Imagem de peso concretizada num crossover de estilo coupé, compacto e mais baixo do que podia esperar-se, este Formentor VZ tem os condimentos para ser consensual e como promete o papel de um ponta-de-lança do futuro design da segunda marca da SEAT, deixa-nos curiosos sobre o que poderá seguir-se. Muito bem. E naquele cinzento baço da versão que guiei e lhe acentua o caráter desportivo ganha ainda mais agressividade.
Já tinha feito uns quilómetros de Formentor VZ, que me deixaram impressionado pela positiva, mas agora “dono e senhor” da peça por uns dias, fiquei ainda mais convencido do excelente trabalho realizado pela Cupra. A empatia com o crossover (eles querem que seja CUV e não SUV) espanhol, pelo menos no meu caso, foi tão natural que até pensei que tivesse eu a arte também faria assim…
Estética original, interior de conceção apelativa, boa qualidade percebida, espaçoso e confortável, bem equipado, o Cupra Formentor VZ, com os seus 310 cv, tração integral e comportamento à altura das exigências entra no grupo dos automóveis de paixão
O primeiro Cupra nascido para o ser a partir da folha em branco para nos conquistar pelo ambiente a bordo, conta com imagem desportiva muito valorizada pelo nível notável da qualidade percebida – o tablier é em pele com pesponto cobreado e não falta a envolvente iluminação horizontal em LED que se prolonga nos painéis das portas e inclui o aviso de veículos no ângulo morto. As bacquets ajudam, o volante, com os chamados botões satélite para arranque e controlo dos modos de condução “colados” aos braços, dimensão certa e boa pega é, pura e simplesmente, um mimo, a digitalização traz um grafismo também ele atraente e, enfim, respira-se a melhor atmosfera para aquilo que nos espera a seguir. A consola, com o pequeno seletor em forma de grande interruptor (a caixa de sete velocidades é sequencial e não faltam patilhas no colante) e o botão para desligar o ESP ao alto, encaixa no ambiente e cria dois espaços individuais, reforçando a envolvência do posto de condução. E este, mais baixo do que na generalidade destes crossover a que muitos chamarão SUV, permite todas as regulações e a posição perfeita para um automóvel com 310 cv…
Boa oferta em termos de espaço
Antes disso, convém dizer que espaço é o que não falta, num aproveito perfeito da plataforma MQB-EVO. À frente, há desafogo suficiente para não se pensar em conflito de cotovelos e atrás, uma surpresa. A inclinação do tejadilho não penaliza a habitabilidade, o espaço para pernas é suficiente e a altura dos bancos dianteiros facilita a movimentação dos pés. A consola, que conduz o ar condicionado para a traseira e comporta duas fichas USB-C, é intrusiva e, a par com a altura do túnel central, convida a baixar o apoio de braços e a viajar com quatro para se falar em verdadeiro conforto. Pena que os bancos sejam de filosofia alemã, um pouco duros.
Para fechar este capítulo, registo para uma bagageira razoável, 420 litros de capacidade (chega aos 1475 com os bancos rebatidos), distância razoável ao solo, mas um desnível considerável entre a moldura do portão e o fundo a dificultar principalmente a retirada de peças mais pesadas.
Capacidade, eficácia e conforto
Mas chegou a altura de acionar o botão de ignição no volante. E a experiência que vai seguir-se enriquece o “cartão de visita” deste 2.0 litros que partilha o motor do Golf GTI. Ora bem, estamos num automóvel que nos permite regular a pressão do amortecimento e controlar a afinação do chassis. Há quatro quatro modos de condução – Comfort, Sport, off road e Cupra. Tudo isso com ajuda da tração integral, o sistema 4Drive é uma ajuda suplementar que gere a entrega de potência à roda certa no momento exacto, com tudo quanto isso representa na eficácia da tração.
A gestão do sistema permite-nos gozar do estradista de eleição, confortável com aquele binário de 420 Nm, que assegura a resposta capaz de facilitar qualquer ultrapassagem, mas também, em modo Cupra, do tal automóvel com “ganas”. E nesta escolha, suspensão muito endurecida, para ajudar à festa a música do motor é outra, um som trabalhado cavo e grave, que até simula a dupla nas passagens de caixa, à medida dos quatro escapes, quais potentes colunas que reproduzem fielmente os ritmos e as notas da orquestra de força que não falta mesmo. Envolvente, desafiante!
Embalados por esta “composição”, vamos encontrar um automóvel desembaraçado, competente em curva ao ponto de ficar a sensação de que nunca se lhe toca os limites. A carroçaria resiste muito bem à altura nas transferências de massas mais exigentes, a direção tem o peso adequado e a frente aceita bem as suas ordens e, para que a confiança possa ser maior, os grandes travões Brembo “escondidos” nas jantes de 19 polegadas dão nota da sua reconhecida eficácia.
A caixa DSG, agora shift by wyre, faz por si só gestão competente, quando se recorre às patilhas e se procura outra envolvência na condução, a resposta é satisfatória, mas, como se sabe, há soluções mais rápidas.
Consumos “naturais” para a potência
Em matéria de consumos, não há milagres. No percurso suburbano, e tentando cumprir os limites de velocidade, o que nem sempre é fácil face ao temperamento do Formentor VZ, o computador de bordo registou 8,3 litros aos 100. Na autoestrada, aos pacatos e regulamentares 120 controlados pelo cruise-control adaptativo, a média foram 8,8. Em modo Cupra, os valores são sempre de dois dígitos e dependem do coração de cada um… De qualquer modo, valores razoáveis para um automóvel de 310 cv e tração integral.
A versão que guiei do Cupra Formento 2.0 TSI VZ 310 Cv 4Drive tinha um rico pacote de equipamento, destacando-se faróis full LED automáticos, cruise control adaptativo, luz de boas vindas com projeção do logo Cupra, abertura e arranque sem chave, bancos tipo bacquet, ar condicionado trizona automático, luz interior LED envolvente e personalizável incluindo avisador de ângulo morto, volante multifunções em pele com botões satélite, travões Brembo, jantes de 19”, alerta de tráfego traseiro, painel de instrumentos digital com 10,25“, ecrã central de 12” com navegação Plus, retrovisores rebatíveis eletricamente e aquecidos, tejadilho panorâmico, barras negras no tejadilho, portão elétrico e serviço online com Cupra Connect. São mais 5 553€ mas faz muita diferença…
Estética original, interior de conceção apelativa, boa qualidade percebida, espaçoso e confortável, bem equipado, o Cupra Formentor VZ, com os seus 310 cv, tração integral e comportamento à altura das exigências entra no grupo dos automóveis de paixão.
FICHA TÉCNICA
Cupra Formentor 2.0 TSI DSG 4Drive S&S VZ First Edition
Motor: 1984 cc, gasolina, injeção eletrónica, turbo, filtro de partículas, start/Stop
Potência: 310 cv/6600 rpm
Binário máximo: 400 Nm/2000-5450 rpm
Transmissão: integral, caixa automática DSG de sete velocidades com patilhas no volante
Aceleração 0-100: 4,9 segundos
Velocidade máxima: 250 km/h (limitada)
Consumos: WLTP – 8,2/12,4
Emissões CO2: WLTP – 186/203 g/km
Dimensões: (C/L/A) – 4450/1839/1511 mm
Peso: 1644 kg
Bagageira: 420/1475 litros
Preço: 54 120€,versão ensaiada; desde 48 567€
