Frente interessante, identidade assegurada (Foto Dacia Newsroom)

Esculpido com simplicidade defende bem a altura ao solo (Foto Dacia Newsroom)

Barra prateada reforça a imagem de SUV na traseira (Foto Dacia Newsroom)

Muito plástico, acabamento e qualidade razoáveis (Foto Dacia Newsroom)

Painel de instrumentos digital em expressão simples (Foto Dacia Newsroom)

Ecrã tátil de 7" polegadas espelha telemóveis e contempla navegação (Foto Dacia Newsroom)

Botão rotativo para o comando do sentido de marcha (Foto Dacia Newsroom)

Habitáculo estreito impõe dois lugares na traseira (Foto Dacia Newsroom)

Dois planos de luz com iluminação diurna em LED ao alto (Foto Dacia Newsroom)

Agora duas setas para assinatura luminosa traseira (Foto Dacia Newsroom)

Proteção lateral tem referência à motorização (Foto Dacia Newsroom)

Retrovisores na cor dos vivos da decoração interior (Foto Dacia Newsroom)

Distinção colorida usada também nas barras do tejadilho (Foto Dacia Newsroom)

Jantes em liga leve de 14" com pneus 165/70 (Foto Dacia Newsroom)

Tomadas de carregamento ocultas atrás do emblema na grelha (Foto Dacia Newsroom)

É difícil pedir milagres a um pequeno SUV elétrico de 44 cv com uma bateria de 27,4 kW/h. Mas se é o mais barato do mercado (pode custar €16 800), promete autonomia na casa dos 305 quilómetros em cidade, vale perder algum tempo para saber como é possível este Dacia Spring. Tudo se resume a asserção simples: quem dá o que pode…

Pequenino (3,70 metros) e jeitosinho, nascido Renault Kwid e destinado aos países emergentes, plataforma para motores térmicos (de baixa cilindrada), desenvolvida conjuntamente com a Nissan, fabricado na China, este combinado é “servido” enfim na Europa como o primeiro elétrico da romena Dacia!

Baterias de 27,4 kW/h sob o banco traseiro, motor à frente e tração dianteira, filosofia simplista que, ainda assim, tem pormenores a contrariar o básico dos básicos, é claramente um automóvel pensado e feito para ser barato (até se percebe ao fechar a porta) e cumprir com honestidade o papel de citadino apto para utilização criteriosa enquanto suburbano.

Esta filosofia implica um rigoroso controlo da dotação de equipamento e aquilo que primeiro se estranha é a chave de ignição convencional. O painel de instrumentos adota a solução digital, obviamente, mas parece difícil imaginar mais simples; o ecrã central oferece o mínimo exigível; não falta o ar condicionado, mas manual; o plástico (rugoso para tornar o toque menos frio) é rei e senhor no tablier simples e nos forros das portas; a consola tem acabamentos em piano black e recebe o comando de marcha circular, limitado a três posições – D,N,R, o travão de mão recorre à convencional alavanca.

uma proposta honesta face ao preço que condiciona o equipamento e justifica uma motorização de 40 cv, prestações a condizer e uma autonomia para potenciar a utilização em cidade, onde o Dacia Spring pode percorrer 305 quilómetros com uma carga de bateria

No meio de tudo isto, a construção parece cuidada, nada de metal à vista e estofos em pele sintética na versão Confort Plus, o topo de gama que guiei e o qual por cerca de €1500 marca diferença significativa para o pacote de ataque ao preço num carro com opção comercial de dois lugares, capaz de dar jeito a muitas pequenas empresas… até por haver benefícios fiscais.

Contrapartidas à medida da imagem

Identificados com o tipo do produto, imagem jovial, personalidade Dacia vincada na grelha que mesmo fechada é inigualável, vamos descobrir a contrapartida à medida nos aspetos dinâmicos. O motor assegura 44 cv e um binário de 125 Nm e os 970 quilos de peso permitem um desempenho honesto ao Spring, que assim acelera de 0 a 100 em 19,1 segundos e atinge os 125 km/h para que a energia não se esfume num ápice. E com essa preocupação, optei por circular em modo Eco, limitado por isso a 30 cv e a 100 km/h.

