É o exemplo do automóvel prático, espaçoso e cómodo, versátil e tudo isto na opção híbrida em que uma efetiva economia supera a preocupação das prestações. O Honda Crosstar, um Jazz com tratamento crossover e sempre aquelas formas que nos remetem para os monovolumes é, num palavra, racional na visão simplista do automóvel. O preço não ajuda: 28 500 euros.
O Jazz foi sempre um automóvel especial pela modularidade exemplar, muito devida aos originais bancos mágicos da Honda. O Crosstar junta a esta mais valia, uma imagem mais encorpada, ainda que sejam irrisórias as diferenças nas dimensões, exceção feita à distância ao solo – tem jantes de 16 polegadas e pneus mais altos. De todo o modo, o estilo, frente retocada e nova grelha e mais meia dúzia de pormenores, como as barras no tejadilho, não deixa dúvidas: só podia ostentar o emblema que tem…
A distância entre eixos (2520 mm) confere-lhe uma qualidade que é sempre bem recebida, uma habitabilidade notável para quem se senta atrás, sobretudo quando atendemos ao facto de estarmos perante um automóvel de quatro metros. A facilidade de acesso e a altura ao tejadilho, apesar do banco traseiro elevado completam um dos aspetos marcantes do modelo nipónico. O túnel é baixo, mas, ainda assim, não significam que cinco passageiros viajem com à-vontade.
Para quem dá valor à função prática do automóvel e aposta nos híbridos, o Honda Crosstar é uma proposta a considerar. Versátil como poucos, espaçoso e cómodo, despachado q.b. e económico brilha menos no preço, mas está bem “recheado” de equipamento
A modularidade interior, as inúmeras soluções para jogar com a capacidade de carga, usem-se os não os bancos mágicos, e a sua combinação com o transporte de passageiros continua em plano inigualável e faz da família Jazz/Crosstar um produto único. Como nem tudo é perfeito, as baterias roubam 56 litros à capacidade da bagageira…
A filosofia do híbrido económico
Falar deste Honda tem de ser, antes e mais valorizar este aspecto agora potenciado pela motorização híbrida, na filosofia que lhe assenta melhor, despacho quanto baste mas, acima de tudo, economia.
A marca adapta a solução utilizada no CR-V, associa o bloco 1.5 a gasolina (ciclo Atkinson) com 98 cv e 131 Nm de binário máximo, a um motor elétrico de 109 cv e 235 Nm, e, claro tem um segundo motor-gerador. O sistema conta com uma bateria de iões de lítio com capacidade inferior a 1kWh, a qual vai atuando de acordo com a carga e a condução.
Como é normal, os modos de condução são três: EV Drive, 100 por cento elétrico, utilizado sempre no arranque e a baixa velocidade: Hybrid Drive, com o motor de combustão a alimentar o gerador para mobilidade a a partir do motor elétrico: Engine Drive, aquele em que o motor de combustão faz girar as rodas e, havendo carga na bateria, pode beneficiar de um “boost” quando se exige mais aceleração.
Tudo isto funciona normalmente, mas não sem pequenos sinais: o silêncio de marcha e a indicação no painel, dizem-nos que vamos em modo EV; quando circulamos à custa do motor, então o som revela-se bem audível e transmissão e-CVT, que regista melhorias, também dá conta de si.
As prestações são vulgares com 9,9 segundos para a aceleração 0-100 e 173 km/h em velocidade de ponta, mas no fundo perfeitamente adequadas a este tipo de produto. O Crosstar não foi pensado para ter feição ou temperamento desportivo. É despachado quanto baste, honesto a curvar, não sem que possa sentir-se um ligeiro adornamento quando se procura fazer as coisas mais depressa. O conforto, ainda assim, nunca está em causa.
A suspensão, apesar de não ser do tipo especialmente firme, não se dá muito bem com os maus pisos e nessas situações pode fazer-se ouvir.
Quanto à direção tem o peso adequado e ganha com a desmultplicação variável.
Consumos abaixo dos cinco litros
O resultado prático, esse convence quando de fala de economia. O computador de bordo registava uma média de 5,8 litros aos 100 para 1340 quilómetros, valor perfeitamente aceitável. Mas em ritmo de passeio, fiz percursos com resultados abaixo dos cinco litros, valor que, estou convencido, será aquele que muitos dos potenciais proprietários de um Crosstar alcançarão vulgarmente.
O ambiente a bordo é muito simples e tem um toque de originalidade, dado sobretudo pelo segundo porta-luvas que se revela bastante prático. Uma faixa de tecido a meio do tablier ajuda a criar imagem diferente.
A informação é toda digitalizada, mas surpreende o pequeno painel de instrumentos, cinco polegadas, menos do que o ecrã central tátil (nove polegadas), melhorado do ponto de vista da facilidade de utilização. Sobram comandos físicos apenas para o ar condicionado e no volante multifunções. A consola, com o travão elétrico e o comando do selector que inclui a função Brake (reforço da função regenerativa da travagem), tem espaço suficiente para pequenos arrumos e prolonga-se na caixa do poio de braços, bem posicionado.
A posição ao volante, ligeiramente elevada, não chega para ver o extremo da frente do Crosstar.
Em termos de equipamento a versão Executive, única disponível, conta com lçuzes diurnas e faróis LED com suporte de máximos, acesso e arranque sem chave, ar condicionado automático, bancos dianteiros aquecidos, retrovisores retráteis, navegação, câmara graseira e sensores de estacionamento,carregamento sem fios, sistema audio premium com subwoofer, jantes em liga de 16 polegadas.
Para quem dá valor à função prática do automóvel e aposta nos híbridos, o Honda Crosstar é uma proposta a considerar. Versátil como poucos, espaçoso e cómodo, despachado q.b. e económico brilha menos no preço, mas está bem “recheado” de equipamento.
FICHA TÉCNICA
Honda Crosstar 1.5 HEV Executive
Motor: 1498 cc, gasolina injeção direta, start-stop
Potência: 98 cv/5500/6400 rpm
Binário máximo: 131 Nm/4500-5000 rpm
Motor elétrico: síncrono permanente
Potência: 109 cv
Binário máximo: 253 Nm
Bateria: iões de lítio (<1 kWh)
Potência combinada: 198 cv
Transmissão: eCVT
Aceleração 0-100: 9,9s
Velocidade máxima: 173 km/h
Emissões CO2: 110 g/km (WLTP)
Consumo médio: 4,8 l/100 (WLTP)
Bagageira: 304/1200 litros
Dimensões:(c/l/a) – 4090/1725/1556 mm
Peso: 1253 kg
Preço: 28 500 euros (com campanha de financiamento e retoma)