Se considerarmos que o lado prático e o preço são tudo na escolha de um automóvel com sete lugares, é difícil penalizar o Dacia Jogger que, a bem dizer, nem concorrentes tem. Motor 1.0 três cilindros turbo, 110 cv pode representar o q.b. para cumprir a sua função ao serviço de uma grande família.
Linhas familiares, neste caso levadas a uma grande carrinha com 4,55 e 2 metros de altura, o Jogger não será o mais chamativo dos Dacia, mas verdade é que a função levada a rigor supera a estética. Construído sobre a plataforma do Sandero tem mais 30 cm na distância entre eixos (2,90 !) e isso alimenta toda a diferença em matéria de espaço e habitabilidade.
Bancos em anfiteatro, o central sobe 5,5 cm e os dois da terceira fila mais 2,5 cm, permitem que todos possam ver a estrada. Se isso não é inédito, o que surpreende são os lugares da terceira fila, onde pode sentar-se um adulto, com um mínimo de conforto, mesmo que os joelhos fiquem altos. Ao meio o espaço é generoso e o facto de os pés poderem passar sob os bancos dinteiros é vantagem a ter em conta para a posição das pernas. Como será numa grande viagem não sei, até porque os bancos são durinhos…
Um milagre de habitabilidade? Não vamos tão longe, mas quando nos lembramos de outras soluções idênticas temos de convir que a Dacia resolveu bem a questão. Também porque os bancos da terceira fila, que rodam para ficar presos na traseira dos lugares centrais, podem ser retirados. A vantagem é uma ampliação significativa do espaço de carga de 708 para 1 807 litros, se não precisarmos de transportar mais do cinco pessoas. Com a terceira fila armada, a bagageira é, naturalmente, exígua: 160 litros. O grande portão, com as luzes ao alto, e até o plano de carregamento baixo facilitam a utilização.
Concretizar um sete lugares como este Dacia Jogger não é tarefa fácil. Espaço e habitabilidade estão em destaque numa carrinha alta e com ares de SUV que privilegia o prático e a função em relação às formas. Tem tudo o que realmente é preciso e desembaraça-se honestamente com um motor 1.0 turbo de três cilindros. Consumos interessantes, preço sem igual
Outros pormenores valorizam o lado prático do Jogger, como sejam os 23 litros de capacidade no interior para transportar pequenos objetos, e o facto de as barras do tejadilho rodarem 90 graus e poderem suportar até 80 quilos. Poucos problemas para a viagem de férias…
A lógica do mínimo que é o bastante
O interior adota a filosofia que se estende à família Dacia, o mínimo que é o bastante e um pouco mais na versão SL Extreme que conduzi. O tecido mesclado preto e branco e as decorações simples, em branco ou prateado, amenizam o peso do plástico negro e rugoso, nunca almofadado, que está na base de todos os revestimentos. Uma nota de jovialidade é dada pelo pespontado branco e laranja dos bancos em tecido exclusivo, os dianteiros, com bom apoio e proporcionando posição agradável ao volante – elevada, claro.
Painel de instrumentos e ecrã central, este com um suporte de telemóvel integrado, são muito simples e contemplam o básico da informação, no SL Extreme incluindo a navegação. Não faltam as estradas USB e a tomada de 220V. Nem o carregador por indução.
Debaixo do capô temos o conhecido tricilíndrico 1.0 turbo de injeção direta da Renault, com uma caixa manual de seis velocidades, relações longas para privilegiar os consumos. Debita 110 cv e 200 Nm de binário para puxar os 1 233 kg do Jogger.
Generoso e honesto, bom rolador, quando a estrada empina ou o peso a bordo é maior, não esconde uma quebra natural do regime, mas ainda assim consegue suportar a descida das rotações sem queixume, se não for preciso recorrer à caixa de velocidades. É uma questão de calma, o que não deve faltar ao comprador tipo de um familiar com estas caraterísticas.
É com certeza alguém que não está preocupado com os 11,2 segundos necessários para acelerar de 0 a 100 ou a velocidade máxima de 180 km/h…
Consumos interessantes com quatro adultos a bordo
Importante para esses é considerar um consumo médio de 7 litros redondos, com quatro adultos a bordo, autoestrada a 120 km/h cravados no cruise control e um percurso em estrada com algum congestionamento. Em 138 quilómetros o computador de bordo indicou 44,2 Km “à vela”, sem aceleração, portanto. A eficácia da condução, ainda de acordo com a eletrónica, foi de 55%. Logo é possível fazer melhor. E foi: no suburbano, registei 6,8 e em auto estrada 6,2 litros/100 Km. Parecem-me números honestos.
Em termos dinâmicos, o Jogger porta-se bem a curvar, não nasceu para exageros, naturalmente, acusa a altura, pode sentir-se o balanceamento da carroçaria em andamento mais vivo e experimentar a clara tendendência subvirante. É claro que não foi para isto que foi feito, ainda que demonstre uma saudável agilidade.
Os pneus altos nas jantes de 16 polegadas ajudam a filtrar os maus pisos e o compromisso de suspensão é equilibrado. Quem viaja atrás, no entanto, não dá nota alta à comodidade. A direção podia ter mais “peso”, os travões fazem sentir o abaixamento natural da carroçaria que está a 20 cm do solo. O suficiente para abrir as portas ao fora de estrada e “usar” a imagem de SUV que o Jogger SL Extreme faz por exibir.
Esta versão recebe equipamento considerável. A saber: cruise control e limitador de velocidade, assistência à travagem de emergência, câmara de marcha atrás com guias, sensores de estacionamento à frente e atrás, sensores de chuva e luminosidade, ar condicionado automático, luzes diurnas e faróis de nevoeiro em LED, iluminação e elásticos de retenção na bagageira, volante em couro, estofos em tecido SL Extreme, cartão mãos-livres e arranque por botão, painel de instrumentos TFT, sistema multimédia com navegação, carregador de smartphone por indução, vidros escurecidos, antena shark e jantes de 16 polegadas escurecidas. Em opção, o Pack Confort II instalado acrescenta: alerta de ângulo morto, travão de parque elétrico, banco do condutor regulável em altura e mesa nas costas dos lugares.
Concretizar um sete lugares como este Dacia Jogger não é tarefa fácil. Espaço e habitabilidade estão em destaque numa carrinha alta e com ares de SUV que privilegia o prático e a função em relação às formas. Tem tudo o que realmente é preciso e desembaraça-se honestamente com um motor 1.0 turbo de três cilindros. Consumos interessantes, preço sem igual.
FICHA TÉCNICA
Dacia Jogger SL Extreme TCe 110cv
Motor: três cilindros, 999cc, turbo, injeção direta
Potência: 110cv/5 000-5 250 rpm
Binário máximo: 200 Nm/2 900-3500 rpm
Transmissão: caixa manual de seis velocidades
Aceleração 0-100: 11,2 s
Velocidade máxima: 180 km/h
Consumo: combinado – 5,7 litros/100 km
Emissões CO2: combinado – 130 g/km
Dimensões: c/l/a – 4,547/2,007/2,000 m
Peso: 1 233 kg
Bagageira: 160/708/1 807 litros
Preço: versão ensaiada, 24 308€: SL Extreme, desde 21 850€: versão base, 18 950€