Enquanto conduzi sozinho, num andamento normal, nada a dizer… quando o compromisso é poupar. Com quatro a bordo, o desempenho ressente-se e mal a estrada empina, sem surpresa as capacidades são penalizadas. Quanto a consumos, 12,5 kW/h foi a média registada nestas circunstâncias, em ritmo de passeio, o que significa uma autonomia de 219 quilómetros, logo próxima dos parâmetros WLTP anunciados pela Dacia.

Uma certeza: o Spring é basicamente um citadino e se conta com ele e pretende pensar nos passeios de fim de semana, faça bem as contas e não se abalance a grandes aventuras. Aliás, nem pode ser esse o objetivo de um automóvel elétrico assim, que, de qualquer modo, até lhe permite, dada a altura ao solo (15,1 cm) encarar com à vontade os lancis dos passeios citadinos e um piquenique que obrigue a um fora de estrada.

Mais firme do que seria de esperar

Em curva, o Spring pauta-se também pela honestidade e revela-se até mais firme do que seria de esperar, o que o faz resistir ao balanceamento exagerado da carroçaria, mesmo que as velocidades não sejam adequada a qualquer tentação desportiva. Este facto repercute-se no conforto, sobretudo atrás, e é potenciado pelas esponjas utilizadas nos bancos, menos absorventes do que é normal. Registe-se, no entanto, um bom apoio nos lugares dianteiros, onde o condutor se senta em posição elevada frente a um volante em plástico e não regulável em altura ou profundidade. Difícil de entender! E já que se fala de conforto, nota para o facto de o habitáculo ser estreito e para os quatro lugares, acanhados atrás, afinal como é próprio do segmento. A mala é razoável, com 290 litros de capacidade, que chegam aos 620 com o banco rebatido (1×1). O plano de carga é ligeiramente elevado e há desnível significativo entre a moldura do portão e o fundo.

A direção é adequada ao estilo e capacidade do Spring e mostra-se particularmente agradável em cidade. Quanto a travões, um bom compromisso, se atendermos a que nem sempre é fácil encontrar a afinação certa para as necessidades de regeneração.

Uma palavra para a insonorização que não impede a audição de um ligeiro zunido do motor e dos ruídos de rolamento e aerodinâmicos, sobretudo em autoestrada.

No que respeita à bateria, num carregador rápido de 30 kW/h, a carga completa faz-se em hora e meia; numa wallbox de 7,4 kW/h conte com cinco horas; se usar uma tomada comum precisará de 14 horas para “atestar”. O cabo de carregamento a bordo está apto para postos públicos e wallboxes.

A oferta de equipamento é contida: luzes diurnas em LED, ar condicionado manual, limitador de velocidade, computador de bordo, ecrã tátil de 7”, compatibilidade Apple CarPlay e Android Auto, rádio DAB, bluetooth, navegação, câmara de marcha atrás com guias, barras no tejadilho, pneu sobresselente, jantes em liga de 14 polegadas. O cabo flexicharger custa €300 e o carregador de carga rápida (DC 30 kW), outros €300.

Em síntese, uma proposta honesta face ao preço que condiciona o equipamento e justifica uma motorização de 40 cv, prestações a condizer e uma autonomia para potenciar a utilização em cidade, onde o Dacia Spring pode percorrer 305 quilómetros com uma carga de bateria.

FICHA TÉCNICA

Dacia Spring Comfort Plus

Motor: síncrono de ímanes permanentes

Potência: 44 cv – 3 000/8 200 rpm

Binário máximo: 125 Nm – 500/2 500 rpm

Bateria: 27,4 kW/h (carga útil), iões de lítio; 240 V

Transmissão: velocidade única, com redutor

Aceleração 0-100: 19,1 segundos

Velocidade máxima: 125 km/h, 100km/h em modo ECO

Autonomia WLTP: combinada – 230 km; cidade – 305 km

Carregamento: tomada doméstica – 13h32; wallbos (7,4 kW/h) – 4h51; posto público 125ª (80%) – 56 minutos

Dimensões: (c/l/a) – 3 734/1 770/1 516 mm

Peso: 970 kg

Bagageira: 290/620 litros

Preço: €18 300, Comfort Plus; €16 800, Comfort