciso ultrapassar estas caraterísticas são evidentes, o Corsa responde bem ao acelerador, vai por ali fora e a caixa automática é um mimo a gerir as “passagens” necessárias. A propósito dos três cilindros, registo apenas para um pequeníssimo rumor a baixa rotação; as vibrações passam ao lado do que é sensível.
No resto e que muito conta, este Corsa GS Line, quatro metros de comprimento, mais baixo, compacto, rodas puxadas aos extremos, é um automóvel conseguido no estilo, evolução de formas que nos revela um “fato” de bom corte. Por dentro, tem aquele toque de juventude que atenua a utilização exaustiva de plásticos, os quais, nalguns casos, mereciam outro rigor na escolha, algum almofadado, menos frieza, ainda que o toque possa ser sedoso onde deve ser.
De saudar, no entanto, o recurso ao piano black na consola e aquela “asa” em plástico prata que ameniza o tablier e dá outro relevo ao bom ecrã central de 10 polegadas, compatível com o Apple Car Play e o Android Auto. O volante tem boa pega e dimensões ajustadas, o grafismo da instrumentação é conhecido, a ergonomia dispensa críticas.
Proposta honesta na habitabilidade
Em matéria de habitabilidade, uma proposta muito honesta, sobretudo atrás, onde quem viaja tem espaço para as pernas e se queixa mais de alguma dureza do banco – uma receita muito alemã… – do que da firmeza da suspensão. É preciso elevar os recostos de cabeça para haver conforto e isso, naturalmente, penaliza a visibilidade através do óculo. Normal a este nível. O acesso não é referencial, como a distância ao tejadilho, resultado da inclinação a “namorar” uma imagem de coupé.
Quanto a espaço para arrumos, o suficiente e nota para um porta-luvas que supera as expetativas e bate ofertas superiores.
A bagageira, com 309 litros de capacidade é vulgar, mas saúda-se o pneu sobresselente. Há um grande rebordo a impedir o alinhamento com o fundo e a obrigar a maior esforço no carregamento. A chapeleira é rígida e articulada com o portão.
No que respeita a equipamento, este Corsa topo de gama, além dos para-choques exclusivos e dos faróis de nevoeiro, conta com bancos desportivos, forro de tejadilho em preto, pedais a imitar alumínio e volante de base plana. De resto, toda a gama conta com banco do condutor regulável em seis vias, banco traseiro rebatível assimetricamente, comandos do infoentretenimento no volante, programador de velocidade com limitador, retrovisores elétricos com aquecimento, assistência ao arranque em subida e start/stop. Quanto à de assistência à condução: alerta de colisão dianteira com travagem automática de emergência e deteção de peões e sistema de reconhecimento de sinais de trânsito.
Este Corsa 1.2 Turbo GS Line é um Opel com “nervo”, faz jus aos 130 cv com prestações interessantes e revela um comportamento dinâmico na linha da tradição alemã. Generoso no espaço e no equipamento, brilha menos nos consumos e tem um preço de combate.
Uma inevitável memória na história do Opel Corsa
FICHA TÉCNICA
Opel Corsa 1.2 Turbo GS Line
Motor: 1199 cc, três cilindros, turbo, injeção direta, gasolina, start/stop
Potência: 130 cv/5500 rpm
Binário máximo: 230 Nm/1750 rpm
Transmissão: caixa automática de oito velocidades, patilhas no volante
Aceleração 0-100: 8,7 segundos
Velocidade máxima: 208 km/h
Consumos: misto WLTP – 6/5,6 litros aos 100
Emissões CO2: misto WLTP – 136/128 g/km
Mala: 309 litros
Preço: 22 710 euros