A tentação é pensar tratar-se de só mais um N na família i30 da Hyundai. Mas a verdade é que o Fastback traz outra personalidade à linha desportiva da marca sul-coreana nesta versão de cariz mais familiar. Pode não ser tão assertivo e mordaz quanto o htchback que alimenta a imagem de competição, mas continua, e por preço tentador, a ser um senhor desportivo!

Só podia ser, pensará o leitor. Pois, mas aos amortecedores adaptativos, ao escape ativo de musicalidade regulável e ao diferencial autoblocante eletrónico junta-se agora uma suspensão trabalhada no sentido da suavidade e rigidez, num automóvel mais baixo (-38 mm) e mais comprido (12,5 cm) por via dos dois volumes e meio.

Não podia ser igual e não é, porque também há mais peso. Só que continua a ser um desafio conduzir este Hyundai naquelas situações em que ele pede para mostrar quanto vale.

Bem sucedida variação na oferta desportiva da Hyundai este i30 N Fastback, imagem mais familiar para um automóvel que continua a marcar pontos numa oferta exclusiva, afirmando-se como máquina de respeito, nas prestações e no comportamento

Ora acione-se, o Modo N – o mais desportivo dos cinco disponíveis – e é tratar de respirar fundo e prepararmo-nos para aquela experiência só ao alcance de um desportivo equilibrado. E este é daqueles que ainda corta a respiração! A facilidade com que o motor 2.0 litros de 275 cv sobe de regime – são 6,1 segundos de 0 a 100 e 353 Nm de binário para ajudar na recuperação –, a rapidez que se espelha nos números que correm atrás do ponteiro do velocímetro numa cavalgada vibrante obriga a uma condução envolvente, leva àquele empenho que nos obriga a concentrar e a não pensar em nada mais. É levantar o pé se não se está em pista…

Comportamento notável e… limpinho!

É tudo muito expressivo, nas zonas mais ziguezagueantes de 2ª/3ª até a segunda parece curta de mais e percebe-se que, afinal, a relação superior permite a abordagem confiante à curva e a saída em potência. Notável, até por nunca se dar conta de pouca agilidade. A direção é precisa e direta e deixa colocar e manter a frente onde queremos. E depois o balanceamento natural que conseguimos provocar e controlar faz o resto e a traseira até ajuda na trajetória. Limpinho!

O ESP, obviamente desligável, passa despercebido mesmo quando se força o andamento acima do que parece razoável. Giro, muito giro de guiar este i30 que pode não ser exatamente igual ao dois volumes – e nem deve ser, afinal, o outro é a base do modelo de competição.

Talvez a travagem pudesse ser mais mordaz e outra a manuseabilidade da caixa de velocidades, nada a ver com o escalonamento das relações, adequado, antes a preferência por outro acerto na afinaçãoda engrenagem. Questão de gosto.

Em resultado de tudo isto, quanto consome este i30 N? Bem, na autoestrada aos regulamentares 120 Km/h, o computador de bordo registou 7,3 litros aos 100. O acumulado de 750 quilómetros, seguramente com muitas experiências e andamentos fortes, indicava 14,5. É claro que pode fazer-se menos!

Opções que o preço pode explicar

O resto é a simplicidade que se aceita num desportivo. Neste caso, a par com um bom nível de acabamentos, com assinalável cuidado na escolha dos plásticos, ainda que merecesse haver outra diversidade nos materiais, num ambiente sem grandes ousadias estilísticas, pautado pela sobriedade, e em que pode surpreender alguns o facto de a instrumentação ser analógica. Os 275 cv e a nobreza do comportamento justificavam talvez outra aposta. Mas isso implicaria, com certeza, outro preço… São opções, e aqui pesou essencialmente a performance!

Boa é a posição de condução, beneficiada por excelentes bacqets, um volante de dimensões acertadas que inclui os dois comandos dos cinco modos de condução: Normal, Eco, Sport (tecla da esquerda), N e N Custom (tecla da direita). É o sistema designado N Grin que permite intervir nos parâmetros do motor, amortecedores, controlo de estabilidade, autoblocante, som do motor, direção e no Rev Matching, o qual ajusta as rotações nas reduções do motor tornando-as mais suaves. Eficaz.

Quanto a espaço, é vulgar atrás e, sobretudo a distância ao tejadilho, em função do estilo e da normal inclinação do tejadilho, mas está  “à medida” de passageiros não muito altos; sob os bancos dianteiros podia haver mais espaço para os pés. O túnel é baixo, ainda assim a habitabilidade é para duas pessoas.

A bagageira é razoável, nos seus 450 litros de capacidade, em resultado da traseira que lhe garante mais 55 litros do que é possível transportar no hathback. Os bancos rebatem na proporção 60×40 e a capacidade de carga aumenta então para 1351 litros.

Equipamento q.b. e imagem sem espalhafato

Este desportivo beneficia da chamada tração N, não dispensa o controlo de arranque, travagem autónoma de emergência e o sistema de manutenção em faixa. O ecrã central é de oito polegadas e o sistema de infoentretenimento contempla a conectividade com Apple Car Play e Android Auto e uma assinatura de sete anos dos serviços LIVE. Obviamente, dispõe de navegação e Bluetooth. Ar condicionado automático, sensor de luz e máximos automáticos, câmara traseira e sensores e estacionamento atrás, bancos em pele e alcântara, à frente com extensão do assento, volante multifunções em pele perfurada, dupla ponteira de escape, jantes em liga de 18 polegadas.

Em termos estéticos é um produto da nova escola de design da Hyundai, influenciada pelo alemão Peter Schcreyer e depois por Luc Donckerwolke, solução ao estilo do coupé de cinco portas, bem proporcionado e personalizado, linhas suaves. Integra muito bem uma série de apêndices e soluções aerodinâmicas, tantas vezes espalhafatosas, que lhe acentuam o caráter desportivo. É um daqueles automóveis que pisa bem e transmite imagem de grande dinamismo.

Bem sucedida variação na oferta desportiva da Hyundai este i30 N Fastback, imagem mais familiar para um automóvel que continua a marcar pontos numa oferta exclusiva, afirmando-se como máquina de respeito, nas prestações e no comportamento.

Os Hyundai passaram a ter garantia de sete anos sem limite de quilómetros e outros tantos de assistência em viagem.

Para ler o ensaio do Hyundai i30 N hatchback clique aqui

FICHA TÉCNICA

Hyundai i30 Fastback N 2.0 TGDI 275 cv

Motor: 1998 cc, turbo, injeção direta

Potência: 275 cv/6 000 rpm

Binário máximo: 353 Nm/1 450 – 4 700 rpm

Transmissão: caixa manual de seis velocidades

Aceleração 0-100: 6,1 s

Velocidade: 250 km/h

Consumos: média – 8,2; estrada – 7; urbano – 12,1

Emissões CO2: 188 g/km

Bagageira: 450/1 351 litros

Preço: 45 722 euros