É anunciado como o modelo que abre novo e ambicioso ciclo de produto na Mazda, desenvolvendo princípios a que o público se habituou. E a nova geração do Mazda 3 promete. Uma experiência ao volante do Sedan com a motorização Skyactiv 1.8 D deixou boa impressão quanto à dinâmica e à economia de um automóvel que “cresceu” muito bem. Custa 30 300 euros.

Parece-me que não pode agora falar-se de familiares com três volumes na medida certa sem considerar o Mazda 3 Sedan. Espaço, habitabilidade, boa mala, conforto e aí temos a primeira parte de uma receita que está, seguramente entre as mais equilibradas do segmento.

A segunda metade da receita e que lhe apura o sabor, tem que se lhe diga, neste momento, pois está relacionada com a motorização Diesel, escolha que alguns começam a pôr em causa. Mesmo com um bloco 1.8 é fácil baixar dos 5 litros aos 100, e considerar os 4,5 como média normal. Na autoestrada, dentro dos limites, consegui, naturalmente, ler 4,7 no computador de bordo, variando o tipo de percurso os números estabilizavam nos 4,9 e só quando “convidei” este Mazda 3 a mostrar tudo aquilo que vale numa utilização que pouco tem a ver com o quotidiano ao volante de qualquer chefe de família cheguei aos 6 litros – a média do combinado indicada pela marca.

Um salto significativo este Mazda 3 Sedan com o Skyactiv 1.8 Diesel. Dinâmica convincente, despachado q.b. e económico, habitabilidade razoável e boa mala conta ainda com um pacote de equipamento interessante e um preço competitivo

Serviu a experiência, que a maioria nem nunca fará, para valorizar outro aspeto, a excelência da dinâmica do familiar nipónico. Este é um três volumes que “enrola” na proporção certa das curvas, exibe desenvoltura e faz, em quarta e quinta o que muitos não permitem sem calafrios, mostrando eficácia que eleva a sensação de segurança a parâmetros elevados. Um automóvel com conta, peso e medida mesmo sem uma direção muito direta, o que nem impede de o sentirmos respeitador e bem mandado. Registe, de todo o modo, uma suspensão algo seca, pormenor que os passageiros do banco traseiro vão assinalar.

É claro que o Diesel, hoje, é sempre escolha para muitos já controversa, ainda que não sobrem dúvidas de que estas motorizações estejam para durar muitos e bons anos, se não houver uma revolução – e parece difícil mesmo que continuem a aumentar as vendas dos motores a gasolina e haja cada vez mais híbridos, Plug-in e modelos cem por cento elétricos. Mas essa não é discussão para aqui…

Agradável de conduzir

Ora, este motor é de uma grande agradabilidade de condução, o binário (270 Nm) ajuda e o crescendo do motor na resposta ao acelerador permite que se atinjam andamentos significativos com facilidade. É aquela alma que, por exemplo, facilita as ultrapassagens e faz desta versão do Mazda 3 Sedan, que não é uma máquina, atenção, um belo rolador, ainda por cima num ambiente em que o ruído de marcha marca pontos quando nos lembramos de que debaixo do capô está um motor Diesel. Bom trabalho na insonorização.

A caixa manual de seis velocidades é muito agradável e a travagem, nem por ter caraterísticas de progressividade deixa de cumprir bem o seu papel, atendendo à relação peso/potência e à filosofia de um familiar.

A imagem deste Sedan é moderna, as linhas simples e fluídas e as dimensões – tem 4,66 metros –  associadas aos três volumes fazem pensar num automóvel maior, e há até quem  pergunte se é um Mazda 6… As proporções são equilibradas e favorecem a ideia de solidez de um automóvel que está muito bem ligado ao solo. As óticas “laminares” e bem rasgadas dão-lhe um toque de vanguardismo. Um estilo que não andará longe do consensual para a opção três volumes.

Qualidade evidente

O interior é um exercício de minimalismo bem conseguido. Curiosa a forma do tablier feito de sobreposições e rematado por uma espécie de ”tampa” que deixa um espaço para receber numa “bolsa” o ecrã central de 8,8 polegadas, horizontalizado e sempre comandado pelo prático botão na consola. Esta disponibiliza muito espaço para arrumação e inclui uma grande caixa sob o apoio de braços. Registo para o facto de não haver plástico no tablier, apenas no forro das portas. E boa nota para a qualidade percebida e para a construção.

A instrumentação é simples, só o velocímetro é digital, mas nesta versão não falta o head-up display por projeção no para-brisas. O grafismo do ecrã central é vulgar e o sistema não impressiona do ponto de vista da intuitividade.

Habitabilidade em plano razoável, bancos dianteiros com bom apoio, todas as regulações e boa posição ao volante fácil de conseguir. Atrás, sem surpresa, tudo é melhor para dois.

Quanto à bagageira, pena o grande desnível para o fundo e a altura de entrada. Os bancos rebatem na proporção 60×40 através de dois puxadores na parte superior da moldura da bagageira. Prático!

Em termos e equipamento, a versão Evolve conta, designadamente, com ar condicionado automático, volante multifunções em pele, travão de mão elétrico, activa driving display projetado no para-brisas, radar cruise control, sistema de manutenção em faixa, detetor de ângulo morto, reconhecimento de sinais, compatibilidade Android/CarPlay, navegação, retrovisores automáticos, sensores de luz e de estacionamento traseiro, jantes em liga de 16 polegadas. Os LED diurnos são um inesperado extra, numa lista que pode propor câmara de estacionamento, chave inteligente e luzes adaptativas em LED.

Um salto significativo este Mazda 3 Sedan com o Skyactiv 1.8 Diesel. Dinâmica convincente, despachado q.b. e económico, habitabilidade razoável e boa mala conta ainda com um pacote de equipamento interessante e um preço competitivo.

FICHA TÉCNICA

Mazda 3 CS 1.8 Skyactiv-D 116 cv

Motor: 1759 cc, diesel, injeção directa, start/stop

Potência: 116 cv/4000 rpm

Binário máximo: 270 Nm/1600-2600 rpm

Transmissão: caixa manual de seis velocidades

Aceleração 0-100: 10,3 segundos

Velocidade máxima: 199 km/h

Consumos: combinado – 6 l/100; média velocidade – 4,8; baixa velocidade – 5,1

Emissões CO2: 130 g/km

Bagageira: 405/1105 litros

Preço: 30 306 euros