É o primeiro B-SUV elétrico e faz honras ao tradicional conforto francês. São 136 cv de potência e uma bateria de 50 kW para uma autonomia que poderá chegar aos 320 quilómetros. Um elétrico interessante o DS 3 Crossback E-Tense que chega a Portugal com preços a partir dos 41 mil euros.

Construído sobre uma plataforma multienergias, a  CMP utilizada também do 208 e no Corsa, e apta a receber também os motores térmicas, este DS 3 tem as baterias arrumadas em H, solução que permite não penalizar a bagageira e a habitabilidade. Neste aspeto, porém, nem tudo é igual, pois há menos espaço para os pés de quem se senta no banco traseiro.

Compromisso interessante para os adeptos dos automóveis elétricos este DS 3 Crossback E-Tense que tem as formas e o conforto como argumento para a diferença. Os 320 quilómetros de autonomia não surpreendem, as prestações são aceitáveis, o preço é concorrencial

A DS reivindica a experiência da Fórmula E para a maximização de economia,  nomeadamente através do recurso a uma bomba de calor que otimiza a temperatura de funcionamento da bateria. Depois, é o recurso a três modos de condução: Sport, aquele em que se beneficiam dos 136 cv e é bem superior o consumo; Normal, a opção que reduz a potência para 109 cv; ECO, o modo da diferença em termos de economia, bem sensível quando em utilização com a potência reduzida a 100 cv – é a noite e o dia para a opção mais performante!

Como é habitual, não falta no seletor o modo Brake que aumenta a desaceleração (no caso 1,3 m/s), e tanto que, mesmo nas descidas íngremes, sentimos a necessidade, para não admitir a paragem, de aconchegar o acelerador, o que nos revela uma surpresa: ainda assim é possível manter a bateria em carga.

Três automóveis num só

Fica claro que são quase três carros distintos que vamos encontrar ao volante do DS 3 elétrico, um SUV vivo q.b. no modo Sport, com aquela aceleração própria do binário de um elétrico (8,7 segundos de 0 a 100 e 150 km/h em velocidade de ponta), mesmo que sejam só 240 Nm; depois o rolador honesto na opção Normal; e, enfim, o elétrico que nos convida a desafiar a autonomia e a procurar aproveitar todas as oportunidades para dar mais um “cheirinho” de carga à bateria.

O que significa tudo isto na prática  em termos de consumos? Pois bem, em autoestrada a 120 km/h, mesmo em modo ECO, 20,3 kW/h e, no geral, para 171 quilómetros, com um pouco de tudo 17,3. Arranquei com 260 quilómetros de autonomia, cheguei com a indicação de ter carga para mais 70. Não é daqueles em que se “stressa” mais a olhar o nível da carga…

Como de costume, é uma questão de fazer contas, também tendo em consideração que o DS 3 tem a bordo um carregador de 11 kW e daí numa tomada caseira serem precisas 13 horas para levar a bateria aos cem por cento. A DS, para já oferece, aos clientes particulares, uma Wall box de 7,4 kw que permite reduzir a operação a sete horas e meia.  A carga rápida, num posto de 100 kW, garante 80 por cento da capacidade em 30 minutos. São fornecidos se série os dois cabos que permitem a ligação a todas as tonadas existentes no mercado.

Bom pisar completa conforto do silêncio

A condução, já se sabe, é agradável. Ao conforto do silêncio – potenciado por um trabalho ao nível do isolamento acústico (painéis das portas e vidros mais espessos), já que quanto mais o silêncio, mais audíveis se tornam os ruídos por mínimos que sejam – acresce aquele pisar confortável que é imagem de marca. De todo o modo, nos maus pisos, o eixo traseiro, que não é o mesmo da versão térmica, tem tendência para “queixar-se” e  fazer-se ouvir.

Quanto ao comportamento, a colocação das baterias e a alteração do centro de gravidade, favorece a estabilidade do DS 3 E-Tense, muito “civilizado” e assertivo a curvar e, apesar da macieza da suspensão, firme o suficiente para resistir às transferências de massas nas zonas mais ziguezageantes sem incomodar os passageiros, se a tentação for a de usar a condução adequada ao modo Sport… Convincente.

Do ponto de vista estético, a diferença para as versões térmicas distingue- se-pela grelha antracite e uma frente com o envolvimento das chamadas DS Wings e em que se destaque ainda, ao meio do capô, o emblema da família DS elétrica – E-Tense.. Os pára-choques traseiros são diferentes e pode haver jantes de 18 polegadas, que conferem outra presença ao automóvel.

O resto que se conhece e muito equipamento

De resto, um DS com personalidade muito própria e aquele pormenor mais bizarro da chamada barbatana de tubarão (herança do DS 3 de duas portas) que “sobe”, abruptamente, pela porta traseira, conferindo-lhe peso desmedido, além de roubar luz e área vidrada aos passageiros da retaguarda. O apêndice, para não ser só isso, alberga os tweeters traseiros…

Num interior, o peso do mundo digital, envolvido naquele tablier original com o curioso entrelaçado de losangos estilizados a partir da sigla da marca e que integram os comandos táteis e a s saídas de ar. Como é natural o E-Tense conta com um painel de instrumentos específico e software diferente no ecrã multifunções. A conetividade permite também uma série de operações a partir do telemóvel, como programar uma viagem, ligar a climatização ou adequar o carregamento aos melhores horários em função do preço da energia.

A consola segue a lógica habitual nos DS incluindo os comandos dos vidros, o que faz sempre alguma confusão e vai exigir hábito. Comando dos modos de condução e do travão de parque elétrico estão igualmente integrados. O botão de ignição está em frente, ao meio – uma originalidade…

De tudo isto, em ambiente simpático e acolhedor, bom nível de qualidade, resulta excelente posição de condução, elevada como é comum, e com as regulações suficientes no banco e no volante. A largura é frente afigura-se razoável, já a habitabilidade traseira fica-se pelo razoável, ainda que convenha lembrar estarmos face um SUV do segmento B. Espaço para as pernas e para conforto de um passageiro mais alto afina por cotas vulgares.

Como nas versões térmicas, a tentação Premium associada à DS impõe um nível de equipamento superior. Guiei uma versão Grand Chic que conta com faróis matriz LED, travagem de emergência, detetor de ângulo motor, retrovisores aquecidos, ajuda ao estacionamento, acesso mãos livres, head-up display, jantes de 18 polegadas além de tudo quanto é comum, como a climatização automática ou um volante multifunções.

Compromisso interessante para os adeptos dos automóveis elétricos este DS 3 Crossback E-Tense que tem as formas e o conforto como argumento para a diferença. Os 320 quilómetros de autonomia não surpreendem, as prestações são aceitáveis, o preço é concorrencial.

Para saber mais sobre a família DS 3 Crossback clique aqui.

FICHA TÉCNICA

DS 3 Crossback E-Tense

Motor: elétrico, síncrono com íman permanente

Potência: 100/136 cv

Binário máximo: 260 Nm

Transmissão: velocidade única

Bateria: 50 KWh, iões de lítio

Aceleração 0-100: 8,7 s

Velocidade máxima: 150 km/h

Emissões CO2: 0 g/km

Bagageira: 350 litros

Tempos de carga: a 100 por cento –  ficha normal, 13 h; wall box monofásica de 7,4 kw, 7h30; Wall box trifásica de 11 kW, 5h: a 80 por cento (carregador rápido de 100 kW), 30m

Preço: versão ensaiada Grand Chic, 45 900 euros; desde, 41 000 euros