Chega pelo terceiro trimestre de 2018 a Portugal, Março/Abril, mas vai ser preciso esperar ainda outros dois meses até o mercado nacional ter a versão mais desejada do Volvo XC40, o D3: 2.0 litros turbodiesel de 150 cv, tração dianteira, opção para um SUV premium por 46 000 euros. Há mais barato, claro, o gasolina T3, 2.0 de 152 cv, com preços a partir dos 36 600 euros. Eu guiei a outra dimensão do SUV sueco: D4, 2,0 turbodiesel de 190 cv, tração integral, caixa automática de oito velocidades. Já tem encomendas! E…
Custa não gostar. Nem é o estilo que mais importa, quando os SUV parecem cada vez mais iguais. Percebemos logo tratar-se de um Volvo. Tem presença, um toque de classe. É quando se entra no XC40 que despertam os sentidos. Outra coisa, ainda que, valha a verdade, se esperasse mais. Afinal é um premium, tem isso plasmado no habitáculo, mas o banho de qualidade é menor do que o prazer da vista. Tudo bom claro, e irrepreensivelmente acabado, mas vamos ter de nos habituar à ideia de que, apesar dos alumínios vistosos e bem integrados, e da qualidade percebida indiscutível há muito plástico. Está longe de ser exclusivo da Volvo, os rivais trilham caminho semelhante. Mas importa descer à terra, afinal é um SUV do segmento C e, a este nível, está claramente onde deve estar, no topo da oferta.
Adiante…O grande ecrã de 12 polegadas é marcante, porque, além do mais, vai revelar-se prático e intuitivo na utilização. A digitalizalição do painel de instrumentos assenta que nem uma luva neste ambiente de cariz minimalista. E, depois, temos uma dúzia de botões mais o volante multifunções. Mais um pequeno manípulo para o seletor da caixa automática e as partilhas no volante (não havia carros de transmissão manual). Braços de Luzes e limpa-vidros e é tudo. Quase perfeito de tão simples e prático.
Carrega-se no botão de arranque e começa a experiência que também deixa marcas pela positiva. Mesmo quem não seja fã do género, dificilmente deixará de registar a facilidade de condução do XC40. Bem sentados, volante de dimensão reduzida, espessura ajustada a uma boa pega, aí vamos nós respirando o prazer de um carro que nos conquista na medida do aumento da empatia. Até parece nosso há muito tempo…
A imagem Volvo e quanto a acompanha, em termos de segurança e tecnologia, estatuto também, vai, por certo, pesar mais do que o excelente ambiente a bordo, as qualidades dos aspetos práticos e o senão do banco traseiro
Tudo perfeito? Não é bem assim, falta o tal quase, pormenores que surpreendem. Designadamente o banco traseiro, pequeno, à medida de quatro lugares, também porque quem se sentar ao meio, no espaço do apoio de braços rebatível, é prejudicado pela altura do túnel central. O assento também é estreito e o espaço fica-se pela vulgaridade. É o lado menos convincente do XC40, que até tem muitas soluções de arrumação interior, como uma curiosa gaveta sob o banco do condutor, na qual cabe, por exemplo, um tablet.
E tem ainda uma boa bagageira, em matéria de espaço (460/1336 litros) e versatilidade. Por exemplo, a chapeleira guarda-se sob o fundo, e este é uma placa articulada, o que assegura algumas soluções interessantes para o transporte de pequenos objetos ou das compras no supermercado… O rebatimento dos bancos (40X60) até pode ser elétrico e a plataforma assim obtida é completamente plana. O portão também pode ter abertura e fecho elétrico, além de comando pela passagem do pé sob o pára-choques. Exigia-se!
Não sei até que ponto estes comentários podem influenciar alguém. Duvido… A imagem Volvo e quanto a acompanha, em termos de segurança e tecnologia, estatuto também, vai, por certo, pesar mais do que o excelente ambiente a bordo, as qualidades dos aspetos práticos e o senão do banco traseiro. Aliás, influenciará qualquer um depois de guiar o XC40, mais primo do que irmão, diz a Volvo (!), dos bem cotados XC60 e XC90, em relação aos quais não é de facto, redução à escala; tem personalidade própria, como os suecos da empresa chinesa fazem questão de frisar. E, registe-se, há uma pequenina bandeira sueca “agarrada” ao capô, do lado do condutor. Seguramente, importante para uns e outros…
O XC40 que guiei foi o D4 All Wheel Drive, 2.0 litros turbodiesel de 190 CV, 400 Nm de binário máximo (1750/2500 rpm). É despachado (7,9 segundos e 0 a 100 e 210 Km/h em velocidade de ponta) e convincente a curvar. Cómodo também, até quando se opta pelo modo Dinâmico e o desempenho ganha mais eficácia: então a carroçaria quase nem mexe nos encadeados de curvas a pedir equilíbrio na transferência de massas. Os consumos andaram entre os 7,2 e os 7,7 litros aos 100 (a marca anuncia 5,2) rodando estradas secundárias e autoestrada, em ritmos normais. A experiência limitou-se ao alcatrão, mas quem pensa no fora de estrada deve contar com uma distância ao solo de 21 centímetros e ângulos de 21,7 graus (entrada), 21,9 (ventral) e 30,4 (saída).
Esta pode ser imagem distorcida para a realidade portuguesa, onde o grosso das vendas assentará no turbodiesel 4×2 de 150 CV, que pode ter transmissão automática (cerca de mais 1500 euros). Tem de ser diferente. E vamos esperar para ver. Certo é que esta versão terá preços a partir dos 46 600 euros. O pacote de equipamento pode contemplar quase tudo, mas o Momentun, nível que faz o preço, apresenta recheio razoável, designadamente no que respeita à panóplia de dispositivos de segurança e ajuda à condução. Mas este é um Volvo que pede mais…
Os carros que chegam em Março Abril vão custar: D4 de 190 cv, desde 52 150 euros; T5 de 247 cv, a partir de 51 500 euros.